Vendedor de Curitiba adquire picape F-1 original da década de 50 e a transforma em um legítimo hot para realizar um sonho

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Picape F-1 1950

Quem espera sempre alcança, diz o ditado. Grande verdade, principalmente entre os apaixonados por hot rods. Ter de esperar aquela peça, aquele serviço do restaurador, ou até mesmo o carro dos sonhos, pode ser angustiante para aquele que quer logo dar uma volta com a sua paixão. Mas, às vezes, não tem jeito. Virtuoso na arte da paciência, o vendedor José Barreto de Souza, curitibano de 53 anos, já conhecia de perto a sua paixão, uma simpática Ford F-1 da década de 1950, antiga propriedade de um amigo dele.

“Durante três anos eu o importunei para conseguir comprar esta picape, e ele sempre dizia que ela seria minha, mas esta hora nunca chegava”, conta o vendedor. Em 2009 a espera chegou ao fim e, finalmente, o amigo liberou a venda, mas com uma condição. “Ele se disse apaixonado por um caminhão modelo F-8 e falou que eu precisaria achar um para ele. Como trabalho com vendas e viajo bastante, acabei encontrando um modelo exatamente como ele queria em uma cidade do interior. Comprei e fizemos a troca. Foi tudo tão fácil que eu acho que essa F-1 estava destinada a mim”, lembra José.

O carro chegou às mãos dele em 2009, original, e relativamente em bom estado. “Estava rodando, tinha algumas coisas para retocar na pintura e reparos para fazer, mas eu não queria uma F-1 original”, explica. Com isso em mente, iniciou-se o trabalho para transformar a picape em um hot rod de respeito. O primeiro desafio foi procurar um restaurador de confiança. “Queria encontrar um profissional que pudesse fazer com que o resultado ficasse bem próximo da minha expectativa”, explica. Em suas viagens, ele acabou achando a oficina Donivel, em Paranavaí (PR).

Gostou do trabalho de lá, mas tinha um inconveniente, ficava a 600 quilômetros de distância da sua casa. “Sempre que podia eu ia até lá dar pitacos no projeto. Essa distância causou até alguns momentos de stress com o pessoal da oficina, mas hoje em dia virou piada”, ri o proprietário. Opinião da patroa Uma parte importante do projeto foi a escolha da cor. José achava que a pintura bege original não dava o impacto que ele esperava de um hot, mas no fim das contas, não foi ele quem deu a palavra final.

“Quem escolheu foi a minha mulher. Quando o carro estava original ela não queria nem saber, mas conforme o projeto foi andando, ela foi dando opiniões, se envolvendo e hoje é uma grande apaixonada”, comenta, orgulhoso. A opinião da patroa se mostrou acertada e deu à F-1 um novo frescor. Pequenos detalhes externos fazem a diferença, como contornos em alumínio nas lanternas e no bocal do tanque de combustível. Acessórios externos foram importados, assim como as rodas, esportivas de 15” e cromadas. Também entraram na jogada pneus mais largos, nas medidas 295/60, que além do impacto visual ainda ajudam na estabilidade. As lanternas traseiras foram embutidas na carroceria, dando um visual mais moderno.

Luxo e conforto

Por dentro, tudo foi feito como manda o figurino, com o objetivo de trazer conforto ao casal. Os bancos são herdados de um Jeep Cherokee, por uma exigência muito particular da esposa. “Ela exigiu que eles fossem elétricos”, brinca o vendedor, que instalou os modelos e os revestiu em couro. O console central e o volante também foram adaptados e revestidos com o mesmo material. O sistema de som foi embutido para não atrapalhar no visual. A instrumentação toda tem visual clássico, de uma linha especial voltada para hot rods.

Hot mesmo

Por baixo do capô está um belíssimo propulsor de oito cilindros em “V” de 302 polegadas, um verdadeiro clássico da cultura Hot para projetos de picapes Ford. Original nos Marvericks GT, o 302” tem 5.0L de cilindrada e gera 200cv na sua configuração de fábrica. Mas como a ideia era ter um hot, nada mais justo que adquirir mais alguns cavalinhos para o haras. José então encaminhou a picape para a oficina RCR Preparações, onde os cabeçotes receberam polimento dos dutos para uma melhor passagem do ar. O motor também recebeu corrente de comando dupla e um novo carburador Holley Quadrijet de 600cfm de vazão. Esteticamente o motor também mostra porque é um hot de verdade, com tampas de cabeçote cromadas da Ford Racing e um coletor de admissão cromado.

O câmbio é manual, de cinco velocidades, e se relaciona bem com a potência do motor. “Ele tem uma aceleração bastante linear”, comenta o proprietário, que também mandou instalar freios a disco, para não ter problemas na hora de puxar os cavalos na rédea. Com essas mudanças e acertos, o carro hoje rende cerca de 300cv de potência, um número surpreendente para um carro que é usado no dia-a-dia.

“Ando com ela sempre aqui em Curitiba e sempre que posso faço pequenas viagens para encontros ou passeios com a mulher”, afirma o vendedor. Agora viciado em hots, o casal já comemora o segundo projeto. De uma F-1, claro. “Já tenho a cabine, para-lamas traseiros originais e documentos para uma Ford 1946 ‘Caveirinha’”, comenta empolgado. Perguntado se com o segundo projeto ele pretende vender a atual, ele não se arrisca a responder. “Eita perguntinha difícil”, brinca. Vendedor, sabe como é, né?

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