De modestos 50HP para mais de 500HP. Definitivamente, este não é um Morris Minor comum…

Texto: Stav
Fotos: Matt Woods
Tradução: Vitor Giglio

Morris Minor

Quando falamos de veículos modificados, uma coisa é fato: se você possui criatividade, talento e, claro, dinheiro, você consegue construir o que quiser, a partir do que quer que seja. Troca de motorização, modificações insanas na parte externa, grandes alterações no interior – tudo isso é lugar comum nas páginas de Fast Car, mas é preciso admitir que começar um projeto com uma boa plataforma, além de te fazer economizar muitos esforços, pode te fazer alcançar o supra-sumo das customizações. É isso exatamente o que Antony Wilkins fez com seu xodó, um Morris Minor. Antes de começarmos, vale a pena dizer que este carro foi um supercarro de arrancadas, um monstro das pistas. Infelizmente este veículo não existe mais.

Ele foi completamente destruído em um acidente pouco tempo depois de feitas as fotos utilizadas nesta reportagem. Voltamos a falar desta trágica parte da história mais adiante. Se vocês já viram um Morris original por aí, há grandes chances de ter sido em um passeio ao parque no final de semana. Não vamos entrar aqui em detalhes sobre a origem e história do carro, basta dizer que se trata da versão inglesa do Volkswagen Beetle. Também conhecidos como “Moggys”, eles foram desenvolvidos no início dos anos 1950, durante duas décadas, até o início dos anos 70. Eles tinham tração traseira e um motor original que mal chegava aos 50HP, potência que não era capaz de fazer com que o veículo alcançasse os 80mph.

Definitivamente, não eram veículos de performance. Mesmo assim, as pessoas amam esses carros, e se você tiver imaginação e talento suficientes, poderá agregar a eles a agressividade e performance. E é graças ao inquestionável talento de Antony que este projeto surgiu. Antony tem 45 anos, quase o mesmo número de cavalos que o motor original do carro.

Police car

Na parte externa, um grande scoop foi colocado para alimentar o carburador. Essa modificação fez o veículo parecer com um Morris digno de polícia rodoviária, no entanto, sob o capô, sua configuração é de um legítimo fora-de-estrada. Caso você esteja se perguntando, a polícia realmente usava esses carros, com as mesmas cores adotadas neste projeto, por mais que esse exemplar esteja mais propício a fugir de uma viatura. O chassi do bólido, feito pelo próprio Antony, é tubular. A utilização desse chassi favorece bastante a estrutura original do modelo.

Ele permitiu, por exemplo, que Antony substituísse o motor original por um exemplar maior. Um pouco maior. Seis litros maior, na verdade. O big block Chevrolet utilizado foi modificado, e não apenas produz um barulho ensurdecedor em baixas rotações, como também surpreende as pessoas nos giros mais altos, como os 7.000RPM. Por mais que o veículo nunca tenha passado pelo dinamômetro, já que como diz Antony, “aferir não é legal, a diversão está em testar e, se não for o suficiente, tentar algo diferente”, é justo dizer que o Morris beira os 550HP, e isso antes de ativar o sistema de nitro que injeta mais 150HP nele. Quando Antony cita o prazer em testar os novos ajustes e configurações, ele não está exagerando.

Como o big block V8 é munido da maneira tradicional, com carburadores ao invés de um moderno sistema de injeção, ele testou algumas configurações: com dois grandes carburadores Holley ele alcançou sua velocidade final mais alta, enquanto com um único, e também generoso, carburador Proform, ele consegue mais aceleração, atingindo assim melhores tempos, mesmo sem tanta velocidade final. “Depende de como eu acordo para decidir o que utilizar”, diz Antony.

Na pista

Olhe para este carro levantando as rodas dianteiras na largada! Ele possui uma aderência fantástica graças aos pneus Weld Draglite específicos para arrancada modelo M/T 10×15. Qualquer um de vocês que tenha se aventurado em competir em arrancadas em veículos com tração nas quatro rodas sabe qual a sensação de percorrer 60 pés (cerca de 18,2 metros) em 1.6 segundo. A questão é que este Minor atingiu a marca dos 60 pés em apenas 1.3 segundo. E, mais emocionante ainda, conseguiu esta proeza com as rodas dianteiras no ar. “Na marca dos 60 pés eu engatei a segunda, para fazer com que as rodas dianteiras voltassem para o solo. Então foi só segurar firme”, lembra Antony. Segurar firme, como ele diz, também não foi um exagero.

Que tal colocar um veículo no solo a 140mph? Adrenalina suficiente, não? Emoção para qualquer superesportivo que se preze, ainda mais para uma “viatura vintage”. Para parar essa máquina, freios a disco ventilados na frente e freios a disco Wilwood atrás. “E se não desse certo era só acionar o para-quedas”, brinca Antony.

Cintos salvadores

Como mencionado no começo desse artigo, este carro não compete mais, já que foi destruído em um grande acidente. No entanto, Antony não está mais de luto em função disso, pois sabe dos perigos que envolvem esse esporte. Então, vamos aos detalhes. O que, de fato, aconteceu? Quem poderia explicar melhor que o próprio Antony? “Eu estava correndo em Santa Pod, quando passei por uma mancha de óleo e fui perdendo o controle do carro, a cerca de 130mph, até atingir o muro. Então capotei três vezes e só me lembro do resgate chegando e de ver a frente do carro, completamente destruída, no chão”, lembra. “Eu não cheguei a quebrar nenhum osso, apesar de ter me machucado um pouco. Estes cintos de segurança esportivos realmente funcionam”, brinca. Um veículo antigo se transformar em um campeão entre dragsters pelas mãos do talentoso Antony. Apesar do acidente, será que ele se arrepende de algo? “De maneira alguma!”, finaliza.

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