Depois de perder seu primeiro Chevy Ramona durante um projeto de restauração, empresário adquire outro modelo de 1930 e monta um hot com cara de original e motor seis cilindros
Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa
Chevy Ramona 1930
Nem só de projetos totalmente customizados vive a cultura Hot. Os “lobos em pele de cordeiro”, modelos com aparência original, mas com motorização muitas vezes bem preparada e moderna, são quase uma vertente à parte, e das mais cultuadas. Mas, para montar um projeto desse tipo, os desafios são muitos e é preciso uma boa dose de expertise no assunto para não cometer um erro e acabar “estragando” uma carroceria. Apaixonado especificamente pelo modelo Chevy Ramona, o empresário Marcilio Lopes do Carmo, de 35 anos, teve um problema desse tipo há muitos anos.
Adquiriu seu primeiro Ramona com 22 anos. “Naquela época comprei um Ramona com banco da sogra e eu e meu irmão começamos o projeto. Infelizmente, por inexperiência, acabei perdendo o carro. Fiquei muito tempo procurando outro modelo igual, até que, com 30 anos, consegui achar um Ramona 1930 com banco da sogra”, comenta o empresário. Quando Marcilio pegou o carro, havia pouca coisa a ser feita, pois o estado geral da carroceria era muito bom.
Mas, para garantir que tudo sairia a contento, Marcilio levou o carro até Toninho Marin, da Marin Olds. “Eu disse ao Toninho que queria um carro com todas as características originais, mas que fosse capaz de aguentar viagens longas, com uma mecânica confiável”, comenta Marcilio. Pedido feito, pedido realizado. Com muita experiência em hot rods, Marin conseguiu exatamente o que o proprietário tinha pedido: um carro com visual original, potente e confiável.
Em madeira
A parte estrutural do carro se manteve como no modelo original, inclusive com partes, como o assoalho, em madeira. Era assim que os carros eram feitos antigamente e Marcilio quis manter este detalhe histórico no projeto. A cor do carro também era original e o empresário decidiu mantê-la. Grade, frisos e faróis são originais, só receberam um trabalho de restauração, pois é muito difícil achar peças para este modelo no Brasil.
A capota, que já não estava nos seus melhores dias, deu lugar a uma nova, em vinil. A soleira e o quebra-vento são réplicas dos originais da Chervolet. As rodas são da Mangels, em aço, de 14” na dianteira e 15” na traseira, montadas em pneus Cooper Cobra, 215/60 na dianteira e 235/60 na traseira.
Esportivo original
Por dentro pouca coisa foi modificada. A antiga coluna de direção foi trocada por uma nova e o volante de três raios é da Chevrolet, da década de 70. Os instrumentos são originais do modelo, só foram restaurados e afinados para funcionarem com a nova mecânica. Os bancos também são originais, mas foram rebaixados e revestidos com couro.
250-s
Por baixo do capô do Ramona está um propulsor Chevrolet seis cilindros e 4.1l de cilindrada. É o famoso seis-em-linha do Opala, escolhido pelo proprietário, com a ajuda de Marin, como o conjunto que atenderia melhor às suas necessidades. Segundo Marcilio, o grande desafio nesta etapa foi acondicionar o grande motor no cofre apertado do Chevy sem abalar nenhuma estrutura, que é composta em grande parte por madeira. O motor de seis cilindros é capaz de entregar até 180cv de potência em configuração original, o que torna os passeios no Ramona ainda mais divertidos.
Apesar da estrutura antiga e o motor forte, Marcilio garante que o carro entrega bastante estabilidade, até porque utiliza a plataforma de suspensão do Opala, feita para o conjunto de seis cilindros. O trabalho realizado pela Marin Olds agradou muito a Marcilio, que hoje não coloca nem preço no carro.
“É um sonho realizado na minha garagem, não tenho nem como colocar preço, jamais venderia”, afirmou o rapaz. O Ramona de Marcilio fez tanto sucesso na família que está prestes a ganhar um “irmão”. “Minha mãe gostou tanto do carro que meu pai teve que comprar um igual e transformá-lo em hot. Já está quase pronto, vai ser amarelo e preto”, comenta o proprietário.
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