Conheça um tipo de hot rod que é feito mais para “aparecer” do que para “acelerar”
Texto: REDAÇÃO
Bubble Tops
No início da década de 1960, um novo tipo de hot rod surgiu, inovador e exuberante: os “bubble tops”. Sua característica principal era o teto transparente e em forma de bolha (“bubble top”). A escolha do teto transparente era apenas por motivo estético. O objetivo era ser inovador e exótico. E chamar a atenção do público nas exposições. A inspiração vinha das coberturas transparentes das carlingas de aviões de caça. Essas coberturas eram feitas de acrílico, mais precisamente de “Plexiglass”. Esse material foi patenteado em 1933 por uma indústria alemã e passou a ser largamente empregado na indústria aeronáutica.
O primeiro “hot rod bubble top” foi construído no ano de 1960 pelo lendário californiano Ed Roth. Batizado de “Beatnik Bandit”, esse hot rod tinha uma carroceria conversível feita de fibra de vidro. No lugar do teto, Ed instalou um teto em forma de bolha feito de acrílico transparente. Usava motor e chassi com entre-eixos encurtado de um Oldsmobile da década de 50. O carro era controlado por uma alavanca central única que centralizava várias ações: acelerar, frear e fazer curvas. Ed exibiu o Beatnik Bandit nos shows automotivos pelos Estados Unidos e o veículo se tornou tão famoso que a fabricante de miniaturas Revell, no começo da década de 60, passou a produzi-lo em forma de kit na escala de 1/25. Com o sucesso do Beatnik Bandit, Ed Roth construiu nos anos seguintes outros hot rods com teto de acrílico.
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Em 1962, Ed Roth construiu o Mysterion. Inspirado nos carros de arrancada da época, usava dois motores Ford V8, um ao lado do outro. Esse modelo se perdeu com o passar dos anos, mas um admirador do trabalho de Ed Roth construiu há alguns anos uma réplica do modelo.
Em 1964 foi a vez do Orbitron. Era equipado com um motor V8 que teria sobrado de um Chevrolet 1955. Era inspirado nos “slingshot”, um tipo de carro de arrancada em que o piloto fica atrás do eixo traseiro. O Orbitron havia se perdido até que, em 2007, foi localizado no México em mau estado e com partes faltantes. O modelo retornou aos Estados Unidos e passou por uma restauração criteriosa que lhe restituiu o antigo esplendor. Ed Roth criou outros modelos com teto de acrílico com motor traseiro do tipo boxer e até modelos com motores de motocicleta, mas esses não eram hot rods.
Assim como na moda, as tendências de estilo dos hots vão e voltam. Recentemente houve a aparição de novos construtores de modelos com o teto em bolha. Todos como um tributo a Ed Roth.
Em 2001, o norte-americano Mark Moriarty, fã de carteirinha de Ed Roth, decidiu criar um carro com as mesmas técnicas usadas por Big Daddy (apelido de Ed que significa “grande pai”). Mark e alguns amigos criaram um modelo do carro usando gesso, tal qual Ed usava. O gesso era barato e fácil de trabalhar. Uma vez pronto, o modelo foi todo coberto com fibra de vidro e resina poliéster. Depois todo o gesso do modelo foi quebrado e retirado de dentro da peça de fibra de vidro. A peça de fibra de vidro que sobrou era a própria carroceria pronta. Depois dessa peça irregular ser toda alisada, ela recebeu uma pintura branca com detalhes em lilás e purpurina. O motor escolhido foi um Buick V8 de 3,5 litros equipado com um compressor e seis carburadores. O resultado final, batizado de “Futurian”, parecia ter saído de uma máquina do tempo ajustada no ano de 1961!
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Em 2008 surgiu o Atomic Punk, construído por Aaron Grote. Em vez de fibra, uma carroceria de metal foi criada e nela enxertada a traseira de um Plymouth 1959. O estilo do carro ficou perfeito e Big Daddy com certeza aprovaria! O motor era um Chrysler Hemi de 6,4 litros com oito carburadores!
A ideia básica de Ed Roth foi além dos hot rods e vários carros grandes do estilo custom também receberam o teto bolha a partir da década de sessenta.
Ed Roth faleceu em 2001, mas sua obra ficou e continua a influenciar a cultura automotiva.
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