T-Bucket ronca bonito com motor Ford 292 V8 de 280 cv: um resgate criativo e sem moderação

Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Ricardo Kruppa

“O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado”. Paulo Cezar Menucci, 45 anos, empresário e presidente do Curitiba Roadsters, concorda em gênero, número e teor alcoólico com a frase de Vinícius de Moraes. Talvez Paulo decida criar sua própria crença, substituindo a figura do cão pelo carro. Henry Ford possivelmente iria adorar a ideia. Basta observar um detalhe ousado no projeto deste Ford T-Bucket 1927 para entender o enredo: o tanque de combustível é um barril de chope de 50 litros e o marcador é uma pequena garrafa de uísque. “Foi a forma que encontrei para visualizar o nível de combustível no barril”, conta o inventivo Paulo.

No segmento de hot rods há diversos projetos com os quais a criatividade ganhou muito mais espaço nos debates, do que a própria mecânica que o modelo carrega. Essa reinvenção e o espírito de redescobrir possibilidades fazem de qualquer proprietário de um hot sorrir à toa. Paulo Menucci começou a rir a bordo de um Chevy 1934 – seu primeiro carro antigo –, depois o sorriso foi ampliado para um Mercury Woodie customizado e, agora, a extensão do riso é dividida entre o T-Bucket e um Chevrolet Fleetline 1949.

“Por influência dos amigos do Curitiba Roadsters fui pegando gosto pelos T-Buckets também, foi quando comecei a procurar algum modelo disponível para compra e encontrei este 1927 em São Paulo”, comenta.

O carro, segundo Paulo, estava com o projeto praticamente concluído, restando apenas mudanças na parte estética com nova pintura, jogo de rodas e pneus. A mecânica escolhida contou com um bloco V8. “Ele recebeu o Ford 292, que pelo meu gosto é um dos melhores modelos V8, pois é um motor grande que ronca bonito. O importante também é harmonizar, pois a linha que divide o projeto perfeito do ridículo é muito pequena”, sugere. Para dar mais “corpo” ao motor, foi instalado um kit blower com dois carburadores Webber e que, na estimativa, gera 280 cavalos.

A caixa de câmbio conta com três marchas. A estrutura do Fordinho carrega ainda suspensão dianteira com feixe de molas e traseira com coil over, além do sistema de freios a tambor. O destaque do exterior do veículo está diante das rodas aro 15 com 6” na dianteira e 15” na traseira, a pintura em preto fosco e o desenho em homenagem aos 20 anos do Curitiba Roadsters.

Assim como boa parte dos admiradores da cultura Hot Rod, Paulo não utiliza o T-Bucket apenas em passeios aos finais de semana e exibições em encontros. Se você está acostumado a enfrentar trânsito para ir ao trabalho e voltar para casa todos os dias com modelos mais econômicos e comuns na frota nacional, provavelmente sentirá inveja.

“Eu acho que é preciso andar com o carro, curtir e aproveitar ao máximo esse prazer. Pegar um carro que está fora de circulação e colocá-lo de volta às ruas é incrível. É lindo ver um automóvel desmanchado e de repente ele desfilando pelas cidades. Não tem momento certo para curtir, tanto é que vou para o trabalho uma vez por semana de T-Bucket”, comemora. Paulo Menucci está para Jasper Newton Daniel, o inventor do Jack Daniels, assim como o T-Bucket está para o uísque: ambos sabem curtir a filosofia “Every day we make it, we’ll make it the best we can” – “Todos os dias fazemos isso, e nós vamos fazer isso da melhor maneira possível”.

A diferença é que para beber é preciso moderação, reconhecer o próprio limite, e para acelerar um Bucket só é preciso um pouco de juízo. Um pouco!

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