Com bloco 289 V8, Mustang resgata década americana de ouro: diversão a bordo de um carro “malvado”, mas que parece doce nas mãos de marmanjo
Texto e fotos: Bruno Bocchini
Ford Mustang 1968
Sintonia entre a força bruta de um V8 e o design que instiga. É assim que qualquer entusiasta define o clássico Mustang. O som que surge do escape ao acionar a ignição, as cantadas de pneu em pequenas manobras e a percepção mais larga e baixa ao dirigir são características inconfundíveis do modelo. Márcio Cruz, 44 anos, arquiteto e engenheiro de Ribeirão Pires (SP), tem a sorte e o prazer de acelerar esse clássico de 1968. Apesar de ter na garagem outros modelos, como uma F100 1979 placa preta, uma Rural 1971 em fase de restauração, um Fuscão 1972 e um Jeep 1978, Márcio exibe um sorriso diferente ao falar do esportivo. “Este carro não tem explicação, não importa quantas vezes ando com ele, parece que é a primeira, é de arrepiar, muito boa dirigibilidade, estável, e o ronco do 4×1 é incrível”, afirma.
Há três anos, Márcio comprou o modelo após um amigo oferecê-lo. Ele conta que o clássico estava em fase final de pintura e o antigo dono ficou com o modelo por mais de vinte anos. “Disseram-me que ele nunca foi restaurado. Eu apenas concluí a pintura em vermelho, não mudei nada, também não mexi na mecânica. Até penso em colocar um câmbio manual e mudar a carburação, mas ainda não cheguei a um pensamento definitivo”, comenta.
O Mustang 1968 trabalha com bloco 289 4.7L V8 com alimentação carburada que gera 200 cv e câmbio automático de três marchas. O coletor de escape 4×1 é o responsável por expulsar os gases e produzir o efeito sonoro que deixa qualquer marmanjo chorando de emoção.
Por fora, além da clássica grade frontal cromada que carrega o emblema, há rodas Mangels calçadas em pneus Cooper Cobra que norteiam a diversão com estilo. Os detalhes também podem ser conferidos pelos cromados na traseira e o tampão de abertura do porta-malas (localizado abaixo do acesso à chave).
No interior, simplicidade, coerência e fácil manuseio para emplacar qualquer movimento e, claro, reforçar a vocação esportiva do clássico. Os bancos bipartidos em couro preto somam ao painel escuro com instrumentação original, rádio AM, saídas de ar-condicionado, emblema e volante com “pegada” fina.
Geração com mais “mimos”
Os modelos de 1968 foram produzidos a partir de janeiro daquele ano. A fase incorporava cintos de ombro (que tinham sido anteriormente opcionais, em modelos 67-68), em oposição aos cintos de segurança subabdominais padrão. A opção de ar-condicionado foi totalmente integrada no tablier e os alto-falantes com sistema estéreo foram atualizados.
À época, as marcas rivais tiveram de responder rapidamente ao Mustang, sob risco de comerem ainda mais poeira em vendas e em moral junto ao público. A General Motors mostrou seu Pontiac Firebird, seguido pelo Chevrolet Camaro. A Chrysler apostou no Plymouth Barracuda e no Chrysler Challenger (mantendo nomes de carros que antes eram mais espaçosos do que fortes). A AMC mostrou o Javelin. Até a japonesa Toyota, já de olho no mercado norte-americano, respondeu ao Mustang com seu Celica.
Dos tempos em que o Ford Mustang 1968 GT Fastback alcançou status de ícone depois que foi destaque no filme Bullitt, estrelado por Steve McQueen, aos raros clássicos esportivos que circulam em ruas brasileiras, o esportivo move corações e ensurdece. Márcio Cruz sabe disso e se deixa levar como todo bom entusiasta.
FICHA TÉCNICA
Ford Mustang 1968
Mecânica
Bloco 289 V8 4.7L com carburação, câmbio automático de três marchas, coletor de escape 4×1
Interior
Bancos bipartidos em couro preto, painel com instrumentação original, rádio AM original (com gravação de estações norte-americanas), ar-condicionado, volante original, emblemas originais
Exterior
Pintura em vermelho, grade cromada, frisos cromados, rodas Mangels e pneus Cooper Cobra
Quem fez?
Ortega Blindados e Reparações Automotivas: desenvolvimento do projeto por Marcelo Ortega; preparação da lataria por Valdemar Grizio; regulagem da mecânica por Rodrigo Vilares e acabamentos finais por Rodrigo Bazan. – www.ortegablindados.com.br
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