Empresário proprietário deste legítimo Maverick GT tem uma queda por amores à primeira vista e relacionamentos à distância
Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa
Maverick GT
Quem leu a história do empresário baiano Adson Sant´Ana Queiroz e seu Dart na edição #105 de Hot Rods deve ter imaginado como foi difícil tocar a restauração do carro à distância, já que tudo foi feito em Curitiba (PR), apesar de o trabalho ter sido realizado por mãos muito competentes. No entanto, ao conhecer a história deste Maverick GT 1977, duas coisas ficam bem claras: ele é apaixonado por muscle cars e deve ter uma queda por amores complicados. “Comprei este carro em 2012 e a nossa história começou no encontro de Águas de Lindoia. Meu amigo Fábio Roque, apaixonado como eu por carros antigos, me acompanhava no primeiro dia do evento. Nós já tínhamos andado muito e comprado algumas peças quando fomos ao estande da Powertech para conversar com os amigos Ricardo Moreira e Paulo Kuelo, que trabalharam na restauração do meu Dart. Chegamos ao estande da loja Armazém W70 e este Maverick estava em exposição.
Quando o vi, fiquei louco. Chamei um vendedor e perguntei se o carro estava à venda, o que ele confirmou. Pedi aos amigos da Powertech para darem uma opinião profissional sobre o carro. Eles foram até lá e aprovaram. Fui para o hotel pensando se comprava ou não, conversei com o Fábio, mas acabei decidindo que ainda não era a hora”, conta o proprietário, que a partir daquele momento já tinha sido pego pela paixão e não conseguia tirar o “laranjão” da cabeça. “Todos os dias entrava no site da W70 para ver se o carro já tinha sido vendido. Depois de alguns meses entrei novamente no site, anotei o telefone e passei a noite pensando se deveria comprar, pois para isso teria de me desfazer de um dos meus carros, no caso o Comodoro, para comprá-lo. Decidi fazer negócio, vendi o Opala para meu primo e liguei para a W70 para fechar a compra. Com tudo acertado, falei para o pessoal da Powertech arrumar um lugarzinho, que eu queria algumas melhorias”, conta. Mais uma vez o proprietário se conformou em acompanhar à distância a reforma da sua paixão, mas segurou as emoções e investiu na confiança na Powertech, que não deixou por menos e entregou um Maveco que realmente merece a alcunha de muscle car.
Laranja Lotus
De longe dá para perceber o Maverick chegando. Além do som do V8, que já ecoa de longe, seu visual esportivo chama a atenção de todos que se aproximam. O responsável pela pintura não foi Adson, mas o empresário nem por um minuto pensou em mudar a cor, que foi um dos detalhes que despertaram a sua atenção. A tonalidade laranja, obviamente, não fazia parte da paleta de cores original do cupê. Segundo o antigo proprietário, é a mesma utilizada nos carros da Lotus, em especial o modelo Elise. A intervenção de Adson foi a faixa preta nos moldes originais do GT, que deu ainda mais identidade ao muscle nacional. Até porque estamos falando aqui de um legítimo GT e não só uma personalização, e Adson tem o documento para provar. Acessórios externos, como retrovisores, já vieram novos com o carro. Faróis e lanternas, apesar de estarem em bom estado, foram trocados por modelos adquiridos aqui mesmo no Brasil. As rodas são Torq Thrust II, de 17”, montadas em pneus importados da Hankook, nas medidas 225/45 na dianteira e 245/45 na traseira. Por dentro, o visual guarda o aspecto esportivo original concebido pela Ford nos anos 70. Apenas os bancos foram trocados por modelos mais atuais e forrados em couro. Os instrumentos são da Auto Meter, incluindo contagiros, manômetro de óleo e termômetro para o motor. O volante é original. Afinal, quem teria coragem de trocar?
Receita Matadora
Produzido entre 1970 e 1977, o Maverick GT foi a resposta da Ford para o Opala. Junto ao Charger, foi o grande sonho dos adolescentes da época e as estrelas dos rachas ilegais daquele tempo. A versão top do Maveco vinha com carburador quadrijet e comando de válvulas especial, projetada para fazer frente ao recém-lançado seis cilindros 250-S da GM. Obviamente que, depois de sair da Powertech, o carro teria algumas “coisas” a mais debaixo do capô. Pistões são novos, da Sealed Power. Na parte de alimentação, os comandos originais deram lugar a modelos Edelbrock, com 298º. Polias são da Art Billets, com correia da Edelbrock Os cabeçotes foram feitos sob medida pela Powertech, em alumínio, e as válvulas são acionadas por balanceiros Roller Comp Cams.
O ar é admitido por um coletor Edelbrock. O combustível, por sua vez, é empurrado por uma bomba mecânica da mesma marca. Tudo isso é misturado e jogado para dentro dos cilindros para queimar por um carburador da Holley, de 750cfm de vazão. Com essas modificações, o propulsor agora está com 350cv de potência. O câmbio é manual, de quatro velocidades, e aproveita bem o torque absurdo do oito cilindros. A suspensão foi recalibrada para dar mais firmeza e agora conta com buchas em PU, melhorando a estabilidade e a aderência, principalmente em curvas, com menos rolagem da carroceria. Mas, com tanta força no motor, é necessário ter cautela com o acelerador. “Ele está muito forte, gostoso de guiar.
A retomada está muito melhor e qualquer acelerada em primeira marcha destraciona”, conta o proprietário. Os freios contam com disco na dianteira e tambor na traseira, mas, segundo Adson, o conjunto é mais do que suficiente para segurar o ímpeto do muscle. Da mesma maneira que foi com o Dart, Adson só conseguia ter contatos esporádicos com o carro durante a sua restauração e só depois de pronto é que pôde ter ele nas mãos para curtir. Aliás, assim como o Dodge, faz pouco tempo que o Maveco está de volta à garagem do dono, de onde provavelmente não sairá mais!
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