O desejo de ter na garagem um belo Ford 1934 fez com que todas as dificuldades, custos altos e empecilhos fossem  encarados com muito bom humor pelos envolvidos

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Ford 1934

Apenas quem já montou um projeto a partir do zero sabe como pode ser difícil e custoso ter um hot de qualidade estacionado na garagem. O casal de aposentados curitibanos Marília e João Augusto Martins descobriu os desafios propostos pelo “vírus da ferrugem” após ter a ideia de montar o belo Ford 1934 em fibra desta reportagem. O sonho nasceu há três anos e meio, quando o casal visitou uma exposição no Parque Barigui, em Curitiba. “Após apreciarmos vários carros na feira, encontramos um Ford 1934 e um Chevrolet 1938, ambos muito bonitos.

Procuramos saber quem era o dono quando, para nossa surpresa, soubemos que eram réplicas em fibra. Conversamos com o dono do carro, que se identificou como Ernani, da SS Fiberglass, e ele nos disse que tinha também réplica do Ford 34. Ajustamos o preço e condições de pagamento e partimos para a compra. Até aí, tudo muito barato! Começamos então a ver o que seria preciso para montar o Ford. Fomos a Novo Hamburgo (RS), na fábrica da SS Fiberglass, e de lá já voltamos com um gasto igual ao preço do carro só em acabamentos”, comenta João, que mal sabia que o desafio estava apenas começando.

Ford 1934
Ford 1934

Em busca de doador

O Ford 34 em fibra já vem totalmente preparado para receber a mecânica completa do Opala. A grande questão era encontrar um modelo que servisse como bom doador, isto é, com a mecânica em dia.

“De anúncio em anúncio achamos um Opala Diplomata 4 cilindros que estava dentro de nosso orçamento. No dia que chegamos para fechar negócio o proprietário nos disse que só seria necessário colocar bateria e gasolina que poderíamos ir à praia com ele. Só se esqueceu de nos dizer de que jeito, se andando ou em cima de uma prancha. Cada vez que algo era revisado, tínhamos uma surpresa. O Opala saiu caro. Mas chegamos à conclusão de que se trata de uma boa terapia para um casal de aposentados. Nesses últimos três anos, de professora e vendedor aposentados passamos a ser frequentadores assíduos de oficinas e lojas de peças”, brinca o proprietário, que não desanimou e passou para o próximo desafio: parte estética e forrações.

Ford 1934
Ford 1934

Hot clássico

O visual externo é bem clássico dos hots, com pintura em vermelho “Flame” da Nissan. O trabalho foi meticuloso e bem executado. Para terminar tudo, foram sete meses de trabalho. Faróis, para-choques e retrovisores foram importados dos EUA, originais do Ford 1934. As rodas são de 15”, cromadas, montadas em pneus Maxxis Bravo, nas medidas 205/70 na dianteira e 225/75 na traseira.

Por dentro, foram adaptados bancos do Chevrolet Astra, mas com forrações diferenciadas para dar um tom clássico ao interior. O volante é estilo banjo, revestido em couro, e os instrumentos são da Cronomac. Todo o interior foi forrado com couro bege e carpete, criando um bom contraste com a tonalidade do exterior e do painel.

Ford 1934
Ford 1934

Quatro em linha

Conforme já foi dito, o propulsor escolhido para compor o projeto é um Chevrolet 2.5L, original do Opala. Os 95cv de potência originais, depois de todas as revisões, rendem bem para empurrar a carroceria em fibra, bastante leve por natureza. O câmbio é de cinco marchas, mecânico, também herdado do Diplomata doador.

O acionamento é feito via alavanca no assoalho. Da mesma forma, a suspensão e os freios também chegaram a partir do sedã da Chevrolet e oferece conforto e segurança na medida para os passeios do casal. “É um carro estável. Não fizemos para uso diário, será mais para passeios, até porque não podemos esquecer que foi montado a partir de um Diplomata 83. Esperamos nunca ficar na rua com ele”, ri o aposentado, que, junto à esposa, parece ter gostado da “brincadeira” e já tem outros projetos em vista. “Estamos montando outro hot, um Ford 29, este em lata, e também será com mecânica de Opala 4 cilindros”, conta. O rodder ainda dá um conselho a quem quer entrar neste mundo: “Nunca some os gastos”, brinca.

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