Personagem: Girls in Hots

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Empresa especializada no comércio de peças e venda e aluguel de carros antigos é tocada por duas irmãs apaixonadas pelo universo hot rods

Texto: Vitor Giglio
Fotos: Ricardo Kruppa

Personagem: Girls in Hots

Romeu Siciliano foi uma figura bastante conhecida entre os rodders. Colecionador, entusiasta e apaixonado por veículos de época, Romeu fez de sua paixão a sua profissão e já esteve à frente de algumas empresas dentro deste segmento. A mais próspera delas é a RS Automóveis Antigos Especiais.

Além disso, fundou em 1999, o Museu do Automóvel de São Paulo, no Bairro do Ipiranga, uma gigantesca contribuição para os amantes da história automobilística. O local reunia mais de 60 automóveis fabricados entre as décadas de 1910 e 1950, além de abrigar acervo fotográfico, histórias e curiosidades deste período. O museu foi fechado em 2009, em função de complicações no estado de saúde de seu criador.

Romeu faleceu, o museu foi fechado, mas a RS e o seu legado permanecem graças às suas filhas Mônica Regina Siciliano Ortega e Emília Siciliano, profissionais que dirigem a empresa que é especializada no comércio de peças, aluguel e venda de automóveis de época. “Ele era uma pessoa simplesmente apaixonada por carros antigos. Ele amava o que fazia, então sempre nos dizia quando fazemos o que amamos não trabalhamos”, lembra Mônica.

A diretora da RS, e filha do lendário rodder, também fala sobre como enxerga o papel da mulher neste universo – tempos atrás predominantemente masculino – que hoje cresce, e deve muito à participação feminina. “Quem negocia com uma mulher no carro antigo não quer mais negociar com homem, somos muito mais rápidas e melhores de negócio”, afirma.

Confira a seguir bate-papo com Mônica e conheça mais sobre a história de sua família no universo rodder e sobre a RS Automóveis.

Revista Hot Rods: Mônica, conte-nos como começou o envolvimento de sua família com veículos antigos.

Mônica Siciliano Ortega: Meu pai sempre foi apaixonado por carros antigos, seu primeiro carro antigo foi um Chevrolet 1928. Quando ele conheceu minha mãe esta paixão aumentou, pois um tio dela também gostava de carros antigos e aí eles deram início a uma empresa que comprava, restaurava e vendia veículos de época. Anos depois eles se separaram e cada um seguiu seu próprio caminho destro deste segmento. O caminho do meu pai foi fundar e dirigir a RS Automóveis Antigos Especiais.

Hot Rods: Como era a relação de seu pai com o segmento?

Mônica: Ele era uma pessoa simplesmente apaixonada por carros antigos. Ele amava o que fazia, então sempre nos dizia que, quando fazemos o que amamos, não trabalhamos um minuto sequer. Hoje, percebo que isso é uma verdade, pois posso trabalhar aos sábados, domingos e feriados, e não me sinto cansada. Amo o que eu faço e nasci para isso.

Hot Rods: Quando essa paixão por carros antigos virou negócio para você e sua família?

Mônica: Para a minha família os carros antigos fazem parte do dia a dia desde que me conheço por gente. Nasci e cresci dentro de uma oficina. Quando era criança, meu pai me colocava para separar portas e parafusos. Quando cresci, fiz faculdade de moda, mas no meio do caminho meu pai resolveu montar o Museu do Automóvel de São Paulo e me designou para cuidar dele, me aconselhou a seguir o que meu coração mandar. O Museu era um sonho dele, mas passou a ser nosso também. Ele foi inaugurado dia 21 de setembro de 1999 e funcionou até 2009. Quando meu pai ficou doente, imaginou que teríamos dificuldades em manter toda aquela estrutura em um prédio alugado.

Hot Rods: Conte-nos sobre a RS Autos Antigos. Onde fica localizada a empresa? Quais serviços ela oferece?

Mônica: Hoje a RS tem dois espaços: um onde nós guardamos os carros e o outro no qual guardamos as peças. Viramos uma empresa virtual, pois nosso acervo de peças é muito grande. Atualmente estamos em galpões na cidade de São Paulo e também no interior, mas nossa intenção é unificar tudo em um só lugar.

Hot Rods: E sobre suas preferências pessoais? Quais carros antigos você já teve e quais são seus modelos preferidos?

Mônica: É bem difícil falar, pois crescemos com ferrugem na veia e é difícil gostar de qualquer coisa que não esteja ligada ao antigomobilismo. Meu primeiro carro antigo foi uma Mercedes 1968 azul, comprei do meu pai em um evento em Águas de Lindoia paguei em 10 parcelas, mas como ele era ciumento e realista, não me deixava usar o carro, pois falava que se o carro batesse eu ia ter que parar a oficina para arrumar o meu. De fato, a oficina não estava ali para nos servir e sim para atender aos nossos clientes.  Meus modelos preferidos são desde os da década de 1910 até os da década de 1950.

Hot Rods: Como você enxerga a participação da mulher nesse universo dos automóveis antigos? Você acha que existe preconceito? Como funciona para você?

Mônica: A mulher está tomando cada vez mais espaço no mercado dos carros antigos, preconceito existe, sim, pois muitos homens acham que não entendemos nada, mas como em qualquer profissão, as mulheres têm o seu lugar e acabam se destacando muito. Eu digo que quem negocia com uma mulher no carro antigo não quer mais negociar com homem, somos muito mais rápidas e melhores de negócio.

Hot Rods: Como você enxerga esse mercado de autos antigos nos dias de hoje?

Mônica: O mercado de carros antigos nunca ficou em baixa, trabalhamos com algo que é hobby para as pessoas. Em certos momentos as pessoas param de gastar com o que não é tão essencial, mas como é uma paixão, e um vício, ele nunca para.

Eu acredito que o mercado interno está bem melhor por conta da alta do dólar. Não estão mais trazendo tantos carros de fora e isso faz com que circulem mais os carros aqui no mercado interno. Também acredito que a procura por carros para restaurar aumentou, pois para trazer peças de fora fica bem complicado por questões de taxas e impostos e isso aquece bastante o mercado interno.

Hot Rods: Deixe um recado para os leitores da Revista Hot Rods.

Mônica: Nunca deixe de estar no mercado do antigomobilismo, porque ter um hot é uma satisfação. Quando colocamos os carros na rua eles são tão bem aceitos quanto os originais. O hot é o que faz estes carros antigos andarem, pois muitos deles permanecem em garagens em cima de cavaletes.

Se aproximem dos comerciantes de peças, pois existem muitas peças e opções para deixar o seu carro personalizado e restaurado.

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