Descubra a história do movimento Hot Rod por trás do estilo da pintura do seu carro
Texto: Aurélio Backo
Fotos: Divulgação
Hot Rods
Com certeza o primeiro hot rodder não precisou escolher a cor que iria pintar seu carro. Provavelmente o Ford Modelo T desse rodder deveria estar em boas condições e a pintura original deve ter sido mantida! Mas à medida que os Ford T, Ford A e os Ford 32 iam ficando mais velhos, o hot rodding foi evoluindo e o estilo da pintura também acompanhou essa evolução.
Existem muitos estilos de pinturas de hot rods e a seguir vamos fazer comentários sobre alguns desses estilos.
Original
Manter a pintura original sempre foi a solução mais fácil e barata. Mesmo em um automóvel com a pintura em mau estado, muitas partes não necessitam de repintura, como o lado de dentro das portas, das colunas e do painel. Sendo assim, um hot rod com pintura original o colocaria numa linha do tempo como um modelo montado nas décadas de 1920, 30 ou 40.
Na década de 70, apareceram os “resto rod”. Nesse estilo, o carro tinha a mecânica atualizada, mas externamente ele era mantido todo original, exceto pelas rodas esportivas. A pintura poderia seguir esse tema e ser escolhida dentre uma das cores do catálogo original.
Fosca
Lá pela década de 40, os Fordinhos já eram carros velhos. E na montagem de um hot rod, a pintura em mau estado poderia ser toda “fosqueada” e coberta por uma camada de tinta base (primer). O “fosqueamento” consistia no lixamento superficial da pintura para criar uma superfície mais aderente à nova tinta. Mas o hot poderia ser finalizado e posto para rodar sem nunca ser repintado. E essa tinta base, em geral cinza, passava a ser a pintura definitiva. Um hot pintado de cinza fosco (ou vermelho óxido, outra tinta de base), o coloca numa linha de tempo nas décadas de 1940 e 50.
Em anos recentes, muitos hots passaram a ser pintados em cores foscas, especialmente de preto. Essa tendência procurava fazer modelos mais simples e mais ligados às origens da cultura.
Brilhante
Aqueles hots que passavam da fase do “primer” eram pintados, em geral, com cores chamativas. A cor que se tornou padrão de um hot rod foi o vermelho. Preto brilhante também era uma opção bem cotada. A escolha também poderia ser de uma cor bonita escolhida de um carro novo da época. Norm Grabowski, o pai dos T-Bucket, escolheu para repintar seu “T” a cor azul royal do Dodge 1956. Na época o Dodge 1956 era um carro do ano!
Hoje, alguém que queira fazer um carro com a ideia de deixá-lo com a marca de um ano em especial pode escolher a cor dentro do catálogo de determinado ano. Como exemplo, escolher uma cor no catálogo de 1959 da Cadillac. Atualmente várias lojas de tintas automotivas têm acesso a uma enorme base de dados que inclui os catálogos antigos. Em geral basta saber o nome e o código original da cor desejada. E não tem mais desculpa para pintar um modelo tradicional com azul denim do Honda Civic…
Flames (chamas)
Um rodder era uma pessoa criativa que não se contentava com a mecânica original do seu carro. Essa criatividade também passou a buscar maneiras de alterar a pintura do carro, não se contentando com uma pintura lisa. O desenho de chamas (flames) na dianteira do carro foi uma intervenção que se tornou uma marca registrada dos hots. Não se sabe quem fez a primeira, mas já eram muito populares desde os anos 50. Nas pinturas de chamas mais tradicionais, as línguas de fogo são grandes e largas, com predominância da cor amarela, decorada com tons de vermelho e laranja. O desenho das chamas sugeria que a velocidade do carro era tanta que este entrava em combustão! Ou que o motor dentro do cofre era realmente “quente”! As chamas podem ser desenhadas em dezenas de estilos e cores. Existem também as “real flames”, que são pintadas para parecerem com chamas de verdade! Essas são executadas com técnicas sofisticadas de pintura usando as pequenas pistolas de air brush.
Scallops (recortes)
Este estilo lembra chamas simplificadas. Usam curvas suaves ou até mesmo linhas retas para fazer os desenhos com pontas. Apesar de simples, o efeito gerado na lateral do carro é muito bom: uma sensação de movimento. Esse estilo, assim como as chamas, era bem popular desde os anos cinquenta.
Panel (painel)
Esse estilo de pintura teria sido criado pelo norte-americano Larry Watson, no final da década de 1950. Nas laterais, ou em todo o carro, são criados vários painéis que lembram uma colcha de retalhos. O resultado é muito chamativo, mas o desenho do próprio carro é quase que totalmente perdido. Este estilo seria mais adequado a um custom, mas o desenho de painéis fica muito bom em um hot com carroceria pequena, como num T-Bucket.
Lace (renda)
Em 1967, Larry Watson pintou todo um Pontiac 1963 com um motivo geométrico repetido que lembrava uma renda. O resultado final não interagia muito ao estilo do carro, era apenas uma pintura diferente e chamativa. Esta técnica aplicada dentro de painéis parece dar melhores resultados. O efeito é muito bom quando aplicado a um painel apenas no teto do carro.
Envelhecido/pátina
Há não muitos anos atrás, vários hots adotaram um estilo de pintura que não tem um nome definido, mas que busca deixar o carro parecendo gasto e abandonado. A inspiração veio de hots que, com o passar dos anos, se desgastaram ou foram abandonados. Após terem sido resgatados e colocados em funcionamento, os donos decidiam não repintá-los. Manter o desgaste do tempo é uma preciosidade única, uma máquina de voltar no tempo. O objetivo hoje em dia de fazer um hot rod com uma pintura simulando um carro envelhecido é o desejo de ter encontrar um carro abandonado por dezenas de anos num galpão….
Temático
Um hot é um brinquedo de gente grande. E o dono pode pintá-lo como se fosse mesmo um brinquedo. Nessa linha temos carros pintados como se fossem do exército, da polícia ou até um carro da Coca-Cola. Essa pintura pode ser feita uma opção divertida para fazer sem muito compromisso enquanto o carro ainda está sendo construído. Depois que o carro estiver pronto esse seguiria para a pintura definitiva e “normal”… Outra variação desse estilo é simplesmente criar nas portas o logotipo de uma oficina de hot rods. E o nome da oficina, lógico, seria o do próprio dono do carro!
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