Entusiasta paulistano revive ícone da Ford para acelerar em Track Days; clássico chega a 430 hp com receita aspirada tradicional na mecânica V8 302”
Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Jason Machado
Ford Maverick
Acostumado com os padrões europeus desde o sucesso do Volkswagen Fusca, o consumidor brasileiro sempre viu o Ford Maverick como um carro “beberrão”. Ainda no final da década de 1960, quando foi lançado nos Estados Unidos, o Maverick mantinha características quase econômicas, mas seria por pouco tempo. A fama ficou reconhecida com a versão 302 V8 da série GT, já que o motor de seis cilindros em linha não rendia um desempenho satisfatório e tinha problemas crônicos de superaquecimento.
A verdade é que a versão GT foi feita para quem realmente curte um muscle car que, apesar do alto consumo de combustível, oferece um torque absurdo mesmo em baixas rotações. Vale lembrar que o concorrente do Ford, o Chevrolet Opala, já tinha seguidores fiéis e exigentes, mesmo diante da alta do preço do combustível, à época. Marcos Philippi, empresário de 48 anos e morador da cidade de Santana de Parnaíba (SP), é fã declarado de motores bravos e, no seu histórico, tem modelos Dodge e Opala, mas também houve espaço para um Fusca. “Nos anos 80 começou minha paixão por automóveis, tive modelos da Volkswagen, mas também Dodge e Chevrolet. Compre o Maverick há muitos anos, mas as mudanças nunca param”, conta.
Bom de retas e curvas
O veterano motor instalado no Maverick 1978 de Marcos é apimentado, totalmente diferente daqueles aplicados no Maverick OHC – versão simples que atingia 150 km/h de velocidade final e precisava de cansativos 20,8 segundos para ir de 0 a 100 km/h. Com modificações feitas pelos profissionais Sylvinho Luongo e Carlos Pagliano, o Ford de Marcos ganhou, ao longo dos anos, estrutura e preparação prontas para aguentar as exigentes curvas e retas de qualquer circuito. Especialmente, de Interlagos. “Esse é meu objetivo, desde o começo queria um carro para usar em Track Days. Chegamos nesse resultado, mas nunca acaba o projeto, sempre queremos aprimorar”, garante.
Todo o projeto do Maverick é artesanal. O motor de atuais 336 polegadas cúbicas é composto por um bloco Ford 302” Windsor 5.0L que conta com bielas forjadas 5.4” da Scat, pistões Mahle Motorsport e anéis Total Seal. O virabrequim 3.25 Sct também é forjado e as bronzinas e mancal são da marca Clevitt (série H). Há ainda no conjunto mecânico um reforço para o bloco – uma placa Trick Flow. Para garantir o fôlego do Maverick, o cabeçote recebeu retrabalho com prisioneiros e parafusos da ARP, válvulas em inox da Mahle, e comando, molas e pratos da conceituada Comp Cams. O coletor de admissão é um tradicional Edelbrock e o de escape é um German em inox. Em testes realizados no dinamômetro Dynojet, o Maverick cravou 430 cavalos nas rodas com 50 kgfm de torque, segundo informações repassadas pelo proprietário. São quase 500hp no motor!
A ignição utilizada na receita é uma MSD 6AL e, para enfatizar a máquina, um câmbio sequencial Saenz atua junto com a embreagem Center Force, que garantem trocas de marcha rápidas e sem erro. Na suspensão não há surpresas, mas houve modificações como a aplicação de molas e barras Uniball da TRX. Para segurar a máquina no chão, os freios dianteiros instalados são Wilwood com seis pistões na dianteira e traseiros da mesma marca, mas com quatro pistões.
Visual de turismo
A estética do Ford carrega linha dos carros de turismo e, no interior, se sobressai um par de bancos concha da Sparco com cintos Simpson de cinco pontos de fixação. A instrumentação é toda da AutoMeter, linha Sport-Comp Silver. A alavanca de câmbio, portanto, foi feita artesanalmente pelo preparador do Ford. “Como disse, sempre estamos tentando mudar alguma coisa. O Maverick tem uma aparência racing, é um clássico feito para pista”, define Marcos.
VEJA TAMBÉM: Ford Tudor 1929: Calhambeque que nada.