Gerente comercial de Itapecerica da Serra adquiriu Ford Coupé 1948 e já saiu passeando. Mudanças? Ainda estão por vir…
Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa
Ford Coupé 1948
Para ter um bom hot rod na garagem há duas opções: comprar no estado em que estiver, ter o trabalho de levar a um funileiro, ter várias surpresas desagradáveis, gastar muito dinheiro, escolher todas as peças e fazer do seu jeito; ou comprar pronto, reformado, bonito e sem trabalho nenhum. Qual opção você escolheria? Desta vez, o gerente comercial Marco Rampini escolheu a segunda opção. “Desta vez”, porque Marco também tem outros hots e já passou por muitas desventuras. Alguns deles, inclusive, já foram reportagens da Hot Rods.
Além do mais, sejamos sinceros, olhando pelas fotos você teria coragem de desmanchar e refazer este coupé? Nem eu. Adquirido há quatro meses pelo gerente comercial, o carro não chegou às mãos dele por conta de um sonho em especial ou alguma história mirabolante. Perguntado sobre o motivo de ter adquirido este modelo, Marco foi enfático: “Gostei deste carro, comprei-o pronto e tive apenas de trocar rodas e volante”, conta, resumidamente.
Bandido
A cara de carro de gângster é um dos grandes atrativos dos modelos do final da década de 40. O visual arredondado começou a ser aperfeiçoado lá atrás, em 1939, mas os contornos foram ficando mais harmoniosos (e mais arredondados) ao longo dos anos. O projeto de 1948 não chegava a ser considerado defasado, mas acompanhava linhas quase idênticas desde 1942, isso por conta da Segunda Guerra Mundial, que exigiu grandes cortes de custos de todas as fábricas, entre elas, claro, da Ford. O Ford 1948 marca a despedida da empresa de tempos “bicudos”, pois em 1949 começou a trajetória de subida, com a chegada da Mercury, entre outros modelos. Apesar de ser um marco até certo ponto negativo da história da Ford, isso não torna o 1948 um modelo menos amado pelos “fordistas”. A cor preta é um clássico deste modelo e dos Ford antigos em geral. E não tem como não cair bem. A carroceria foi feita no estio “shaved”, isto é, sem frisos, maçanetas e emblemas. De cromado, apenas os para-choques, as calotas das rodas originais, de 15”, e a moldura dos faróis.
O teto foi rebaixado, em medida não revelada pelo dono do carro, mas que dá um ar de esportividade ao coupé, que também perdeu o quebra-vento das janelas. Os vidros agora são inteiriços e os retrovisores são esportivos. Os pneus são 205/65 na dianteira e 275/60 na traseira.
Esporte de luxo
Por dentro, o Coupé reafirma a sua vocação esportiva, com bancos dianteiros agora individuais e revestidos em couro creme. O mesmo revestimento cobre as portas e os forros traseiros. O volante é da linha esportiva da Rossetti, de três raios, e a instrumentação é da linha Racing da Cronomac. A maneira como os instrumentos foram dispostos no painel ficou bastante interessante e deixou o Ford com mais cara ainda de carro de corrida. O restante do painel foi pintado na cor da carroceria.
Oito cilindros
Debaixo do capô triangular do Coupé está abrigado um propulsor Dodge V8, de 318 polegadas. Com 5.2L de cilindrada e quase 200cv de potência (198, para ser mais exato), este conjunto caiu muito bem ao Ford. O sistema de alimentação do 318” ganhou um carburador Holley quadrijet de 650cfm de vazão, além de filtro de ar da marca norte-americana Edelbrock. As tampas de válvula cromadas são da mesma marca do filtro e para dar um toque a mais de esportividade, além de produzir melhores faíscas, foram adicionados ao conjunto cabos de vela da MSD na cor azul.
O câmbio é mecânico, com uma relação bem acertada para o 48 arrancar com determinação. Segundo Marco, o carro está gostoso de dirigir, além de seguro. “Está muito bom e estável, além de contar com freios a disco nas quatro rodas, com um sistema utilizado na F-250 que faz o pedal ficar mais macio”, comenta. A estabilidade é garantida pelo sistema de suspensão individual na dianteira, com molas de Dodge na traseira.
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