Empresário paulistano mantém em Atibaia (SP) uma pequena coleção de hots V8 muito bem montados e com cara de originais

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Picape F-100

Hot que é hot tem que ser V8. Este é o lema do empresário Armando Mantovani Filho, de 61 anos. Todos os carros de Armando contam com esta configuração mecânica. Até seu Jeep Willys 1964, seu primeiro projeto de restauração e adaptação, tem oito “canecos” debaixo do capô. E é claro que com esta F-100 as coisas não poderiam ser diferentes, até porque este carro já vinha com essa configuração de motor quando saía da fábrica, em 1961. O que Armando fez foi melhorar e modernizar o que já vinha de fábrica. Esta não é a primeira picape da vida de Armando. O empresário também tem no currículo outros modelos, como uma F-1 1946 e uma Dodge 1951. “Depois desses carros, o que me faltava era a F-100. Eu sempre tive preferência pelo modelo de 1961, por isso decidi esperar a oportunidade certa para comprar e acabei adquirindo esta de um médico de Campinas”, conta o empresário.

Tem que caber

Na garagem da sua casa em Atibaia, no interior de São Paulo, desde 2009, a picape chegou em bom estado às mãos do empresário. Sua ideia sempre foi manter um visual tão próximo quanto possível do original. O visual externo é sóbrio e a cor preta original foi mantida, mas totalmente refeita. “Como ela não estava muito enferrujada, não foi preciso jatear, mas raspamos totalmente a tinta antiga e pintamos novamente”, conta o empresário, que importou todos os detalhes externos, como emblemas, espelhos retrovisores e a grade cromada. As rodas são originais, mas seus cubos foram adaptados para o aro 15. Os pneus são Cooper Cobra, nas medidas 235/75. Apesar dos pneus largos e de ter usado um diferencial de Galaxie, Armando não queria de maneira nenhuma mexer na proporção do visual original. Por isso, decidiu cortar o diferencial para que as rodas pudessem “caber” dentro dos para-lamas. A caçamba recebeu um assoalho em madeira ipê, com frisos cromados entre as tábuas.

Novos bancos, antigos instrumentos                                                

Por dentro, pouca coisa foi feita. Os instrumentos originais da picape foram retirados e passaram por uma meticulosa restauração para funcionar bem com o novo conjunto mecânico. Os bancos receberam novas forrações em couro. O volante é da Lenker, de três raios, com pegada esportiva.

292” para 302”

A parte mecânica foi a que recebeu maiores modificações. O propulsor original já era de oito cilindros, mas o antigo modelo 292” deu lugar ao atual 302”, modelo original do Maverick GT e principal propulsor de oito cilindros da Ford. A cilindrada original de 5.0L não foi alterada, mantendo como veio da fábrica toda a parte “de baixo” do motor. Os comandos de válvulas originais foram substituídos por modelos 272°, mais esportivos, mas que não chegam a atrapalhar a marcha lenta da picape.

As tampas de válvula da Ford Racing vieram diretamente dos EUA e dão um toque de esportividade ao visual do propulsor, assim como os cabos de vela azuis, ligados ao distribuidor Mallory. O filtro de ar também é da Ford Racing e purifica o ar que entra pelo carburador quadrijet da Holley. O câmbio é um C-4, automático, com acionamento na coluna. Segundo o empresário, este é o modelo que se “acopla” melhor ao motor 302”, tanto em termos de esportividade quanto suavidade na condução. Conforme explicamos acima, o diferencial é do Galaxie. Segundo o empresário, este era o que melhor se adequava ao conjunto. “Como eu estava usando o 302”, com o câmbio C-4, a parte final da receita foi o diferencial de Galaxie, pois achamos que daria uma ótima relação”, comenta. A suspensão original era em feixe de molas, considerada por Armando muito “dura”.

Ele decidiu, então, adaptar o conjunto do Galaxie na dianteira, para dar mais conforto na condução. Para fazer a adaptação, foi preciso cortar o chassi do Galaxie com a parte da suspensão e a mesma parte na F-100, para depois fazer a junção. Na traseira, que antes também tinha feixe de molas, a suspensão foi feita com molas helicoidais, que segundo o proprietário garantem uma boa estabilidade e maciez. Para parar os estimados 240cv de potência da picape, os freios dianteiros são a disco. Na traseira, são a tambor, com hidrovácuo da F-1000. Assim como os outros carros da coleção de Armando – um deles, um Ford 1931 que veremos adiante -, a F-100 é utilizada principalmente para exposições, quando nunca sai de perto dos olhos do “paizão”. “Em eventos é normal eu ter que ficar perto pedindo para as pessoas não colocarem a mão”, brinca o empresário.

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