Quem vê este Bel Air 1956 imagina que ele acabou de sair da  fábrica, mas ao ouvi-lo acelerar é possível perceber que há uma grande surpresa debaixo do capô

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Bel Air 1956

O Chevrolet Bel Air é um carro que dispensa apresentação entre os rodders. É praticamente impossível entrar em uma oficina especializada que não tenha pelo menos um pôster do sedã norte-americano. Sonho de infância do consultor de empresas João Figueira, de Curitiba (PR), este modelo é ainda mais especial, pois é um raríssimo quatro portas sem coluna. “Este carro teve muito menos unidades vendidas do que o de duas portas. Este é um grande sonho meu de criança que precisei esperar cinco décadas para realizar”, conta o proprietário, que antes deste veículo já tinha tido experiência de restauração com outro clássico, um Dodge Charger R/T 1977.

Este Bel Air chegou às mãos do consultor há cinco anos, por meio de familiares dele em Porto Alegre (RS). “Pelas fotos, o estado do carro parecia bom, com alguns pontos visíveis de ferrugem, além de faltarem motor e caixa de câmbio”, comenta João, que decidiu pela manutenção do visual originai, inclusive com os 144 frisos da carroceria. Sim, caro leitor, você leu certo, são 144 adereços, todos garimpados no Brasil e no exterior. Fora isso, foram adquiridas novas maçanetas, grades, faróis, lanternas, entre outros itens de acabamento. Segundo João, a grande dificuldade nesta parte foi com a importação.

“A burocracia no Brasil parece ter sido feita para você desistir dos projetos, com custos altos e prazos que fazem com que todos os planos atrasem”, diz. A cor do carro antes da reforma era a mesma atual, mas com uma tonalidade diferente. “As cores atuais são azul da BMW 2011 e branco VW da Amarok e Golf. Tudo em PU, sendo o azul metálico e o branco sólido”, explica o proprietário. As rodas dão um toque de modernidade e esportividade ao Bel Air. Da American Racing, as redondas são de 17”, montadas em pneus Michelin 235/50 na dianteira e 235/55 na traseira.

Câmbio no Chão

Originalmente na coluna, a alavanca de câmbio passou para o assoalho, por conta do novo conjunto mecânico. Além disso, a parte interna também recebeu instrumentação moderna, da Cronomac, para aferir com precisão a saúde do motor. O volante é da Grant Racing. Os bancos são adaptados de um luxuoso BMW série 7, muito adequados à imponência deste belo sedã. Para empurrar as duas toneladas de peso do Bel Air, João optou por um belo conjunto mecânico. Tendo em mente que não queria sair do “quintal de casa”, o consultor adotou um propulsor Chevrolet, de oito cilindros e 330cv de potência. O clássico Chevy 350” deste sedã conta com tudo que há de melhor em termos de performance. Os coletores de admissão são Weiland, parafusos de admissão Spectre, carburador e filtro de ar Edelbrock, distribuidor integrado, cabos de vela Damper, bomba d’água, arranque, alternador e bomba elétrica de combustível da Procomp, juntas Mr. Gasket e velas Champion.

O câmbio é manual de cinco marchas, um Eaton Fuller, usado nos antigos Omegas de competição da Formula 5000. O miolo e relação de marchas são da Nissan Frontier, com a capa seca e túnel traseiro da S10, montado pela própria Eaton. A suspensão ainda é original e conta com balança com amortecedor na dianteira e feixe de molas na traseira. O sistema em breve deve receber um conjunto de coil over para dar ainda mais estabilidade.

“Ele é bastante no chão, mas será feito um pequeno acerto no sistema de direção hidráulica para melhorar ainda mais”, comentou. Os freios são a disco nas quatro rodas, sendo disco e pinça da Captiva na dianteira e Opala na traseira. Agora, depois de pronto, João relembra o trabalho que deu a restauração e como muitos duvidaram da sua realização. “Muita gente me aconselhou a desistir, principalmente por conta dos percalços pelos quais passamos, mas me mantive firme nas minhas ideias e, creio eu, o resultado ficou muito bom”, comenta.

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