Comerciante de carros de Curitiba arremata réplica em fibra de vidro de um Ford 1934 três janelas pra lá de invocado

Texto: João Guimarães  Fotos: Ricardo Kruppa

Comerciante. Esta é a profissão do morador de Curitiba, no Paraná, Durair do Rosário Filho, de 52 anos. Mas Durair não é um vendedor qualquer. Ele trabalha comprando e revendendo carros usados. Ele adquire o veículo, faz os devidos reparos e o revende. A maioria dos automóveis não fica mais do que alguns meses nas mãos de Durair, a não ser os de uso próprio. Porém, um carro em especial mudou esta rotina. Trata-se da réplica em fibra de vidro de um Ford Coupé 1934 que ilustra esta reportagem.

A paixão que Durair tem por carros antigos não é dos dias de hoje. Segundo ele, quando seu avô faleceu, a parte da herança que lhe cabia era nada menos que um Chevrolet 1939. “Na época eu não sabia muito bem o que fazer com o carro e optei por vendê-lo”, diz. Tempos depois, tomado pelo arrependimento, ele procurou o carro para comprar de volta, mas não o encontrou. Também tentou localizar um modelo igual, novamente sem sucesso. “Acho que isso me fez tomar gosto por carros”, brinca. E como fez! Atualmente, além de trabalhar com veículos, ele faz parte de um grande clube de carros antigos, o Curitiba Roadsters.

Cobiçado

Certos carros nunca param em uma única garagem e este é o caso do Ford de Durair. O Coupé foi montado em Porto Alegre pela fabricante de veículos especiais SS Fiberglass. O primeiro dono o vendeu para um amigo de Durair que trabalha em uma revenda de carros de Curitiba. “Ele ficou com o carro por uns cinco anos, até que eu resolvi comprá-lo”, conta.

Toda esta cobiça não é sem propósito. O carro esbanja a elegância de um digno hot por onde quer que passe. Originalmente apelidado de “três janelas”, o coupé conta com 4,35 m de comprimento, 1,75 m de largura e 2,83 m de distância entre eixos. O teto foi rebaixado cerca de 20 cm em relação ao original.

As rodas no estilo palito foram feitas sob encomenda pela loja curitibana Rally Som. A diferença no tamanho dos aros garante o visual invocado. A dianteira recebeu redondas de 15” e 6” de tala, enquanto a parte traseira ganhou singelas rodas aro 19” e 13” de tala. Todos os pneus são da marca Michelin. Os da frente têm medidas 185/50/15 e os traseiros 285/45/19. Todo este visual fica ainda mais interessante quando as portas são abertas. Elas abrem ao contrário, da mesma forma que o modelo original, e chamam bastante atenção”, diz.

Segundo Durair, na época em que o adquiriu, o Ford já tinha algumas marcas do tempo em sua pintura. Ele decidiu então restaurar a pintura, mas não para mudar a cor. “O carro já era verde, apenas lixei e refiz a pintura”, explica.  Porém, Durair sentia que ainda faltava alguma coisa. “Era bonito, mas estava muito simples”, lembra.  “Resolvi dar uma apimentada no visual”, diz. O tempero veio no formato das pinturas no estilo flame, as famosas chamas de fogo, comuns em carros hot. Destaque para os retrovisores oriundos de motocicletas que também receberam detalhes em forma de chamas.

Bonito por fora…

Invocado por dentro. Uma olhada mais atenta ao hot revela todo o esmero em sua montagem. O chassi tubular foi fabricado sob medida pela própria SS Fiberglass. A suspensão é independente entre os eixos com molas de alta performance. Os freios são a disco na dianteira e a tambor nas rodas traseiras.

O coração de metal do carro foi retirado de um Opala, um motor 250 S de seis cilindros a gasolina. A caixa de câmbio é uma Clark manual de cinco marchas e o diferencial de relação 3,07:1 é da marca Dana.

Para melhorar a performance, algumas peças foram trabalhadas, como o carburador da marca DSV e o cabeçote. A ignição eletrônica e a direção hidráulica também vieram do Opala. Completam as alterações no motor os cabos de vela Accel e filtro de ar esportivo. Durair ainda não passou o Ford pelo dinamômetro, mas já sente a potência do carro em seus passeios.

O interior recebeu alterações mais discretas, que lhe garantem um aspecto sóbrio, mas que combina com o restante do carro. Todo o habitáculo dos passageiros foi revestido com couro na cor cinza. Os instrumentos são da marca Cronomac. “Além dos relógios comuns, instalei conta-giros, controlador de pressão do óleo e voltímetro”, conta Durair.

Este não é o primeiro hot de Durair. Ele garante que já fez negócios com muitos clássicos. Porém ele não tem planos de se desfazer deste exemplar. “Quem sabe agora não monto uma coleção”, diz. Será que ele vai conseguir achar o Chevrolet 1939 do avô ?

 

Quem fez?

SS Fiberglass

Av. Antônio Kirch, s/nº

São José do Sul – RS

Tel: (51) 632-2010

 

Flames by Guga. Tel. (41) 9615-6361

 

Ficha técnica

Réplica Ford 1934 Coupé

 

Parte externa

Rodas dianteiras: Palito aro 15”

Rodas traseiras: Palito aro 19”

Pneus dianteiros: Michelin 185/50/15

Pneus traseiros: Michelin 285/45/19

 

Mecânica

Motor 250S de seis cilindros

Carburador DSV

Ignição eletrônica

Câmbio Clark manual de 5 marchas

Diferencial Dana

Direção hidráulica de Opala

Cabos de vela Accel

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