A jornalista Tisa Kastrup, inspirada no erótico best seller 50 Tons de Cinza, da escritora inglesa Erika Leonard James, nos apresenta o Corvette Stingray C3 1978
Texto: Tisa Kastrup
Fotos: Mel Gabardo
As mulheres conhecem uma grande variedade de tons de cinza… e de cores. Já os homens, normalmente, se restringem às cores básicas do arco-íris como suficientes para suas vidas. E, como homens não necessitam de muitos tons para identificar uma cor, o Corvette aqui apresentado é uma edição especial comemorativa dos 25 anos da fabricação do modelo. É claro que o sucesso vem em nada mais apropriado do que dois tons de cinza. Tanto para um homem quanto para um Corvette, apenas dois tons bastam. O sucesso do Stingray foi tão grande que o concept car do atual Corvette é uma releitura deste modelo aqui apresentado, inclusive nos dois tons de cinza. O Corvette recém-lançado – o C7 – é denominado New Stingray. O Corvette é, tradicionalmente, o único automóvel esportivo produzido em série aceito no mundo dos muscle cars. Ele se diferencia da quase totalidade dos muscle car americanos, que são coupés, e não carros esportivos. O Corvette reúne todas as características de um verdadeiro esportivo e faz homens de todas as idades suspirarem como se estivessem diante de um deus.
Esportivo para o dia-a-dia
Mesmo sendo um esportivo que está sempre brigando pela liderança em testes comparativos de performance com “machinas” italianas e bólidos alemães, o Corvette não deixa de ser um carro americano. E, como bom exemplar de carro produzido na terra do Tio Sam, além de ser tradicionalmente um dos carros de produção de melhor estabilidade no mercado, o Corvette C3 não raspa em lombadas, é macio, confortável e de manutenção baixa, se comparado às “machinas”. Tudo isso o torna um carro que pode ser usado no cotidiano com todos os méritos e performance de um esportivo de ponta. Já na sua concepção na década de 60, o Corvette C3 foi desenhado para materializar curvas tão sutis que só poderiam ser fabricadas em fibra, uma vez que estampar a carroceria em qualquer metal inviabilizaria seus custos de produção. Alguns críticos diziam que a forma do Corvette C3 – uma verdadeira escultura – se parecia com uma garrafa de Coca-Cola.
Outros, que era inspirada no corpo de uma mulher, cujas curvas despertam o olhar e incitam ao toque. Há quem diga que, olhado de cima, o Corvette C3 tem uma silhueta curvilínea e acinturada, revelando volumes estrategicamente ocultos. Seus faróis escamoteáveis, quando fechados, lembram um tubarão (shark). Já com faróis abertos, uma cara de “bad boy” aparece. O teto targa oferece toda a comodidade de um carro fechado, sem infiltrações de água, poeira, barulho e calor, mas com todo o prazer de um conversível. O vidro traseiro abaulado tira a sensação de confinamento e oferece um pequeno porta-malas para guardar as capotas e pequenas malas. O desenho agressivo do Corvette C3 evoca linhas vistas em carros criados unicamente para o universo lúdico dos meninos, como o Batmóvel e o Mach 5 do Speed Racer.
O espírito esportivo do Corvette se revela desde o momento em que a chave gira no tambor e o motor V8 desperta com seu ronco inconfundí- vel, avisando: você está no comando de um “muscle car”. Franceses e italianos tratam seus carros no feminino: “la voiture” e “una machina”, respectivamente. Usando a forma feminina como ambos se dirigem a um carro, é preciso alguma habilidade para domar o Corvette C3, que tem certa propensão para sair de traseira no limite da aderência e não tem ABS nem recursos eletrônicos de estabilidade como os carros atuais. Mas quem precisa de tudo isso quando o prazer está em domar o carro?
Toque já em baixa
O C3 tem um motor central dianteiro 350 V8 (5,7 litros) com grande peso e cilindrada, que lhe conferem um centro de gravidade bastante baixo e grande estabilidade nas curvas.
Devido ao motor de grande cilindrada, o torque aparece já em baixa rotação, fazendo o carro ganhar velocidade muito rapidamente. O Corvette C3 atinge com facilidade os 200 km/h e vai além. A partir dos 140 km/h o motor parece rugir dizendo: “É isso que eu gosto de fazer!”. E te desafiando a prosseguir. Cuidado! Ao menor toque, o Corvette acelera como se fosse escapar das suas mãos e fugir da pista. Quando dominado, dispa-o de seu teto targa e deixe que todas as cores e perfumes invadam o cockpit. E jamais se esqueça de renovar seu controle sobre esta máquina cada vez que for tocá-la. Quando um homem está no comando de um Corvette, ele sempre será surpreendido com uma nova viagem de puro prazer ao dirigir.