Impala 1965 estava praticamente enterrado e precisou de uma restauração minuciosa para rodar como está hoje

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Impala 1965

Um carro raro no Brasil, o Impala é um dos maiores ícones da cultura norte-americana. Criada em 1958, a primeira edição do modelo chegou às revendedoras da GM como uma série especial do Bel Air. Apenas no começo dos anos 60 os dois modelos foram separados e o Impala começou a ganhar identidade própria. O modelo desta reportagem é de 1965 e pertence à quarta geração do Impala, que foi totalmente redesenhada a partir deste ano, com linhas mais retas, abandonando o estilo “rabo de peixe” das primeiras gerações. Adquirido em abril de 2004 pelo agente de viagens Fernando Felix da Silva, de 63 anos.

“Achamos o carro na cidade de Campo Largo, vizinha de Curitiba (PR) jogado e praticamente enterrado no terreno há muitos anos. Por problemas familiares, foi muito difícil a negociação, pois alguns não queriam vender. Apesar da dificuldade, conseguimos adquiri-lo. Digo ‘conseguimos’ porque meu amigo Sérgio, da Mecânica Reinaldini, ajudou muito”, conta Fernando, que a partir de então entrou em uma verdadeira cruzada para trazer o carro de volta à vida.

“O carro estava em péssimo estado. Quando fomos rebocá-lo, as rodas de ferro estavam literalmente podres de ferrugem, só para dar uma ideia do estado”, comentou. Segundo Fernando, o carro estava sem o banco traseiro, tinham adaptado uma caixa mecânica de Opala, fora os sinais do tempo, que como todo dono de carro antigo sabe, são implacáveis. “A gente sabia que ia ser um grande desafio, mas como já temos o vício da ferrugem no sangue, arregaçamos as mangas e fomos montando com calma”, conta o feliz proprietário. Durante quatro anos o carro foi minuciosamente restaurado, até o ponto em que está hoje, praticamente zero quilômetro.

Mínimos Detalhes

Para que o resultado ficasse perfeito, tudo foi feito como manda o figurino. A carroceria foi separada do chassi e todo o conjunto foi jateado. Todos os podres foram tirados e o Impala recebeu uma pintura em verde metálico utilizado no VW Golf 2001, mas com flakes da House of Kolor. Todos os frisos e cromados externos tiveram de ser importados dos EUA, onde o mercado de peças para o Impala é imenso. As rodas são 15”, da Tork-Thrust, montadas em pneus BF Goodrich, nas medidas 215/65 na dianteira e 255/60 na traseira. O interior, que também estava em péssimo estado, foi totalmente refeito na Phoenix Studio, de Curitiba, em couro verde, no padrão original do modelo. O volante é original, de três raios, marca registrada dos GM “Super Sport”, como é o caso do Impala. Os bancos foram refeitos em couro verde, para combinar com o exterior, bem como os forros de porta.

Motorzinho, não

Inicialmente, Fernando tinha pensado em equipar o seu Impala com um V8 283”, mas por “influência” do seu amigo Andrey Jasper, da Jasper Motor Garage, oficina de Curitiba, o agente de viagens decidiu pela aquisição de um propulsor V8 327”, ou 5.4L, com alguns “detalhes” a mais, como pistões e bielas forjadas, prisioneiros de mancal ARP, balanceiros roletados, varetas de válvula Comp Cams, bomba de óleo HV Melling, corrente de comando dupla, da Edelbrock, mesma marca do carburador quadrijet de 600cfm. Os cabeçotes foram retrabalhados, com válvulas em inox. A tampa dos cabeçotes e do filtro da admissão são originais do modelo, com a inscrição “Impala” gravada. O visual do motor, aliás, chama bastante atenção, com quase tudo cromado. Na parte elétrica, o Impala utiliza bateria Optima e bobina Petronix.

Os coletores de escape são em inox, da Hooker. O câmbio é um TH 350 de três velocidades, com conversor de torque B&M, com stall em 2.400RPM. Com o objetivo de usar o carro só para lazer, Fernando conta que gosta de usar o Impala em viagens. “No ano passado eu ia rodando com ele para o encontro em Águas de Lindoia (interior de SP), mas eu não tinha travado o capô direito, então imagine o que aconteceu…  Ele se soltou no meio do caminho. O jeito foi mandá-lo de volta para Curitiba de guincho e seguir para o encontro. Afinal, não dá para perder Lindoia, né?”, conta.

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