Ford T-Bucket: Bactéria nervosa!

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Entusiasta é contaminado pela cultura rodder, fabrica T-Bucket de primeira linha com bloco 292 de 250 cv e ainda emplaca acabamento sofisticado com direito a bancos costurados na cor da carroceria

Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Ricardo Kruppa

Ford T-Bucket

Claudio Chatagnier Neto, 64 anos, projetista mecânico de Curitiba (PR), foi contaminado. A bactéria chamada “T-Bucket” resulta de uma ação comum que afeta, sobretudo, rodders. É quase como um problema em busca de resolução: o número de bactérias de uma cultura t, horas após o início de certo experimento, é dado pela expressão N(t)=1200. 2 ^{o,4t}. Nessas condições, quanto tempo após o início do experimento a cultura terá 38.400 bactérias? Tudo bem, você não precisa resolver. Mas o exemplo, em forma de brincadeira, serve para que você compreenda: amor, trabalho, dinheiro e tempo investido conduzem a mesma fórmula diante de qualquer projeto. O resultado final é sempre positivo. E a cultura é a mesma.

“Há muito tempo sou apaixonado por modelos hot e a escolha de um T-Bucket se deu por achar que esse é o carro que mais simboliza a cultura hot rod dos anos 50. Tenho outros carros também fabricados por mim, mas este é especial”, garante o entusiasta.

A relação de Claudio com o modelo T começou há seis anos, período no qual o projeto começou a ser desenvolvido. Desde a concepção do chassi, passando pelo conjunto mecânico até a finalização e acabamento de pintura, o proprietário fez parte da realização. “Tinha o projeto desenhado na cabeça há um bom tempo, então fui comprando as peças, o motor, eixo traseiro e acabei ganhando um eixo dianteiro de um amigo. Comprei a carroceria de fibra de vidro do amigo Aurélio Backo. Faltava apenas o chassi”, explica.

Após essa seleção de peças, Claudio começou a construção do chassi e o restante foi sendo desenvolvido até tempos depois chegando à conclusão com os acertos finais na mecânica. “Toda a construção de chassi, suspensão coil over, assoalho em chapa, estrutura para os bancos, coluna e caixa de direção, freios e demais adaptações foram serviços executados por mim, um projeto totalmente autoral”, confirma.

Experiência adquirida ao longo de 30 anos à frente da oficina mecânica, Claudio começou jovem na profissão. Aos 14 já estava matriculado em um curso técnico de mecânica. A partir daquele momento, dezenas de antigos restaurados, streets e hots, além de muscle cars passaram pelas mãos do profissional. “Antes dos 15 anos eu já tinha meu carro antigo, e como ele sempre dava problema, eu mesmo tinha que ajustá-lo. Estou com 64 anos hoje, então tenho em soma 50 anos de carreira nesse segmento”, pontua.

T-Bucket

Inocular é preciso!

O T-Bucket leva o bloco Ford Y-block 292 do modelo Galaxie com comando de válvulas Iskenderian 278, cabeçotes retrabalhados, carburação bijet Motorcraft e escapamento artesanal – receita que confere algo em torno de 250 cavalos ao modelo. A transmissão adaptada ao projeto é de três marchas (também do Galaxie), porém, com trambulador adequado para a aplicação do câmbio no assoalho. Para o kit de freios, Claudio instalou discos e pinças de GM Opala na dianteira e tambores do Ford Maverick na traseira. Detalhe para o sistema de servo freio que com o cilindro mestre do Opala confere um sistema confiável.

O eixo traseiro de Ford Maverick com relação 3,31:1 (muito curto) é compensado pela escolha dos grandes pneus Yokohama 255-60. Na dianteira os pneus utilizados são Michelin 185-60-14 e as rodas são de aço estampado – modelo SS do Opala (14”x7 na frente e 15”x10 na traseira).

Diante da estética, o T-Bucket recorre a duas cores: azul Turner e prata Andino – com pequena faixa vermelha que circunda a carroceria. O mesmo ocorre com o estofamento feito com carpete azul e bancos e laterais em couro nas mesmas cores da carroceria. As costuras dos bancos receberam a cor vermelha para atribuir ainda mais charme ao interior do clássico. “Todo projeto é trabalhoso, mas o que exige mais cuidado na preparação é a pintura, de fato. É preciso ficar lisa e com perfeição, o que é um tanto difícil. Mas o resultado ficou atraente e até sofisticado. Esses detalhes do interior também fizeram a diferença com o volante Grant”, define Claudio.

T-Bucket

Para muitos entusiastas, adquirir um clássico já é motivo de alegria. Agora, imagine quando seu automóvel foi fabricado com as próprias mãos. Claudio garante que a primeira sensação é de “missão cumprida”. “A segunda sensação e as demais são maravilhosas porque ronco de V8 e vento na cara são insubstituíveis”, afirma.

Entre uma acelerada e outra é difícil eliminar a bactéria T-Bucket do organismo. Talvez, para Claudio, essa “doença” não tenha cura. Fato é que o resgate e a concretização de um sonho já valem qualquer vida.

Se você ficou curioso, a resposta da expressão do início do texto foi resolvida por nossa equipe. Veja só o resultado da brincadeira.

N(t) = 1200 * 2^(0.4t)

1200 * 2^(0.4t) = 38400

2^0.4t = 38400/1200 = 32 = 2^5

0.4t = 5

t = 5/0.4 = 12h 30minutos. Com esse tempo daria para começar a abrir a lata do Primer, não é mesmo?

Mecânica

Bloco Ford Y-block 292, comando de válvulas Iskenderian 278, cabeçotes retrabalhados, carburação bijet Motorcraft, escapamento artesanal, transmissão de três marchas, discos e pinças de freio GM Opala na dianteira e tambores do Ford Maverick na traseira e sistema de servo freio;

Interior

Volante Grant, câmbio no assoalho, estofamento feito com carpete azul e bancos e laterais em couro nas mesmas cores da carroceria, costuras dos bancos na cor vermelha;

Estética

Na dianteira os pneus utilizados são Michelin 185-60-14 e as rodas são de aço estampado – modelo SS do Opala (14”x7 na frente e 15”x10 na traseira), traseira com pneus Yokohama 255-60, carroceria em duas cores: azul Turner e prata Andino e faixa vermelha;

Quem fez?

Mecânica – Auto Mecânica Performance (41) 9645-3020; Elétrica – Rubens Gadolti (Rubão) – (41) 9603-6096; Estofamento – Cristo Estofamentos (41) 3338-3570 e Escapamento – Escapepar (41) 3333-5462.

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