Cord 810 1936 convers\u00edvel foi um dos modelos mais exclusivos e inovadores da ind\u00fastria americana nos anos 30 e \u00e9 considerado uma joia rara pelos colecionadores<\/em><\/strong><\/p>\n

Texto: Fl\u00e1vio Faria
\nFotos: Ricardo Kruppa<\/em><\/p>\n

A hist\u00f3ria da ind\u00fastria automobil\u00edstica tem diversos personagens pouco conhecidos do p\u00fablico, mas que tiveram uma grande import\u00e2ncia pela sua capacidade de inovar ou de criar projetos diferentes, \u00e0 frente do seu tempo. O modelo desta reportagem, de propriedade do empres\u00e1rio Jo\u00e3o Alexandre de Abreu, de 50 anos, propriet\u00e1rio da Powertech, de Curitiba, \u00e9 um desses \u201cagentes inc\u00f3gnitos\u201d da hist\u00f3ria, admirado pelos conhecedores, mas quase desconhecido do p\u00fablico em geral, principalmente pelos brasileiros.<\/p>\n

Inovador e exclusivo <\/strong><\/p>\n

Constru\u00eddo pela Cord Auburn Automobile Company, o Cord 810 foi mostrado ao p\u00fablico em 1935, mas apenas no meio do ano seguinte chegou \u00e0s lojas. O perfil exclusivo do carro, suas linhas modernas para a \u00e9poca e o conjunto mec\u00e2nico bem projetado faziam do 810 o esportivo da \u00e9poca. A grande sacada do projeto \u00e9 que o 810 foi um dos primeiros carros da hist\u00f3ria com tra\u00e7\u00e3o dianteira. Al\u00e9m disso, o modelo trazia mordomias que seriam impens\u00e1veis nos carros da \u00e9poca, como para-brisa el\u00e9trico com velocidade vari\u00e1vel, r\u00e1dio AM como equipamento padr\u00e3o e painel completo, inclusive com contagiros. Quando chegou \u00e0 Powertech, o estado geral\u00a0 do carro era muito bom, conforme Rubens Fiorentino Junior, funcion\u00e1rio da empresa entrevistado por Hot Rods.<\/p>\n

\u201cO carro chegou praticamente pronto de lataria. A parte mec\u00e2nica foi toda revisada e o motor foi totalmente refeito. Este \u00e9 um carro muito raro at\u00e9 nos EUA e achar pe\u00e7as para sua restaura\u00e7\u00e3o \u00e9 um verdadeiro desafio\u201d, conta o funcion\u00e1rio, que teve de suar a camisa junto \u00e0 equipe da Powertech para encontrar as pe\u00e7as necess\u00e1rias. \u201cTivemos de procurar clubes e colecionadores especializados para conseguir detalhes como emblemas, por exemplo\u201d, explica. O fato de ser um convers\u00edvel torna o trabalho ainda mais complicado. \u201cEra um modelo muito exclusivo, comum de ser visto sendo dirigido por estrelas de Hollywood\u201d, comenta Rubens. A preocupa\u00e7\u00e3o da oficina foi apenas de manter o carro com o aspecto original, at\u00e9 por uma quest\u00e3o de valor.<\/p>\n

Por isso, pintura, capota e at\u00e9 as rodas s\u00e3o originais do modelo, que possui placa preta. Uma parte interessante do carro \u00e9 que os far\u00f3is s\u00e3o escamote\u00e1veis, algo que s\u00f3 se voltaria a ver em um autom\u00f3vel depois da d\u00e9cada de 60. Por dentro, tamb\u00e9m tudo original. Um detalhe curioso \u00e9 que o c\u00e2mbio, na coluna, tem acionamento el\u00e9trico por meio de uma alavanca no meio do painel. O design do interior tamb\u00e9m \u00e9 bastante diferenciado do que se costuma ver. Os instrumentos originais vieram funcionando e n\u00e3o precisaram ser restaurados.<\/p>\n

Avi\u00e3o de rua <\/strong><\/p>\n

Por baixo do cap\u00f4 do Cord est\u00e1 um verdadeiro motor de avi\u00e3o. Ou quase. O dono da Cord Auburn Automobile Company, fabricante do modelo, era envolvido com avia\u00e7\u00e3o, o que influenciou muito o design do carro e, principalmente, o seu motor. O modelo seguinte ao desta reportagem, de 1937, saiu equipado com blower original de f\u00e1brica. Esse equipamento, at\u00e9 ent\u00e3o, era uma novidade absoluta em autom\u00f3veis, e foi trazido da tecnologia militar aeron\u00e1utica, utilizada em larga escala nos avi\u00f5es de alta performance, como os ca\u00e7as militares. O propulsor que equipa o 810 n\u00e3o tem blower, mas \u00e9 um dos flatheads mais fortes j\u00e1 produzidos em larga escala.<\/p>\n

Projetado pela Lycoming, o modelo tem 4.7 l de cilindrada e rende 125cv de pot\u00eancia, enquanto outros propulsores da \u00e9poca rendiam entre 60 e 100cv, no m\u00e1ximo.\u00a0 A maneira como o escape foi constru\u00eddo originalmente tamb\u00e9m \u00e9 muito curiosa. A sa\u00edda \u00e9 por cima, o que diminu\u00eda o problema de superaquecimento do sistema, algo que acontecia muito com os flatheads da Ford.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, ainda d\u00e1 um visual muito diferente e agressivo ao conjunto. O fato de ter tra\u00e7\u00e3o dianteira ajuda muito na estabilidade e, segundo Rubens, o carro \u00e9 muito gostoso de andar e tem uma boa pot\u00eancia. Segundo ele, o carro \u00e9 utilizado sempre, mas com muito carinho. Afinal, trata-se de um modelo muito especial. \u201cEle \u00e9 usado esporadicamente aos finais de semana, principalmente em eventos. Inclusive ele ganhou pr\u00eamios em Lindoia\u201d, comentou. Perguntado se teria coragem de vender um modelo t\u00e3o raro e especial quanto este, Rubens arrisca: \u201cNa verdade, \u00e9 bem dif\u00edcil recusar uma boa oferta. Quem sabe?\u201d, brincou.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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