Conheça o carro da Chrysler que competia com o Ford Mustang e o Chevrolet Camaro

Texto: Aurélio Backo       Fotos: Divulgação

A década de 1960 viu o lançamento do Ford Mustang e, depois, do seu concorrente, o Chevrolet Camaro. E você sabia que a Chrysler também participava nesse segmento dos “pony car”? Seu modelo era o Barracuda e foi lançado em 1º de abril de 1964, duas semanas antes do Mustang! O nome Barracuda foi emprestado de um peixe predador de quase dois metros e muito veloz!

O Barracuda era fabricado pela divisão de entrada da Chrysler, a Plymouth. O automóvel foi desenvolvido a partir do Plymouth Valiant, um modelo compacto da montadora produzido desde 1960. A Ford usou a mesma receita no Mustang, criado a partir do compacto Ford Falcon, lançado também em 1960.

Primeira Geração 1964-66

A proposta do novo modelo da Plymouth era de um carro esportivo com apelo jovem. Nessa proposta, o carro só era comercializado em versões de duas portas e bancos dianteiros individuais. Carro de quatro portas e banco inteiriço era associado a carro do “chefe de família”. A carroceria escolhida foi a “fastback”. Em um fastback a transição entre o teto e a tampa do porta malas era feita em um mesmo plano e inclinada. E no Barracuda os estilistas criaram nessa transição um enorme vidro com cantos em curva. Na época era o maior vidro da indústria automobilística e isso se tornou a marca registrada do carro. Já a tampa do porta-malas era pequena,  mas os bancos traseiros eram rebatíveis e permitiam um espaço enorme e plano para carga. Além de permitir levar pranchas e esquis, era possível usar o espaço para pernoitar numa viagem mais longa!

Mecanicamente o carro respeitava a tradição norte-americana: motor dianteiro e tração traseira. Duas unidades de força podiam equipar o veículo. Para quem queria economia, a escolha era o motor de seis cilindros em linha, com 3,6 litros e 145 HP. Mais emoção ficava por conta de um V8 de 4,4 litros e 180 HP. A suspensão dianteira independente usava barras de torção e atrás o eixo de tração era suspenso por feixes de molas convencionais.

Na estrada, o Barracuda equipado com o motor de seis cilindros atingia 97 km/h em cerca de 14 segundos e atingia velocidade final de 153 km/h. Já com o motor V8, o tempo caia para 11 segundos e a velocidade máxima era 161 km/h.

Para 1965, o Barracuda não foi alterado esteticamente, mas um pacote de acessórios chamado de Formula “S” o deixava mais veloz e estável. Equipado com esse pacote, o modelo acelerava até os 97 km/h em apenas 8 segundos e atingia velocidade máxima de 185 km/h. No pacote havia: motor V8 com comando de válvulas esportivo, escapamento mais eficiente, carburador de corpo quádruplo,  suspensão mais firme, pneus largos e caixa de direção mais rápida.

E as vendas? Poucas…

O modelo 1964 vendeu 23.443 unidades, muito pouco se comparado com a produção do Ford Mustang 1964 de 126.538 unidades. O páreo era duro, pois o Mustang era um carro excepcional em estilo, mecânica, acessórios e preço. E ainda era disponível também na opção conversível, enquanto o “Cuda” só em carroceria fechada.

Segunda Geração 1967-69

Em novembro de 1966 foi lançado o novo  Barracuda 1967. Foi a primeira reestilização do carro e a gama de opções de carrocerias enfim se igualou à do Mustang 1967: fastback, coupe e conversível. Três também eram as opções de motores; além dos motores de 6 cilindros de 3,6 litros e o V8 de 4,4 litros, um enorme V8 de 6,2 litros e 280 HP estava na lista dos opcionais.

Em 1968 a Plymouth elaborou o mais exclusivo de todos os Barracuda. Era destinado a competidores profissionais de “drag racing”, as provas de arrancada de quarto de milha. Embaixo do capô um gigantesco motor V8 de 7 litros e 425 HP foi instalado. Esse era o famoso motor “Hemi”, o mais poderoso dos motores V8 e superior aos motores da Ford e da General Motors. Para aliviar o peso e ganhar alguns décimos de segundo nas provas algumas partes da carroceria eram mais leves. O capô e o para-lamas dianteiros eram feitos de plástico reforçado com fibra de vidro e as portas de metal eram tinham a chapas mais finas. Na pista o “foguete” percorria os 400 metros das provas de arrancada em apenas 11 segundos, atingindo mais de 200 km/h!

Terceira Geração 1970-74

A terceira geração do “Cuda” foi lançada com o modelo de 1970. O desenho era completamente novo e lembrava a primeira geração do Chevrolet Camaro… Nesse ano não era ofertada a carroceria fastback, apenas a coupe e a conversível. Essa geração foi a última do Barracuda e sobreviveu  até 1974. Nesse último ano, apenas 11.734 unidades foram vendidas. E o “peixe” da Plymouth foi extinto. Para consolo dos apreciadores dos carros da Chrysler, em 1974 o concorrente Mustang nem ofereceu a opção de motor V8, apenas motores V6 e um motor de 4 cilindros de 85 HP (o mesmo motor do Maverick nacional de 1975). Os tempos eram outros na indústria automotiva americana e mundial – reflexos da crise do petróleo de 1973. Nesse ano houve racionamento de gasolina nos Estados Unidos. Os produtores árabes reduziram propositadamente a produção de petróleo para que o preço do barril aumentasse…

No encerramento da produção do Barracuda, um total de 392.587 haviam sido produzidos entre 1964 e 1974. Uma quantidade muito pequena, pois só entre 1964 e 1965 foram produzidos pela Ford  685.989 Mustangs… Isso faz do “peixe” da Plymouth um carro muito mais exclusivo que o “cavalinho” da Ford!

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