A experiência mostra que é preciso conhecer todos os lados de Vegas, esse multifacetado paraíso sobre a terra. Depois do museu de néon, uma sugestão de passeio um pouco fora do eixo e uma que, de tão popular, acaba afastando os mais ousados
Texto: Victor Rodder
Fotos: Divulgação
Las Vegas
Nesta segunda e última parte do artigo sobre a capital do entretenimento adulto dos Estados Unidos, começo recapitulando a edição do mês passado. Minha promessa foi apresentar aos leitores três programas incríveis em Las Vegas. Na primeira parte falei sobre o Museu de Néon de Vegas, também conhecido como o “Neon Boneyard”. E agora é a vez das outras duas atrações.
Como já disse, Vegas tem milhares de atrações, shows, espetáculos, museus… E alguns lugares acabam ficando um pouco fora do eixo, ou, de tão populares, acabam afastando os mais ousados. Mas a experiência mostra que, às vezes, é preciso conhecer todos os lados desse multifacetado paraíso sobre a terra.
A segunda atração: Red Rock Canyon
Se você deu uma acelerada nos últimos dias, exagerou na festa e andou trocando o dia pela noite, que tal um passeio pela abundante natureza que circunda a cidade do pecado? Que tal conhecer os canyons da região? E, melhor, sem ter que enfrentar horas de carro até o Grand Canyon.
Pois aqui vai a dica: localizado a menos de 30 minutos de carro do centro de Vegas, essa reserva natural oferece uma estrada panorâmica, onde é possível admirar uma das partes mais incríveis do deserto. São formações rochosas esculpidas pelo vento, falésias avermelhadas que alcançam 3.000 pés, rochas púrpuras de arenito e uma abundante vida selvagem.
A entidade responsável pela organização e manutenção do parque é a Red Rock Canyon Interpretive Association. E nessa área de conservação a natureza foi generosa. São 19 pontos de trilhas e observação, ligados por uma única estrada de mão única (o que pode parecer bobagem, mas é muito útil, já que as distrações pelo caminho são muitas), a Loop Scenic Drive. Alguns lugares oferecem belas cascatas, outros uma vista de tirar o fôlego, e é até possível fazer o passeio a cavalo.
Mas se você é um “gearhead”, como eu, meu conselho é dar um pulo em uma das locadoras de carros especiais da cidade, escolher um pré-64 conversível, e passar um dia a bordo de uma máquina do tempo admirando a natureza da região. Se o bolso não permite 4 rodas, a opção é alugar uma Indian Chief! Faça uma pesquisa e veja que vale a pena.
O lugar é tão bacana que até de patinete a vista vale a pena. São cerca de 200 espécies de animais vivendo na região, incluindo burros e cavalos selvagens, coelhos, coiotes, carneiros selvagens, gaviões, águias douradas, beija-flores e, no centro de visitação, a famosa tartaruga Mojave Max, a mascote do programa de conservação de Clark County Desert.
Antes de começar o passeio, uma parada no Centro de Visitantes é muito útil. Lá, várias informações sobre o local estão disponíveis. Para nós, flora, fauna e até a geografia do Red Rock Canyon são muito atípicas. Flores silvestres inusitadas, plantas do deserto, como o tabaco coyote, cholla buckhorn, e a bíblica Joshua Three.
Red Rock é um lugar isolado, mas pertinho de Vegas. Não são tantos turistas se acotovelando ou embaçando sua foto, como acontece na Hoover Dam, Grand Canyon etc, e lhe proporcionará várias horas de tranquilidade e áreas de lazer se você precisa de uma pausa da loucura da Strip.
A terceira, última, e não menos importante dica que eu dou é algo completamente fora do circuito 50’s, rock and roll, gasolina, e um dos programas mais óbvios para quem vai a Vegas. Mas eu me impressionei tanto que tive que falar sobre ele.
O espetáculo KÀ do Cirque du Soleil
É difícil descrever a grandiosidade das atrações de Vegas, já que por lá tudo é superlativo. E esse show é, com certeza, um dos motivos que mantêm o nome da companhia canadense Cirque du Soleil nas alturas.
Montado dentro de um imenso teatro no MGM Grand Hotel, um dos maiores e mais famosos cassinos da cidade, o espetáculo reúne dança, música, artes marciais e até capoeira!
Numa noite despretensiosa, assisti a alguns dos feitos mais inusitados e vi os personagens desafiando a gravidade em rodopios no ar, acrobacias perpendiculares e aventuras aéreas. As paisagens teatrais criadas pelos efeitos especiais e um palco suspenso que se movia em praticamente todas as direções foram capazes de me tirar da poltrona e me levar para dentro de um império completamente desconhecido dentro do palco.
Os personagens ficam percorrendo esse palco durante todo o show, dando, às vezes, a impressão de que estão grudados no chão. Mesmo quando o palco está inclinado a 90º do solo!
Outro detalhe que impressiona é a produção do figurino. As roupas criadas por Marie-Chantale Vaillancourt são verdadeiras obras de arte. No anfiteatro do espetáculo, algumas peças estão expostas e pequenos textos dão conta de quão detalhista ela foi na escolha dos materiais e referências usadas.
Mas absolutamente todo o time de profissionais envolvidos naquele show é de uma grandeza ímpar. Nomes que ficam por trás dos holofotes e que devem ser citados: Guy Laliberté (fundador e guia criativo), Robert Lepage (roteirista e diretor), Guy Caron (diretor de criação), Mark Fisher (criador de objetos e do cenário), René Dupéré (compositor e arranjador), Jacques Heim (coreógrafo), Luc Lafortune (designer de iluminação), Jonathan Deans (designer de som), Holger Förterer (designer de projeções), Michael Curry (criador de marionetes), Patricia Ruel (cenógrafa e props designer), Jaque Paquin (desenho de rigging), André Simard (designer de acrobacias aéreas – é… eles têm isso!), Nathalie Gagné (maquiagem) e a especialmente linda e atenciosa Jenelle Jacks (marketing internacional e gerente de relações públicas).
No palco, são mais de 70 dançarinos de todos os cantos do mundo, que, embalados aos efeitos de som e luz de última geração, fazem valer cada centavo do ingresso.
Outras atrações
Vegas ainda tem uma infinidade de outras atrações mais “underground”, digamos assim, como coleções particulares de hot rods recentemente abertas para visitação e museus sobre testes com bombas atômicas que aconteceram na região (a obscura – mas real – área 51 fica ali do lado). Mas temos que salvar material para o ano que vem, quando o Viva Las Vegas chegará à sua 20ª edição e eu voltarei para lá! Então… Aguardem ou escrevam para victor.rodder@gmail.com
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