Chevrolet One Fifty 1956 duas portas já foi veículo oficial da embaixada americana no Brasil e ganha restauração para rodar pelas ruas de Curitiba

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Chevrolet One Fifty 1956

Sem dúvida, um dos grandes atrativos de adquirir um carro antigo está exatamente em conhecer a sua história, saber por onde aquele modelo já passou e quem já o dirigiu. Afinal, ter um modelo como este é comprar, também, um pedacinho da história. O representante comercial Manoel Bandeira, 51, de Curitiba (PR), é um apaixonado por essas histórias e uma figura carimbada nas páginas de Hot Rods, onde já mostrou alguns modelos da sua garagem. Um de seus mais belos projetos, este Chevrolet One Fifty1956 de duas portas, recebeu uma restauração primorosa e detalhada, tendo ficado por quase cinco anos na oficina.

E olha que a situação não era das piores. “O carro estava com pintura original, tinha alguns pontos de ferrugem e o motor estava travado, mas nada que quase cinco anos de trabalho não resolvessem”, brinca o rodder, que desde sempre é um apaixonado pela cultura Hot. “Eu tenho hots desde a época em que a gente chamava de carro velho adaptado, já tive mais de 45 modelos, mas de alguma forma o Chevy 56 foi um que nunca saiu da minha cabeça. Tenho uma atração especial por ele. Do trio de modelos da Chevrolet desta época, o 55, 56 e 57, acho o 56 o mais bonito. O 55 é muito pobre e o 57 muito enfeitado. O 56 está no meio termo, é o mais bonito”, explica. Este Chevy, em especial, tem ainda uma história interessante: ele chegou ao Brasil como carro de serviço de diplomatas norte-americanos. Manoel, aliás, tem todos os documentos relativos a esta época do carro, como a permissão do governo para a venda do carro para um particular.

Mudanças sutis

O projeto do carro seguiu todo com mudanças simples, nada que o descaracterizasse demais. Por isso, embora as cores originais – preto e branco – não agradassem ao proprietário, foi buscado um pigmento que fizesse parte da paleta original do modelo. “Essa foi a decisão mais difícil do projeto. Acabei escolhendo uma das combinações de cores mais bonitas das disponíveis para o modelo na época. Frisos e acessórios externos foram importados dos EUA, onde é fácil encontrar peças para este modelo. “Este é praticamente um carro original, eu apenas fiz o que um jovem de classe média americana faria no final da década de 1950 para deixar seu carro mais “legal”. Troquei as calotas e rebaixei um pouco”, comenta o proprietário. As rodas são originais e um detalhe interessante é que elas são bastante raras no Brasil, pois foram oferecidas apenas entre 1954 e 1956 com aro 15”. A partir de 1957, a Chevrolet passou a oferecer o modelo com redondas de 14”. Manoel conseguiu essas rodas com um amigo, que tinha um modelo 1954 para vender e aceitou trocar somente as rodas. Os pneus são da Pirelli, nas medidas 7,10/15.

Por dentro, este Chevy 1956 é uma verdadeira viagem aos anos 50. Tudo é original, a não ser pelo novo conjunto de cores dos revestimentos. O banco é inteiriço e o painel conta com todos os instrumentos totalmente funcionais. Um detalhe elegante é o câmbio, de acionamento na coluna. O adesivo da personagem Betty Boop remete à cultura das pin-ups e dá um toque de rebeldia ao interior.

Primeira seca

Por baixo do capô também está instalado o propulsor original do modelo, de seis cilindros em linha e 235”, que cor respondem a 3.9L de cilindrada. Com cerca de 120cv de potência, o Chevy desenvolve bem nas ruas, mas não foi pensado para acelerações fortes ou para alcançar grandes velocidades. Aqui, o conceito é desfilar com estilo. Como o objetivo sempre foi manter o máximo de originalidade, o câmbio de três velocidades também permaneceu. Segundo Manoel, como a primeira marcha é “seca”, sem sincronizado, tem engate difícil, principalmente se o carro tiver o menor movimento. O proprietário chegou a adquirir um conjunto de motor e câmbio de uma Veraneio, também seis cilindros e três marchas, mas ele ainda não se decidiu pela troca.

Apesar de o câmbio da Chevy mais nova já contar com sincronizado, tornando sua condução mais confortável, perde ria um pouco do aspecto histórico, o que faz com que o proprietário “balance” diante da vontade de trocar. A suspensão também é do modelo de fábrica, mas adquirida totalmente nova, tornando o carro tão confortável quanto quando chegou ao Brasil, nos anos 50. Os freios também são originais, a tambor, mas não deixam o Chevrolet  na mão. Apesar de ter outros carros na sua coleção, este 56 é realmente uma das maiores paixões de Manoel, que sempre que pode leva o “Diplomata” para um passeio. “É uma delicia de dirigir, nos remete diretamente para os anos 50”, suspira o dono apaixonado.

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