Texto: Por redação
Técnico mecânico de Curitiba (PR) estreia com pé direito no universo dos rods: COE estilo rat recebe personalização ousada
Não é todo dia que temos a oportunidade de ver um COE desfilando personalizado por aí. Ainda mais um COE GMC 1954. Ainda mais um no estilo rat rod. Ainda mais um COE construído por alguém que jamais havia montado um hot rod antes.
Todos os méritos são de Eli Luis Dallalibra, 52 anos, técnico mecânico paranaense, de Curitiba. “Eu nunca customizei um carro antes. Na verdade, minha ideia inicial era fazer um rat rod a partir de um Scania moderno, mas quando me deparei com um COE, mudei de ideia na hora. Esteticamente são muito mais atraentes, com o bico arrebitado”, defende o novo aficionado por automóveis de época.
A paixão pelo COE foi avassaladora. Eli encontrou um exemplar GMC 1954 no Rio de Janeiro, em péssimo estado de conservação, e o levou para casa, onde dedicou os 15 meses que viriam a seguir para concretizar o sonho de ter seu primeiro hot rod.
“No início eu pensei que contar com a ajuda de profissionais para a customização, mas então um recusou, o outro colocou obstáculos e foi então que eu decidi fazer tudo por conta”, lembra. As únicas mãos que o ajudaram na empreitada pertencem a Laércio Lucca, seu primo. “Ele me ajudou muito em várias etapas”, recorda agradecido.
Ideias
Eli conta que estabeleceu cinco requisitos obrigatórios que a customização deveria seguir. “Precisava necessariamente ser um COE, enferrujado, com motor atrás da cabine, rebaixado até o chão e com rodas de caminhão”, enumera.
Ele usou como inspiração alguns COEs norte-americanos, vistos em programas do gênero na TV à cabo e também na internet. “Na verdade eu não copiei nenhum modelo, mas me espelhei em alguns que gostei e tentei melhorá-los”, explica.
Trabalho árduo
Torto e totalmente desmontado. Foi assim que esse COE GMC 1954 chegou às mãos de Eli. “Eu comprei na empolgação e só quando cheguei de volta a Curitiba é que vi que ele estava muito feio”, brinca. Cabine, duas portas, capô e para lamas estavam em mãos. Mas esses componentes estavam muito longe de ao menos lembrar um caminhão.
O primeiro passo foi trabalhar para deslocar o motor debaixo da cabine (COE significa cabine over engine, portanto, nesses modelos, o motor fica sob a cabine). “Nós aumentamos o chassi para que o novo motor pudesse ser posicionado atrás da cabine”, explica.
Com o comprimento estendido em um metro foi possível acomodar o novo propulsor entre a cabine e os eixos traseiros. As rodas são Alcoa, de 22,5”, de caminhão, com quatro rodas por eixo na parte de trás. A nova carroceria, articulada, recebeu uma caixa de madeira para abrigar a nova motorização.
A altura do truck é regulada por uma suspensão a ar independente, que trabalha com dois compressores e dois cilindros. “Nós tiramos as molas e trabalhamos direto com as bolsas de ar”, explica. Se por um lado o truck literalmente encosta no solo, por outro, ele pode ser levantado até a altura máxima de 18 centímetros.
Para dar ao COE um visual rat, Eli aplicou sobre a carroceria uma pintura normal com fundo branco, depois sobre ela tinta vermelha e então lixou até a oxidação. A parte externa abriga ainda detalhes como faróis dianteiros da Rural, lanternas traseiras oriundas de caminhões antigo e tanque de combustível externo fictício.
GMC por fora, Mitsubishi por dentro
O conjunto mecânico adotado é oriundo da picape Mitsubishi L200 Triton. São dela o motor, 3.2L e o câmbio, automático de cinco marchas. “Mesmo com o peso de quase duas toneladas e meia, é possível rodar com conforto aos 120km/h”, garante.
O tanque de combustível original tem capacidade para 75L de combustível (diesel) e o COE agora utiliza um escapamento de 6”.
Mais acessórios
No interior, o revestimento é feito com encerado de carga. O painel, em lata, divide espaço com novos acessórios como volante e pedais também da L200. Para a alavanca de câmbio foi adaptada uma pistola de pintura e como console central é utilizado um tanque de combustível de moto.
Por mais que nosso papel não seja o de comparar projetos, é difícil negar que o COE de Eli é um dos melhores primeiros projetos dos quais já tivemos conhecimento. Parabéns pela ousadia!