Picape Chevrolet 1951 “Boca de Sapo” ganha reforma de mecânico curitibano e se torna carro de passeio de família

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

As picapes das décadas de 1950 e 60, tanto da Chevrolet quanto da Ford, são muito cultuadas entre os rodders e já se tornaram praticamente uma cultura à parte dentro deste universo. Adquirida há sete anos pelo mecânico Leandro Pereira, de 34 anos, esta Chevrolet 1951, conhecida popularmente como “Boca de Sapo”, chegou às suas mãos com bastante coisa a ser feita. “A carroceria estava pintada, mas toda desmontada. Além disso, depois que a peguei, ela ficou parada por cerca de um ano, por falta de peças mecânicas”, conta o mecânico, que realizou todo o trabalho de montagem e restauração sozinho. Todo o trabalho foi feito nos horários livres de Leandro, o que fez com que cada passo fosse um pouco mais demorado do que se fosse feito em outro lugar, mas com certeza a satisfação de ver o trabalho pronto e feito com as próprias mãos valeu a espera.

Carro de trabalho

Apesar de hoje contarem com um status de carro clássico, na década de 60 as picapes eram utilizadas majoritariamente como carros de trabalho, principalmente no interior, onde fazendeiros as utilizavam para carregar produtos e animais. Por isso, hoje é mais comum encontrar modelos como este para comprar no interior, embora estejam ficando cada vez mais raros. Para lembrar este estilo, Leandro decidiu dar ao carro um visual original, com pintura em duas cores, deixando-o bem ao estilo “rancheiro”. Inclusive, um dos adereços da carroceria é um fardo de feno, representando bem o estilo.

Sem ferrugens ou outros problemas graves na carroceria, a “Boca de Sapo” pôde manter seu visual bem próximo do original. Segundo Leandro, a caçamba deu um pouco de trabalho para ficar como está agora. “Levei uns quatro sábados para alinhar, pois ela estava deslocada do chassi, acho que foi o grande desafio dessa restauração”, conta o mecânico, que encontrou a maioria das peças para a picape no Brasil mesmo, especialmente em Águas de Lindoia (SP). Estão incluídos nesta lista faróis, lanternas traseiras, frisos e retrovisores.

A única exceção ficou pela última “costela” da grade frontal, que ainda está provisória e deverá ser importada em breve. As rodas são aro 16, com calotas cromadas e montadas em pneus Goodyear 225/70 na dianteira e 235/75 na traseira.

Tudo original

Por dentro, a picape ainda conta com todos os atributos de fábrica, incluindo instrumentos, volante e até um sistema de som antigo. Claro, tudo foi restaurado para que pudesse funcionar como novo. O banco inteiriço é original, e ganhou novos revestimentos em curvim. Na parte mecânica, a picape conta com um conjunto compatível com o que saiu da fábrica há mais de 50 anos. O propulsor é de seis cilindros de 261”, do modelo C10. A única diferença para o original é que este tem uma construção mais moderna e utiliza bomba de óleo. Leandro estima que atualmente a potência está em cerca de 100cv, o suficiente para passeios com a família, especialidade do mecânico. O câmbio é de três marchas, mecânico, com acionamento na coluna.

O sistema de suspensão é original e por isso muito confortável. Os freios também são originais, a tambor nas quatro rodas. Apesar de antigo, o sistema funciona muito bem até para andar na estrada, onde as velocidades são mais altas. Aliás, viajar é um dos prazeres do mecânico e a família sempre está incluída. “Eu sempre ia ao encontro de clássicos de Águas de Lindoia, sempre de carona com meu concunha do André Beger, que é proprietário de um Plymouth 1936. Em 2009 resolvi ir rodando com a picape e levar a família, minha esposa e os dois filhos, um de dois anos e meio e um de cinco meses. Por conta de a picape ter apenas três lugares, um dos meninos teve que ir no Plymouth do tio.

Muitos disseram que éramos loucos de viajar com crianças em carros velhos, mas fomos e voltamos sem problemas. Bom, quase sem problemas, porque no caminho o purificador do motor, que é banhado a óleo, caiu sobre o coletor de escape, fazendo fumaça dentro da carroceria. Minha mulher, desesperada, achou que estava pegando fogo, mas felizmente tudo se resolveu rapidamente. O bom desses imprevistos é ter história para contar”, comenta o mecânico.

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