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Construir um bom hot rod \u00e9 trabalho para detalhistas. Op\u00e7\u00f5es aparentemente irrelevantes no projeto podem fazer a diferen\u00e7a no resultado final, para quem quer ter um carro com apelo diferenciado. E de projetos diferenciados o propriet\u00e1rio deste Ford entende. Designer de profiss\u00e3o, o paranaense Norton Bisetto j\u00e1 trabalhou em grandes projetos da ind\u00fastria automobil\u00edstica nacional, em uma \u00e9poca em que surgiam modelos ousados, baseados nos carros feitos em s\u00e9rie. \u201cFui desenhista na Alfa Metais Ve\u00edculos, que produzia os modelos Puma em Curitiba. Participei inclusive de projetos como o Puma AM3 e o redesenho do AMV, antigo GTB\u201d, conta. Sem d\u00favida, \u00e9 um belo curr\u00edculo.<\/p>\n

O projeto deste Ford foi ao encontro de um velho sonho de Norton. \u201cSempre quis criar um carro que fosse meu. Acabei encontrando um velho motor V8 Y-block encostado em casa e\u00a0 le foi o empurr\u00e3o que faltava para eu come\u00e7ar a trabalhar neste carro\u201d, diz.<\/p>\n

A ideia de Norton era montar um carro que fosse, como define o propriet\u00e1rio, \u201cPeriod Correct\u201d. Por isso muito pouco do que foi utilizado no carro \u00e9 contempor\u00e2neo. \u201cS\u00f3 a suspens\u00e3o e a igni\u00e7\u00e3o eletr\u00f4nica s\u00e3o modernos. Todas as outras pe\u00e7as s\u00e3o, no m\u00e1ximo, da d\u00e9cada de 60\u201d, comenta. O chassi \u00e9 uma r\u00e9plica do Ford 32, que foi retrabalhado para suportar as tor\u00e7\u00f5es comuns de um conjunto mec\u00e2nico com pot\u00eancia maior do que a original. A carroceria \u00e9 uma r\u00e9plica do Ford 31 \u201ccinco janelas\u201d. A escolha pela cobertura em fibra tem um significado.<\/p>\n

\u201cO projeto que eu tinha em mente possu\u00eda essa carroceria, mas achar um Ford 31 deste modelo em lata \u00e9 uma miss\u00e3o muito dif\u00edcil, por isso decidi utilizar a fibra\u201d, conta. Este detalhe, por\u00e9m, s\u00f3 pode ser percebido por quem olha o carro bem de perto. Com um estilo de hot \u201cperdido no tempo\u201d, como define o propriet\u00e1rio, \u00e9 dif\u00edcil n\u00e3o achar que se trata de uma carroceria original. Uma curiosidade: Norton n\u00e3o gosta de utilizar o termo \u201crat\u201d. Segundo ele, seu objetivo era fazer um carro que aparentasse ter ficado muito tempo esquecido, guardado em uma garagem, o que os americanos chamam de \u201cbarn finded\u201d ou \u201cachado em um celeiro\u201d. As rodas s\u00e3o originais do Ford Galaxie 67 na dianteira e do Cadillac na traseira, montadas em pneus de faixa branca Firestone nas medidas 6.70 na dianteira e 8.20 na traseira.<\/p>\n

Por dentro, impera o visual minimalista, bem no estilo \u201cold school\u201d. Segundo Norton, ele queria fazer um modelo inspirado nas estiliza\u00e7\u00f5es dos anos 50. \u201cFiz no estilo 50\u00b4s, utilizando um painel \u201cmoderno\u201d do Ford 53, como faziam na \u00e9poca, e um banco original, com o desenho imitando o de um carro daquela d\u00e9cada. Ali\u00e1s, no carro inteiro, tudo foi feito para remeter aos anos 50 e 60\u201d, comenta o designer. O volante \u00e9 um verdadeiro puro-sangue da Ford, herdado de um Mustang. Os instrumentos s\u00e3o originais do painel 53, exceto pelo contagiros, que foi instalado no local onde ficava um rel\u00f3gio.<\/p>\n

Como dito acima, o conjunto mec\u00e2nico, encabe\u00e7ado por um propulsor Ford Y-block, foi o \u201cempurr\u00e3o\u201d que faltava para o designer come\u00e7ar o projeto. At\u00e9 por isso, o motor \u00e9 uma das partes mais prestigiadas do carro, bem exposta no cofre. Com 272\u201d, o propulsor atualmente rende 170cv de pot\u00eancia, isso por conta de um sistema de alimenta\u00e7\u00e3o dif\u00edcil de se ver por aqui. \u201cEm um leil\u00e3o muito concorrido na internet consegui um coletor leg\u00edtimo da Offenhouser, de 1957, para montagem de tr\u00eas carburadores\u201d, conta o orgulhoso propriet\u00e1rio, que adotou tr\u00eas carburadores Holley 94 para fazer a mistura ar-combust\u00edvel.<\/p>\n

O c\u00e2mbio \u00e9 de tr\u00eas marchas, herdado de um Galaxie. O eixo traseiro \u00e9 do Maverick GT, mas teve a rela\u00e7\u00e3o do diferencial encurtada. O escape tamb\u00e9m foi montado com um projeto cl\u00e1ssico, cujos abafadores podem ser retirados para dar mais f\u00f4lego ao motor. Com esse escape, \u00e9 poss\u00edvel rodar no \u201cmodo urbano\u201d, mais silencioso, e no \u201cmodo arrancada\u201d, com o 272\u201d gritando alto. Morador da pequena cidade de Imbituva (PR), Norton utiliza o carro praticamente no seu dia-a-dia.<\/p>\n

\u201cEssa \u00e9 a vantagem de morar no interior, eu pego at\u00e9 um pouquinho de estrada\u201d, comenta. Segundo ele, seu plano agora \u00e9 terminar sua F-100 1965, feita com pintura fosca. \u201cEstou fazendo este carro para rebocar o 31, bem no estilo \u201cBonneville\u201d, planeja o feliz propriet\u00e1rio.<\/p>\n