Willys 41 foi comprado em Curitiba por Marco, vendido para Djalma e agora está novamente com Marco. Mas com tudo novo
Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa
Willys 41
Uma das coisas mais legais proporcionadas pela cultura hot é o tanto de amizades que se faz e o verdadeiro mercado que se cria a partir delas. O intercâmbio de peças e carros é muito comum neste meio. Um que compra de outro, que comprou de um terceiro, que já comprou alguma coisa do primeiro. As coisas são assim: é volante para cá, roda para lá, um para-lama, um emblema… Enfim, a rotatividade de coisas é muito grande e alguém sempre tem o que o outro precisa, ou quer. Este Willys 1941 é um exemplo de carro muito “rodado”, mas que nos últimos anos esteve nas mãos de apenas dois proprietários.
O atual dono do carro, Marco Rampini, gerente operacional de 45 anos, morador de São Paulo, comprou este carro há alguns anos em Curitiba. À época, o carro despertou o interesse de seu amigo, Djalma Filho. Negociação feita, logo o Willys estava em Florianópolis (SC). Lá o carro foi completamente modificado por Djalma, para um mês atrás voltar novamente às mãos de Marco. “Quando vendi, o carro tinha outra configuração”, conta o atual proprietário.
Americar
Para os menos familiarizados, a Willys era uma montadora criada em 1908 nos EUA e que sobreviveu até 1975. Os modelos mais conhecidos da marca são os jipes, ainda cultuados pelos que gostam de off-roads, e o Aero Willys, um sedã familiar que fez muito sucesso no Brasil na década de 60. Inclusive, a montadora se deu melhor no Brasil do que no seu país de origem.
Por aqui, modelos como o Interlagos, o Gordini, o Itamaraty, entre outros, ainda despertam saudade. O modelo 1941, porém, é raríssimo por aqui. Afinal, a fábrica só chegou ao país 11 anos depois. Produzido só até 1942 sob o patriótico nome de “Americar”, este coupé teve apenas cerca de 30 mil unidades fabricadas, o que o torna ainda mais especial.
Liso
O exemplar de Marco tem um estilo mais moderno em relação aos modelos originais. Nada foi modificado em termos de estrutura da carroceria. Mas frisos, emblemas e parachoques foram retirados, o que confere um ar de esportividade às linhas já agressivas do modelo. Aliás, este design arredondado é uma marca registrada dos coupés do início dos anos 40, todos com faróis redondos e com caudas. Este espírito esportivo é evidenciado ainda mais pelas rodas 15” da Weld, modelos Pro Star. Os pneus são 185/60 na dianteira e 255/60 na traseira. O modelo de Marco também traz retrovisores nos dois lados, algo que não vinha com os carros originalmente. A pintura, que antes era nas cores vermelha e amarela, agora é vermelho sangue, o toque final na receita Hot Rod.
Sport deluxe
Por dentro, o visual segue o padrão “Sport deluxe”, com forração dos bancos e do interior em tons claros e painel pintado na cor da carroceria. Os instrumentos são da fabricante nacional Cronomac, entre eles velocímetro, contagiros, medidor de temperatura da água e nível do combustível. O volante é da Lenker, modelo banjo, um clássico dos projetos de hots. Os pedais são da Cougar.
In Line 4 to 6
Por baixo do capô “narigudo” do coupé já esteve um manco propulsor de quatro cilindros em linha que rendia cerca de 65cv de potência. Muito pouco para um esportivo? Sem dúvida, isso foi o que Djalma achou também. Agora, em vez de quatro, estão disponíveis seis cilindros em linha. O propulsor é o amado por muitos (e odiado por tantos outros) 250-S, original do Opala. Com 4.100 cilindradas, este motor rende pouco mais de 170cv de potência com 32,5kgfm de torque, responsável por dar boas entortadas no chassi do Willys.
O câmbio é Clark, mecânico de quatro velocidades. A suspensão é independente nas quatro rodas, o que confere ao veículo estabilidade maior na dirigibilidade. Os freios são a disco na dianteira com tambor na traseira. Há um mês com o carro, Marco costuma usá-lo sempre que pode e se mostra muito satisfeito. “É um carro muito bom de andar, equilibrado. Não pretendo mudar nada do que foi feito”, comenta ele, que ainda não tem planos de vender o Willys. Mas se, de repente, pintar uma vontade de fazer negócio, será que o Djalma não se interessaria?
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