Acompanhe a evolução dos veículos Ford na década de 1930 e veja porque esses modelos são os preferidos pelos rodders até hoje

Texto: Manoel G. M. Bandeira
Fotos: Divulgação

Em 1930 os Estados Unidos estavam saindo de uma recessão que castigou fortemente todos os níveis da sociedade americana. Sempre que se passa por um período de grandes  dificuldades, ao primeiro indício de que as coisas estão melhorando, é comum que uma onda de otimismo tome conta de todos. Foi no meio desta onda de otimismo que foram projetados alguns dos grandes ícones da indústria automobilística americana, e que viriam a se tornar os modelos mais desejados pelos rodders até os tempos atuais. Para falarmos sobre a década de 1930, é inevitável voltarmos um pouco mais no tempo.

De 1908 a 1927 o Ford modelo “T” literalmente deu rodas ao mundo. Foram mais de 15 milhões de carros fabricados e espalhados por todo o globo. Em 1928 a Ford lançaria seu modelo “A”, um carro que teria a configuração clássica de três pedais (acelerador, freio e embreagem), que dominou o mundo automobilístico e permanece em uso até hoje. O Ford modelo “A” não foi o primeiro a utilizar esta configuração, mas ajudou em muito para que ela se estabelecesse como padrão definitivo.

Até 1929 os carros da Ford tinham um pequeno cofre de motor em forma de capelinha. A partir de 1930 o cofre aumentou um pouco de tamanho e já começava a ser preparado para, em 1932, receber o motor que revolucionaria mais uma vez a história do automóvel popular, o Flathead V8. Evolução das carrocerias Vamos fazer uma pequena análise da evolução nos modelos de carroceria que fizeram da década de 1930 a mais revolucionaria de todas em termos de design automotivo. Tomaremos por base os carros da Ford simplesmente porque os modelos desta montadora sempre foram os preferidos pela maioria dos rodders de todo o mundo. A década de 1930 tinha início com o modelo “A” da Ford recebendo algumas alterações em sua carroceria, modificações estas que o deixavam mais elegante em relação aos modelos de 1928 e 1929, com capô mais alto e imponente.

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O veículo vinha também com vidros mais estreitos, o que dava a impressão de que o teto era mais baixo. Porém, ainda continuaria a manter as mesmas linhas retas, com o para-brisa em pé, sem nenhuma preocupação com a aerodinâmica. Essa característica era a marca registrada da década de 1920. Outra demonstração de que não havia preocupação com a aerodinâmica ficava clara no desenho dos para-lamas, que eram abertos na frente e ofereciam grande resistência à passagem do ar. Não é à toa que retirar os para-lamas era o primeiro passo na construção de qualquer hot rod, como vimos em edições passadas. A essência que definia um hot rod era justamente conseguir um melhor desempenho aumentando a potência do motor, melhorando a aerodinâmica e reduzindo o peso do carro. Por isso, os conversíveis eram os preferidos para tornarem-se hot rods, já que ofereciam menos resistência ao ar, com menos peso, e ainda sem os  aralamas, eram considerados perfeitos.

Aqueles que decidiam por modelos cupês ou sedãs, eram praticamente obrigados a rebaixar o teto. O que define a configuração considerada como calhambeque é o fato de o carro ter para-lamas saindo praticamente da linha do chassi, faróis externos em cima dos para-lamas, carrocerias estreitas e altas, com estribos ligando os para-lamas dianteiros aos  traseiros e,principalmente, um desenho com linhas retas e ângulos fechados. Em 1932, com a chegada dos motores Flathead V8, a Ford aumentou um pouco o tamanho dos seus carros, o para brisa recebeu uma leve inclinação para trás, já demonstrando uma tendência a melhorar a aerodinâmica. Os paralamas receberam um desenho mais suave e agradável, porém ainda eram totalmente abertos na frente, o que favorecia a formação de bolsões de ar sob o carro, o que reduzia sua performance.

A preferida dos rodders

A mais famosa e desejada carroceria para se construir um hot rod foi fabricada apenas durante este ano de 1932. É incrível imaginar como um carro, que teve seu modelo em produção por apenas um ano, permaneça por mais de 80 anos encantando tantas gerações por todo o mundo. Essa é a magia que acompanha o “Deuce”, como é conhecido o Ford 1932.

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Já em 1933 as mudanças foram bem maiores. A grade passou a ser estreita e alongada, com uma considerável inclinação para trás, deixando evidente a preocupação com a aerodinâmica. Os para-lamas, com um desenho esguio e alongado, já não eram mais presos diretamente ao chassi, mas a uma placa metálica que eleva sua altura em relação à carroceria, roubando inclusive um pedaço da lateral do capô. A parte frontal dos para-lamas debruça-se sobre a curvatura dos pneus, diminuindo em muito a formação de bolsões de ar na base da carroceria, com o carro em alta velocidade. As portas passam a abrir na forma suicida, com as dobradiças fixadas no meio do carro. Esta característica já havia sido adotada no Ford 1932, porém apenas no modelo 3 janelas. Na linha da Ford de 1933 todos os modelos foram produzidos com portas suicidas. O espaço interno ficou bem maior, principalmente se comparado ao modelo “A”.

O para-brisa do modelo de 1933 já é bem mais baixo que os anteriores e tem uma boa inclinação. As linhas gerais do carro são traçadas com curvas muito suaves, e os cantos, que antes eram praticamente retos, passam a ter um desenho mais arredondado. Em 1934, pouca coisa mudou. A grade, que no modelo de 1933 tinha amoldura bem estreita, passa a ter uma moldura um pouco mais larga. Os frisos da grande no modelo 1933 tinham uma ligeira curvatura, já no modelo de 1934 são retos.

O mesmo acontece com as aletas das laterais do capô, que no modelo de 1934 são retas enquanto que no ano anterior eram ligeiramente arqueadas, como a grade. Estas diferenças são bastante sutis, e só percebidas por quem realmente conhece os dois modelos. Um detalhe mais fácil de identificar, mesmo aos leigos, é que no modelo de 1934 o capô vinha com duas maçanetas de cada lado posicionadas nas extremidades, em 1933 somente uma maçaneta central tinha a incumbência de abrir o capô. O desenho do modelo de 1934 é considerado por muitos o mais bonito de todos os Fords, devido à suavidade de suas linhas e à riqueza de detalhes da carroceria.

 

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