Conheça um pouco sobre o rodder Boyd Coddington, o responsável pela popularização de um estilo de se construir hot rods e componentes feitos a partir de blocos de alumínio
Texto: Aurélio Backo
Fotos: Divulgação
Boyd Coddington

Boyd Coddington faz parte de um grupo seleto de pessoas que deixaram uma marca no mundo do hot rodding. Nascido no estado norte-americano de Idaho, em 1944, Boyd, com apenas 13 anos, já comprou seu primeiro carro: uma Chevrolet picape 1931. Seu interesse por carros o fez seguir a profissão de torneiro mecânico. Ele começou a trabalhar nas oficinas da Disney, na Califórnia, e no seu tempo vago construía hot rods na garagem de sua casa. Pela qualidade do seu trabalho, Boyd deixou seu emprego e abriu, em 1978, a sua própria empresa: a Hot Rods by Boyd.
Em 1981 Boyd finalizou a construção de um hot rod que o tornaria famoso e mudaria o estilo dos hots por muitos anos. Esse carro era um Ford 1933 de três janelas de um cliente exigente e com recursos para bancar um carro “top”. Na construção do modelo, Boyd contou com a colaboração de profissionais de talento. Mas, para criar um carro que viria a se tornar um marco no hot rodding, ele contou com a colaboração de um profissional pouco comum no meio, um projetista de carros. Larry Erickson trabalhava na General Motors e, mais importante, gostava de hot rods.
Aos olhos de hoje, o carro não chamaria tanta atenção, mas, para a época, foi um divisor de águas. Externamente a carroceria era toda lisa (“smooth”) e com muitas alterações sutis, que visavam a melhorar as proporções do carro. No carro não havia detalhes cromados. O único detalhe que se sobressaía externamente eram os espelhos retrovisores. As rodas de alumínio eram uma grande novidade para a época: não eram fundidas, mas torneadas a partir de um bloco de alumínio.
Blocos esculpidos
No interior do carro mais detalhes em alumínio: mostradores do painel, pedais, puxadores de porta, retrovisor e suporte da coluna de direção. Todas essas partes eram feitas a partir de blocos de alumínio esculpidos por tornos controlados por computador. Esses tornos eram equipamentos de ponta na época, e permitiam a execução de peças complexas com bom custo. Vale lembrar que, nesses anos, os computadores eram ainda uma grande novidade.
Esse Ford 1933 colocou a oficina de Boyd nas alturas. O carro apareceu na capa de várias revistas e criou uma nova tendência para os hot rods. Esse estilo passou a ser chamado de “smoothie” (suave, liso), ou “high tech” (alta tecnologia). Alta tecnologia por conta das partes em alumínio feitas nos tornos computadorizados. Essas partes em alumínio passaram a ser chamadas “billet” – referência ao bloco de metal bruto.

Esses componentes em alumínio viraram uma febre entre os rodders americanos. E Boyd passou a produzir e a vender as inovadoras rodas “billet”. O processo automatizado permitia fabricar rodas exclusivas, de excelente qualidade a um preço razoável. Em 1988, com o sucesso das rodas, Boyd criou mais uma empresa, a “Boyd’s Wheels”.
Aluma Coupé
Sempre buscando a inovação, em 1992 Boyd expõe no Salão Internacional do Automóvel de Nova Iorque o Aluma Coupé. O modelo foi desenhado também por Larry Erickson e na sua construção contou com o suporte da montadora Mitsubishi. Seu desenho era uma releitura de um coupé, um dos modelos apreciados pelos rodders. O nome Aluma era uma referência à sua carroceria, toda feita de alumínio. A inovação se estendia à sua mecânica: o veículo usava motor Mitsubishi V6 transversal montado na traseira do carro. O Aluma causou um bom impacto, com ampla cobertura na mídia. Os mais puristas acharam que o carro tinha ido longe demais. Mas inovar, experimentar e fazer diferente sempre fez parte da cultura dos hot rodders.

Em 2004, Boyd colocaria os hot rods em um patamar ainda mais elevado. Nesse ano entrava no ar o programa de TV paga “American Hot Rod”. O próprio Boyd era o apresentador. Sempre usando uma camisa estilo havaiano, Boyd comandou a criação de vários hots dentro das suas empresas. O programa teve muito êxito e durou cinco temporadas, divulgando por todo o mundo essa cultura tão norte-americana.
Em 2008, infelizmente, Boyd veio a falecer devido a complicações em uma cirurgia. Tinha apenas 63 anos e deixou uma enorme contribuição para a cultura do hot rodding.