Conheça a atuação da poderosa entidade norte-americana SEMA – Specialty Equipment Market Association – e sua origem dentro do hot rodding
Texto: Aurélio Backo
Fotos: SEMA/Divulgação
Em 1963, um grupo de pequenos fabricantes de equipamentos para hot rods decidiu se organizar e criar uma associação. Como todos se dedicavam ao hot rodding, a associação foi batizada inicialmente “Speed Equipment Manufacturers Association” (Associação dos Fabricantes de Equipamentos de Velocidade). O objetivo era fortalecer o segmento que, no início da década de sessenta, ainda era “jovem” e pequeno.
As ações da associação seriam desenvolver padrões para seus equipamentos, divulgar os produtos entre os hot rodders, criar programas para fortalecer as práticas comerciais entre os associados e manter reuniões regulares buscando a unidade da organização.
Nos anos que se seguiram, o hot rodding se tornou uma indústria milionária. A SEMA, como um dos seus apoiadores, se tornou uma entidade com grande representatividade e importância. A associação se fortaleceu e englobou atividades relacionadas a acessórios e personalização automotiva, mudando seu nome para “Specialty Equipment Market Association” (Associação do Comércio de Equipamentos Especiais”). Sob as asas da SEMA afiliaram-se diversas atividades relacionadas ao negócio: fabricantes, distribuidores, pequenos e grandes revendedores, lojistas, representantes, imprensa especializada, equipes de competição e até clubes de automóveis. Atualmente a associação é formada por mais de 6.000 membros que movimentam nas suas empresas mais de 30 bilhões de dólares ao ano!
O evento máximo da SEMA acontece todos os anos na cidade de Las Vegas, no mês de novembro: o SEMA Show. Nesse ano o evento ocorrerá do dia 1º até dia 4 de novembro. Esse evento é específico para os profissionais da área e não é aberto ao público em geral. No ano passado atraiu mais de 60.000 profissionais ligados à área.
Os expositores são distribuídos em 12 categorias: hot rods, restauração de carros antigos, rodas e acessórios, ferramentas e equipamentos, pneus, competição, serviços, reparação, tecnologia e mobilidade, esportes motorizados e veículos utilitários, picapes, SUV’s e off-road, personalização e produtos para conservação automotiva.
Além dessas categorias, há um espaço específico para “novos produtos”. No ano passado, nesse espaço, mais de 2.500 partes, ferramentas e novos componentes foram exibidos. Prova da força do evento e do setor!
O SEMA Show seria uma ponta de “iceberg” se comparado ao trabalho constante dos 11 comitês que atuam dentro da associação. Cada um com um objetivo específico, que listamos abaixo:
HRIA (Aliança da indústria de hot rods): trabalha para assegurar o futuro e a prosperidade da indústria ligada ao hot rodding e monitoram a legislação e as regulamentações que possam afetar o segmento.
ARMO (Organização do mercado de restauração automotiva): dedicado a preservar e promover a indústria de restauração automotiva e monitorar a legislação e as regulamentações que possam afetar o segmento.
PRO (Organização dos profissionais de reestilização): organiza as ações do segmento de acessórios, atuando junto às revendas de carros, fabricantes, revendedores e instaladores de acessórios.
MPMC (Conselho dos fabricantes de partes para esportes motorizados): busca soluções para questões e desafios específicos do segmento, com crescimento e prosperidade constante, bem como monitoram as questões legislativas que afetem as competições.
MRN (Rede de representantes dos fabricantes): a missão desse conselho é manter um fórum dos fabricantes para que aumentem sua influência na indústria, explorem interesses e preocupações em comum, e elevem a imagem da categoria.
WTC (Conselho de rodas e pneus): a missão é identificar problemas em comum e oportunidades relacionadas à indústria de rodas e pneus especiais.
LTAA (Aliança dos acessórios para picapes leves): busca determinar e moldar o futuro do segmento, assegurando visibilidade e longevidade.
ETTN (Tendências emergentes e rede de contatos em tecnologia): esse conselho busca identificar e entender novas tendências e tecnologias para os membros da SEMA.
SBN (Rede das mulheres de negócios da SEMA): buscam estimular a rede de contatos, a educação e as oportunidades para o grupo feminino da SEMA.
YEN (Rede jovens executivos): dedicado aos jovens executivos da SEMA.
Comitê de Educação: dedicado a preparar a próxima geração de trabalhadores do setor automotivo ajudando a pagar a educação em universidades, colégios e escolas técnicas.
A SEMA fornece muitos serviços aos seus membros e ao segmento automotivo nos Estados Unidos. Talvez o mais importante seja o trabalho da associação em proteger o direito dos motoristas de dirigir carros com acessórios, personalizados e antigos. Para isso, acompanham de perto os legisladores do país quando esses pretendem criar leis que afetem os interesses do segmento. Por outro lado, a associação trabalha proativamente para criar leis que estimulem a atividade de seus associados.
Desde 2011, a SEMA trabalhou junto ao congresso norte-americano para que fosse aprovada uma lei chamada “Lei dos Fabricantes de Veículos em Pequena Escala”. Em 2015 essa lei foi aprovada. Ela permitirá que empresas construam e vendam reproduções de carros que se assemelhem a modelos com 25 anos ou mais. Esses serão carros prontos para uso e com número de identificação que permitirá o registro como um carro novo. A quantidade será limitada a 325 unidades ao ano por fabricante, para comercialização dentro do país, mais uma quota para exportação de 5.000 unidades!
O trabalho da SEMA mostra que nos Estados Unidos o direito de rodar com um hot rod sem para-lamas não caiu do céu. Exige organização e trabalho duro de clubes e associações. Fica clara a importância para nós, aqui no Brasil, de participar de clubes formalizados e que esses clubes se filiem à Federação Brasileira de Veículos Antigos. Pois somente com organização e representatividade poderemos manter e desenvolver o hot rodding e o antigomobilismo no Brasil.
*Matéria publicada na edição #136 da revista Hot Rods.