Chevrolet Impala mostra que é possível somar luxo com apelo esportivo; curitibano resgata memória para reforçar paixão por clássicos

Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Ricardo Kruppa

Chevrolet Impala 1960

As mulheres também se sentem atraídas pelo Impala (e veja que não estamos falando da consagrada marca de esmaltes, mas sim do ícone Chevrolet). Características como beleza, estilo e cores marcantes – que também revelam belas unhas femininas, se encaixam no conceito do Chevrolet Impala Bubble Top Coupé 1960 do funcionário público Moacir Mansur Boscardin, 56 anos, morador de Curitiba (PR).

“Esse Impala me faz recordar os tempos de infância. Meu pai teve um Chevrolet 1949 e ele admirava esses carros. Lembro que a diversão aos domingos era ficar olhando do lado de cima do barranco os carros que passavam pelas avenidas, havia muito estilo, naquele tempo muitos dirigiam esses automóveis vestidos impecavelmente com chapéus e fumando cachimbos. Cenas como essa acabaram ficando para sempre na minha memória”, comenta o curitibano. Moacir Boscardin nunca imaginou que um dia teria clássicos que marcaram história no cenário nacional, mas acredita que grande influência para idolatrar carros antigos surgiu diante do clube Curitiba Roadster. “Ao longo dos anos fui conhecendo mais sobre carros antigos e aos poucos fui adquirindo modelos para restaurar.

Fico muito à vontade com esses modelos e parte desse sentimento veio do Curitiba Roadster, clube de que faço parte desde a fundação, há vinte anos”, relembra. O Chevrolet Impala Bubble Top Coupé 1960 pertencia a um conhecido de Boscardin, mas nunca estava à venda. Após seis anos de tentativas de adquirir o clássico, em 2009 Boscardin encontrou o modelo disponível para compra na internet. “Não tive dúvida, liguei na hora em que vi o anúncio e fui negociar. O Impala estava em bom estado, mas parado na garagem havia anos. O motor não funcionava.

Entre a primeira vez que olhei o Impala até este mês para o ensaio da revista Hot Rods faz dez anos que “namoro” o Chevrolet”, garante. A partir da aquisição, Boscardin decidiu programar as mudanças necessárias envolvendo lataria, pintura, mecânica, sistema elétrico, freios, vidros, frisos e estofamento.“O Impala foi um novo desafio que acabou se tornando um ótimo exemplar para passear com a família, cabe tudo naquele porta-malas gigante. É quase uma picape fechada”, descreve. Moacir Boscardin não possui carros modernos e nos últimos dez anos utiliza apenas automóveis antigos ou um dos hots para ir ao trabalho diariamente.

“Com o Impala é um pouco mais complicado porque ele tem quase seis metros de comprimento, é até engraçado, muitas pessoas olham para o carro no trânsito e acabam se distraindo”, conta. Colecionador e “revendedor”, o curitibano confessa que nos últimos anos vendeu alguns carros, mas sempre para aplicar o resultado em novos projetos. Modelos como o Impala ele não vende de modo algum, mas Boscardin sabe que trocar automóveis pode ser divertido. “Tenho um amigo que me ensinou a perceber que trocar carros também pode ser divertido.

Mas já me arrependi de ter vendido alguns modelos, faz parte”, relata. Saudosista e entusiasta, como Boscardin se considera, ele pertence a uma geração que observou de perto os mesmos sentimentos compartilhados por quem no passado utilizava clássicos como carros “básicos”. Esse resgate encenado com a paixão pelo segmento faz de Boscardin um amante da antiguidade.

“Acho que sempre fui saudosista e quando você gosta sempre tenta encontrar e observar as pessoas que compartilham do mesmo sentimento. Vi muitos carros antigos em ferros-velhos, ninguém os queria, metalúrgicas compravam em lotes para derreter e os que restaram hoje voltam a ser cultuados. Acho isso incrível. Ter a oportunidade de resgatá-los é um privilégio”, opina. Os primeiros incentivadores de Boscardin foram o pai Angelo e o tio Nilto Pereira, e esse envolvimento também desponta para a esposa e filhas de Moacir Boscardin. “Meus incentivadores foram meu pai, Angelo Boscardin, a quem dedico este Impala, meu falecido tio, Nilto Pereira, grande mecânico que me ensinou a dirigir aos nove anos, depois meu grande amigo que me ensinou a soldar e entender um pouco dos conceitos de adaptações e que também incentivou gerações dentro da cultura Hot, Sebastião Geronasso”, conta.

Nicole Boscardin, 14 anos, uma das filhas de Moacir, já o acompanha nas reuniões do clube Curitiba Roadster e nos encontros de carros antigos. Valentina, com nove meses, já fez estreia no clube com um Hot pedal 1928. “O que sustenta é a paixão e o envolvimento total da minha família. Minha esposa tem seu próprio hot, uma picape 1931 que já foi matéria da revista. E as minhas filhas também já seguem essa paixão com muito carinho”, reforça Boscardin. Quem visita a casa do curitibano encontra uma oficina adaptada nos fundos do terreno feita especialmente para Boscardin receber amigos e profissionais da área. Há 14 anos o espaço recebe diversos entusiastas que fazem reuniões semanais e, claro, avaliam a coleção de clássicos na garagem.

Glicose para diabéticos

A mecânica preparada para o modelo Impala Bubble Top Coupé 1960 foi planejada para garantir conforto urbano. Apesar do bloco GM 350 esbanjar 320 cavalos, a caixa de câmbio automática TH350 assume o conforto necessário para o clássico rodar pelas ruas de Curitiba e, inclusive, servir para Boscardin passear com a família ou ir ao trabalho. Para alimentar o sistema foi instalado um carburador Quickfuel 600 cfm, da Hot Rod Series, que atua em conjunto com um comando Ruben Racing Can’s (280/284), distribuidor Rebel Soul, da Hei, e coletor de escape Hooker com revestimento cerâmico.

No exterior, a pintura em preto soma estilo com as rodas Boss Sport 338 nas medidas 18×8” na dianteira calçadas com pneus Michelin Pilot 225/50 e 18×9,5” na traseira com pneus Michelin Pilot 275/40. Por dentro o Impala conta com estofamento de couro preto, pedaleiras e alavanca de câmbio Lockar no assoalho e volante norte-americano da marca Lecara.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here