Empresário vai na contra-mão e monta Bel Air 1955 fosco, sem frisos e maçanetas

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Bel Air 1955

Dos modelos da Chevrolet, o Bel Air, ao lado do Corvette, é o mais querido pelos americanos e um verdadeiro símbolo da ousadia do design cinquentista. Apesar de o nome Bel Air ser usado desde 1950 como uma denominação para Chevrolet de luxo, o primeiro modelo da gravatinha a sair exclusivamente com este nome foi em 1953. Em 1955, o Bel Air ganhou sua primeira grande reestilização, momento a partir do qual ganhou o apelido de “The Hot One”, pelas suas linhas ousadas.

O modelo adquirido pelo empresário curitibano Eidson Roberto Cortes, de 43 anos, é exatamente dessa safra, que compreende os modelos de 55 a 57, a “era de ouro” do Bel Air. Bastante procurados por restauradores e entusiastas, estes Chevy normalmente são recuperados em toda a sua originalidade. Não foi o caso do exemplar de Eidson, que apesar de ter uma empresa que aluga carros antigos para eventos, quis fazer algo diferente com o Bel Air, um projeto com visual mais simples e para uso diário. “Este carro pertencia a um amigo e fiquei um ano esperando para poder comprá-lo. O estilo limpo foi ideia de outro amigo e ficou muito bonito com a pintura fosca”, diz o empresário.

Shaved

O Bel Air 1955 se diferenciava dos modelos anteriores (e até hoje é considerado um dos clássicos) exatamente por trazer no seu visual o glamour dos anos 50, refletido nos frisos, emblemas e calotas cromadas. Com seu projeto customizado, Eidson deixou tudo isso de lado e montou um modelo “shaved” (“raspado” ou “barbeado”, em uma tradução do inglês), sem frisos, maçanetas e emblemas.

A pintura também destoa do padrão original da época, em que o estilo “saia-e-blusa” estava em voga, usado em grande parte dos sedãs de luxo. O Bel Air de Eidson tem toda a lata preenchida em preto fosco, bem como as rodas de ferro, originais do modelo.Os faróis e lanternas são originais, com blue dots nas traseiras. De cromados, restaram apenas os para-choques, a grade dianteira e detalhes de faróis e piscas. Se, por fora, as mudanças foram drásticas, por dentro prevaleceu a originalidade. Os bancos apenas receberam nova forração em couro e o painel com mostrador de instrumentos na forma de leque, uma das marcas registradas do modelo 1955, foi mantido como veio ao mundo.

In line six

Em 1955, a Chevrolet decidiu acompanhar a tendência de motorização que outras montadoras americanas, como Ford e Chrysler, vinham ditando para sedãs de grande porte, e equipou a nova edição top do Bel Air com o seu primeiro modelo V8 small block (apesar de a General Motors ter lançado modelos motorizados com propulsores de oito cilindros um pouco antes dos anos 20, eles se tornaram referência apenas nos anos 50, com os modelos mais modernos criados para o Bel Air e para o Corvette). O modelo de Eidson, no entanto, não está equipado com um propulsor de oito cilindros. O empresário adotou um modelo de seis cilindros em linha, de 4.100 cilindradas, herdado de um Opala.

Para não ter problemas com quebras, Eidson decidiu manter a motorização original, o que com seus quase 200cv de fábrica é suficiente para dar conta de empurrar a lata deste clássico cinquentão. A suspensão é original do modelo mas, segundo Eidson, foi totalmente revisada para encarar os desafios do dia-a-dia. Sim, porque este Bel Air é carro de uso cotidiano do empresário. “Uso o carro sempre, está muito bom e confortável”, afirma.

Definitivamente uma excelente escolha para fazer o trajeto entre a casa e o trabalho com muito mais estilo.

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