Visual agressivo, sistema sonoro, motor V8 289 e 450 cavalos de potência. Precisa mais?
Texto: João Guimarães Fotos: Ricardo Kruppa
Mesmo que sejam esquecidos durante muito tempo naquele armário que nunca é aberto, alguns objetos sempre fazem sucesso quando reencontrados. Um bom livro, um disco de música daquela banda preferida, e por aí vai. Com o empresário de Curitiba Aguilar Borsato Silva, de 42 anos, a história não foi diferente, porém o “item” reencontrado foi um legítimo Ford Mustang 1967.
A família de Aguilar sempre viveu em meio a tudo que se refere ao assunto “carros”. O seu pai, Aguilar Silva, de 67 anos, é um apaixonado convicto pelo Mustang e já possuiu três exemplares do carro do cavalinho. Segundo Aguilar, o filho, o modelo em questão foi adquirido em uma viagem a São Paulo em 1973. “Eu tinha apenas oito anos e fui acompanhar meu pai na compra”, lembra. “Nunca vou me esquecer”, completa.
Durante muito tempo o carro foi o xodó da família, todos queriam dar uma volta com ele. Mas em 1995, uma nova aquisição ofuscou o seu brilho. “Meu pai resolveu comprar o modelo moderno do Mustang, lançado naquele ano”, explica. Sem poder competir pela atenção com o irmão mais novo, o modelo 67 ficou para segundo plano. Além de passar a maior parte do tempo encostado na garagem, ele ainda serviu de “garoto propaganda” para a auto-escola de Aguilar. “Eu fiz um adesivo de faixa amarela e coloquei o nome da escola”, explica. “Às vezes o deixava parado na rua, pois chamava muita atenção para o meu negócio”, lembra.
A grande chance de virar a mesa só veio quando Aguilar resolveu recuperá-lo. “Minha idéia original não era fazer nada tão extravagante. Só queria deixar ele bonito de novo”, diz. E conseguiu.
E era pra ser discreto
A lataria do Mustang já estava muito prejudicada quando Aguilar resolveu recuperá-lo. Segundo ele, devido aos adesivos que traziam a marca da auto-escola, muitos defeitos do carro não apareciam. “Muito tempo depois, quando tirei as faixas vi que a situação estava um pouco complicada”, lembra. E não era só isso, além das marcas de ferrugem, o carro precisava de novos assoalhos para os ocupantes dianteiros. “Resolvi desmontar tudo e refazer lataria e interior”, explica.
O serviço de funilaria e pintura ficou a cargo da oficina Recovel, de Curitiba (PR), onde o carro recebeu pintura na cor azul escuro. As rodas de aro 19” são da marca TSW e estão revestidas por pneus Yokohama 235/30/19 na dianteira e 275/30/19 na traseira. As redondas ainda ganharam emblemas com o famoso logotipo do cavalo.
A esta altura do campeonato, Aguilar já havia desistido da idéia de não alterar muito o carro. O interior manteve suas principais características, mas recebeu alguns itens que, como ele mesmo gosta de definir, parecem ter saído de um carro utilizado em algum filme do agente secreto 007.
Para estas alterações, Aguilar deixou o carro nas mãos de Sérgio Tsukamoto, da instaladora Som Vídeo, também de Curitiba (PR). Segundo Sérgio, a idéia principal era montar somente um som de qualidade, sem nada aparente, mas alguns itens chamam atenção por sua tecnologia. “O painel ganhou um DVD player com tela retrátil”, informa Sérgio. Já os acionadores do nitro ficaram em um compartimento especial entre os bancos e também é retrátil. “Adaptei um motorzinho ali”, localiza. “Ele fica escondido, quando o controle remoto é acionado, ele abre”, completa Sérgio.
Para completar as modificações, Sérgio ainda instalou cinco alto-falantes internos mais um subwoofer e um amplificador no porta-malas. “Como o resto do carro já estava diferente, resolvi incrementar um pouco mais”, brinca. Controladores de pressão do combustível, do óleo, temperatura da água e do nitro foram parar debaixo do painel.
Balde d’água
Enquanto a Recovel fazia o trabalho de funilaria e o Sérgio dava aquele trato no som, Aguilar levou o motor a uma outra oficina para ser pintado e limpo. Mas quando o cofre estava pronto para receber o poderoso V8 289, aconteceu uma surpresa desagradável. “Por algum motivo que ainda não entendo, entrou água no motor”, lamenta. Foi então que ele resolveu levar a peça para Andrey Jasper, da Jasper Motor Garage, que não só recuperou o trem de força, como também elaborou uma preparação pra lá de agressiva.
O primeiro passo foi desmontar o motor inteiro e substituir as peças prejudicadas pela água. Os pistões foram substituídos por modelos forjados da TRW de 0,6 polegada e os anéis, da mesma medida, são da Total Seal. A alimentação ficou a cargo de um carburador Holley de 650 cfm´s. “O carro está com taxa de compressão de 9,9:1”, garante. Andrey ainda utilizou válvulas da Manley com comando Edelbrock de 270°/280°.
Para apimentar ainda mais, Aguilar solicitou que Andrey instalasse um kit de nitro no seu 289. “Na verdade foi idéia do meu filho, mas eu também gostei”, garante. Com a alteração, Aguilar calcula que o seu Mustang despeja nada menos que 450 cavalos no chão quando o nitro é acionado. Completam o motor cabos de vela de 8,8mm e bobina da Accel, distribuidor eletrônico Unilite Mallory e filtro de ar Edelbrock.
Ironia do destino ou não, o Mustang outrora rejeitado literalmente pára o trânsito por onde passa. “Este tipo de carro faz muito sucesso em Curitiba”, explica Aguilar. Segundo ele, basta parar o carro em algum canto que já se forma um grupo de curiosos para conferir o carro. Deixar este carro de lado novamente? Nem pensar…
Quem fez?
Jasper Motor Garage. Tel. (41) 3669-3605.
Recovel. Tel. (41) 3356-7696.
Som Vídeo. Tel. (41) 3256-2086.
Ficha técnica
Mustang 1967
Parte externa
Rodas TSW aro 19”
Pneus dianteiros Yokohama 235/30/19
Pneus traseiros Yokohama 275/30/19
Parte interna
Bancos originais
Volante Walrod
Relógios Cronomac
Mecânia
Motor Ford V8 289
Pistões forjados TRW de 0,6”
Anéis Total Seal de 0,6”
Comando de válvulas Edelbrock 270°/280°
Válvulas de admissão Manley
Válvulas de escape Manley
Carburador Holley de 650 cfm´s
Coletor de admissão Edelbrock
Bobina Accel
Distribuidor Mallory Unilite
Cabos de vela Accel 8,8 mm
Diferencial Ford 3,50:1
Freios a disco