Modelo da Chrysler, que entrou em produção após ter sido lançado no Salão de Detroit como carro-conceito, foi fabricado entre 1997 e 2002

Texto: Aurélio Backo
Fotos: Divulgação

A receita tradicional para montar um hot rod é: uma carroceria da década de 1930, um motor potente, rodas esportivas e, para finalizar, uma cor vibrante! Esta receita tem sido usada por décadas por rodders ao redor do mundo, mas uma vez foi usada por uma grande montadora. O resultado? O Prowler, produzido pela Chrysler de 1997 até 2002. No Salão do Automóvel de Detroit de 1993, a Chrysler apresentou um carro-conceito que fez muito sucesso com o público: o Plymouth Prowler. Um carro- conceito é construído pelas montadoras para testar novas ideias e, principalmente, chamar a atenção do público.

Em geral as montadoras apresentam carros-conceitos para sugerir um carro do futuro. Mas o modelo apresentado pela Chrysler em 1993 mais parecia um carro antigo, um hot rod. A carroceria era baseada na dos calhambequinhos com banco de sogra, e o carro tinha o estilo dos hots da década de 1990: monocromático e alisado. Os para-lamas seguiam o estilo do Ford 1932, imortalizado no filme American Graffiti: os dianteiros do tipo de motocicleta, deixando a suspensão exposta, e os traseiros pareciam ter sido recortados.O sucesso do modelo com o público no Salão – e em vários outros salões – fez com que algo improvável acontecesse: o carro iria entrar em produção! Em dezembro de 1997, enfim, o Prowler já era uma realidade em algumas concessionárias nos Estados Unidos e no Canadá.

O preço do brinquedo? 38.300 dólares. Com este valor na, época, era possível comprar um Corvette “zerinho”… O Prowler 1997 vinha equipado com um motor V6 de 3,5 litros e que desenvolvia 214 HP. Seguindo a tradição dos hots, o motor era dianteiro e a tração traseira. A caixa de marchas automática era posicionada junto ao eixo traseiro, o que liberava espaço no interior do carro e propiciava uma ótima distribuição de peso. Para um hot se esperaria um motor V8, mas com apenas 1.300 quilos, este V6 o fazia percorrer o quarto de milha em apenas 15 segundos. Destes 1.300 quilos, 400 quilos eram partes em alumínio, um material associado a carros esportivos e

sofisticados, e que no Prowler estava presente no chassi, boa parte da carroceria e partes da suspensão. No interior do carro os mostradores circulares eram alojados em uma moldura em forma de elipse que lembrava os painéis da década de 30. Já o conta-giros, como em um autêntico hot rod, era montado sobre a coluna de direção. Com pouquíssimo espaço para bagagem, a Chrysler também apelou para a cultura dos rodders para solucionar este problema. Os donos de hot rods pequenos, quando tinham de fazer viagens longas para os eventos nacionais, rebocavam um pequeno trailer para levar a sua bagagem. Estes tinham um formato arredondado e eram originalmente produzidos por uma empresa chamada Mullins, de 1936 até 1938. O modelo de trailer desenvolvido para o Prowler era claramente inspirado nestes trailers antigos, no tamanho e no formato (cerca de 10% dos compradores adquiriam este acessório).

pRós e ContRas Quem saía de uma concessionária dirigindo um Prowler logo percebia que, para uso no dia-a-dia, o carro era pouco prático: difícil de entrar e sair, suspensão dura, pouco espaço para a bagagem, barulhento. Por outro lado o carro tinha ótima aceleração, boa estabilidade, bom espaço interno e era muito divertido de dirigir! E quem não gostava de chamar a atenção não podia ter um, pois em movimento eram comuns os acenos de mão e com o carro parado, eram comuns perguntas sobre ele.

Ao longo dos anos em que foi produzido em Detroit, o Prowler pouco mudou. Para suprir a falta de novidades, a fábrica administrava a oferta de novas cores para atrair os compradores.

A cor externa do carro no início era apenas uma: roxo. O vermelho, cor clássica para um hot rod, por exemplo, só foi ofertada em fevereiro de 1999. Em novembro de 1999 a fábrica apresentou no evento da SEMA uma novidade: um Prowler bicolor preto e vermelho. Durante o evento, o carro foi filetado manualmente para separar as cores. O filete foi aplicado por um pinstriper nativo de Detroit conhecido por Doctor Ru. Doctor Ru acabou sendo o responsável pela aplicação manual deste filete em todos os modelos que saíram posteriormente da fábrica com duas cores.

Desde o início da produção, a intenção da montadora era manter o modelo em linha por uns cinco anos. E, em fevereiro de 2002, o último Prowler deixou a linha de montagem. Para fechar a produção com chave de ouro, este último exemplar foi leiloado em Nova York e foi arrematado por 175.000 dólares, valor que foi doado para uma entidade beneficente. Do final de 1997 até o início de 2002, 11.703 unidades foram produzidas. Mas a ideia da Chrysler de produzir carros com estilo retrô não terminou com o Prowler. Em 2000 a Chrysler lançou o PT Cruiser, um carro quatro portas moderno mas com estilo declaradamente inspirado também num carro da década de trinta.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here