Ford 5 Window 1935: Projeto de pai e filho

Ford 5 janelas 1935, há 25 anos na família, passou por uma reforma completa para voltar aos dias de glória

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Ford 5 janelas 1935, há 25 anos na família, passou por uma reforma completa para voltar aos dias de glória

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Ford 5 Window 1935

Desenvolver e executar um projeto de restauração ou personalização de um hot rod é uma tarefa que se torna ainda mais prazerosa quando em companhia de alguém querido. Na família Moreira há 25 anos, este Ford 5 janelas de 1935 já rodou totalmente original pelas ruas de Itu, interior de SP, mas durante 17 anos ficou encostado em um depósito, acumulando ferrugem. Cansados de verem a joia se deteriorar, Ivo Simas Moreira, 78, e o filho dele, Julio de Oliveira Moreira, 46, ambos engenheiros, decidiram trazer de volta à vida o Fordinho, tarefa que não seria muito fácil devido ao mau estado do veículo. “Ele estava como uma carreteira, com para-lamas cortados, rodas de ferro e pneus para corrida na categoria. O motor era da década de 50.

Por causa disso, restaurar todos os detalhes originais não seria viável, então decidimos fazer um hot. Mas a nossa ideia era que o carro ficasse com a aparência original”, conta Julio. A primeira fase do trabalho foi de desmonte, a mais divertida para os Moreiras. “Foi uma fase muito legal. Quase tudo foi feito por mim e pelo meu pai. De vez em quando alguns amigos apareciam para ajudar e, depois de soltarem alguns parafusos, já faziam um churrasco para comemorar. Era uma farra”, conta o engenheiro.

Para tirar a ferrugem e dar um acabamento de primeira linha ao carro, pai e filho decidiram mandar o carro para uma equipe profissional. “Para atingir o resultado que esperávamos, precisávamos de uma empresa que tivesse experiência e que nos garantisse que o serviço ficaria com qualidade.

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“Este carro merecia isto”, comenta Julio. Por isso, o carro foi enviado para a garage paulistana Hot & Custons, para ficar sob os cuidados da equipe de Norberto Jensen, uma das figuras mais respeitadas do mercado. A funilaria e a pintura da lataria foram as etapas que mais deram trabalho, devido ao estado de degradação, mas com muito capricho os resultados foram aparecendo. Quando chegou à família, em 1985, o carro já era vermelho, e os proprietários decidiram manter essa cor, só utilizaram uma tonalidade mais forte, com um vermelho típico dos Fords antigos.

 

Também não foi fácil adquirir todos os acessórios. Segundo Julio, algumas peças foram compradas aqui mesmo, mas foram necessárias diversas viagens aos EUA para que tudo pudesse ser importado.

“Adquirir todas as peças foi um trabalho longo, mas que valeu a pena. Boa parte das peças foi adquirida em Águas de Lindoia (SP) e em feiras norte-americanas de Hershey e Daytona”, conta. As rodas são de 15”, fabricadas pela Gemoto, empresa de Maringá (PR), e estão calçadas em pneus Goodyear GPS 3, nas medidas 205/65. A única alteração que foge ao original da carroceria do Fordinho foi o modo de abertura do capô.

Detalhes

Por dentro, cada pedaço do acabamento foi pensado para dar ao carro um visual de destaque, mas que não tirasse a classe original do modelo. Bancos e demais forrações são em couro, material que cobre inclusive o aro do volante Art Billits, modelo banjo. A instrumentação do painel é toda da Cronomac, customizada especialmente para o projeto pela Hot & Custons.

O básico

A motorização seguiu a tendência dos projetos de hot rods. O propulsor escolhido para ocupar o cofre foi o 302” da Ford, original do Maverick GT. A alimentação dos 5.0l de cilindrada é feita por um carburador Holley bijet, adquirido nos EUA, e as faíscas são produzidas por um distribuidor HEI com ignição eletrônica em conjunto com cabos de vela de 8.8mm. A potência foi mantida original, com 199cv brutos. Câmbio de quatro velocidades, diferencial e embreagem também são do mesmo conjunto mecânico. O escapamento foi feito com uma dupla de tubos de 2 ½” ligados aos coletores originais. Com este conjunto, Julio diz que o carro é muito bom de arrancadas, mas também bastante confortável, porque utiliza direção hidráulica original do Opala, além de um sistema de suspensão moderna, com o sistema do Opala na dianteira e Four Link na traseira. Segundo Julio, a ideia é sair sempre com o carro, mas o objetivo principal é ir a feiras e eventos especiais. Hoje em dia, o Fordinho é tratado como um filho pela dupla. Quer dizer, filho e neto.

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