Trabalho de artista em carroceria de fibra dá ares de “cansaço” a picape que acabou de sair da oficina

Texto: Ademir Pernias
Fotos: Ricardo Kruppa

Se você é leitor fiel de Hot Rods, deve ter acompanhado, nas duas edições anteriores, o passo-a-passo completo da construção da picape Ford 1931 exibida agora em todos os seus detalhes. Cinco meses após ter sido assinada a “ordem de serviço” para os rodders da Garage Old School pelo empresário Ruy Drever, da Pretorian Hard Sports, a picape saiu do estaleiro e foi entregue ao cliente, que pretende utilizá-la, inclusive, como carro-show de sua empresa. À primeira vista, parece que a picape é um modelo original da década de 30, utilizada até o limite em alguma cidade do interior dos Estados Unidos. Maltratada pelo tempo, desgastada pelo trabalho pesado e vítima da ferrugem que corrói até sua alma… Ledo engano. O visual “rat” foi obtido graças a um trabalho minucioso de “envelhecimento”.

Até porque a corrosão não ataca a fibra de vidro, material de que é feita a carroceria desta “velha senhora”. E é exatamente aí que reside o charme e o diferencial do trabalho mostrado nesta reportagem. Os efeitos da suposta “ação do tempo” foram obtidos pelas mãos do artista André Rossanezi, da oficina Studio A, de Águas de Lindoia (SP), também autor dos pin-stripings e letreiros da carroceria. “Mesmo rodders experientes duvidam quando digo que a “lata” não é lata, e sim fibra”, garante André.

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A construção

O chassi original de um Ford 1929 foi boxeado e preparado para pintura, em PU preto brilhante. Após receber a carroceria em fibra fabricada pela Lakester, a picape recebeu a frente (colete, grade e faróis) original de um Ford 1932, mais “estilosa”, na opinião dos rodders que executaram o serviço. O teto foi rebaixado em 5” em relação ao modelo original, as maçanetas foram extirpadas e a tampa do capô retirada, para deixar à mostra o conjunto mecânico.

As rodas são da F-75, de 15” na dianteira e originais da perua Veraneio de 16” na traseira, calçadas com pneus Pirelli 7.10 aro 16” na traseira e 5.0 aro 15 na dianteira. A suspensão dianteira, original do Ford 1932, recebeu amortecedores, jumelos e suportes para amortecedores da marca Socal. Na traseira foi adotado diferencial importado da GM, com coil over. Na dianteira e na traseira foram utilizados tensores originais do modelo 29 da Ford. A pedido do proprietário, a picape ficou mais alta, para permitir andar no dia-a-dia com mais conforto e estabilidade e Coração de ferro Para movimentar a picape, foi eleito um propulsor Ford Y block de 312”, extraído de um Mercury 1956, mesmo doador do câmbio. A alimentação é feita por um carburador Edelbrock de 600 cfm, com filtro da linha Billet. As tampas de válvula são cromadas. Como o veículo é relativamente leve, com cerca de 800 quilos, o motor de cerca de 225 cv é mais do que suficiente para impulsioná-lo.

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Todo conforto

Internamente, o efeito “largado” das portas e painel é um contraponto perfeito ao revestimento de laterais e bancos em couro bege e do carpete utilizado no assoalho e no teto. A coluna de direção é da americana Ididit. O volante é Lecarra, revestido com couro perfurado. Os instrumentos Dolphin foram instalados no painel com moldura da Billet Specialties. Para a trilha sonora nos passeios, um iPod é ligado diretamente a um amplificador Corzus, que envia o som para alto-falantes escondidos sob o painel. O conjunto de pedais é da marca Socal.

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É na caçamba

O compartimento de carga foi revestido de madeira clara, tratada com betume na tonalidade de nogueira. Ali estão acomodados um compartimento de aço para abrigar a bateria, o reservatório de fluido de freio e o bocal da tampa de combustível, armazenado em um tanque de 45 litros doado por uma Kombi. As lanternas traseiras são originais do Ford 1937. No local do vidro da janela traseira da cabine, foi aplicada uma chapa de aço perfurada. O resultado do trabalho é um misto de rat e nostálgico na medida certa para  agradar aos mais exigentes fãs do movimento hot rod. Diante desta picape, você diria que faz alguma diferença se a carroceria é de lata ou fibra?

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