Cartorário de Campinas monta projeto de Lakester oldschool equipado com motor flathead e, como de costume entre seus carros, o batiza com o nome de um personagem de Roque Santeiro

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Lakester

Nada mais prazeroso do que curtir uma paixão de infância. Certos momentos que acontecem lá, no começo da nossa vida, acabam nos marcando para sempre. Podem ser músicas, programas de TV, carros e outras memórias que sempre acabamos dando um jeito de resgatar e de trazer para nosso presente. O cartorário Fábio Rovaris, de Campinas (SP), tratou de unir duas grandes paixões da sua vida: carros antigos e Roque Santeiro. A menos que você, caro leitor, seja um recém-chegado de Marte, é impossível não conhecer uma das tramas mais importantes da teledramaturgia nacional e seus personagens marcantes, como Sinhozinho Malta, Viúva Porcina e Beato Salu, entre outros. “Esta foi a primeira novela a que assisti, aos 10 anos, e ela me marcou bastante.

Por isso, hoje em dia, sempre batizo meus carros com nomes dos seus personagens”, conta Fábio. E a lista não é pequena: um Fusca 1969 (Sinhozinho Malta), um Escort XR3 conversível (Astromar), e uma picape F100 1954, a Viúva Porcina, que inclusive foi objeto de reportagem da edição 35 de Hot Rods. O carro desta edição,batizado carinhosamente de Beato Salu, o personagem pai do protagonista, é um Lakester 1927, com carroceria de fibra, montado com visual nostálgico e mecânica flathead. “Senti a necessidade de ter um legítimo hot rod, como aqueles dos filmes e seriados antigos. Por isso, procurei construí-lo da forma mais nostálgica possível”, conta o proprietário.

Lakester
Lakester

Sob medida

A carroceria do Lakester é uma criação do rodder Aurélio Backo, de Curitiba (PR). Grande conhecedor da cultura oldschool, Aurélio incorporou elementos de roadsters da época e criou uma carroceria harmoniosa, bem ao estilo nostálgico. Feita em fibra, a peça é vendida em kit, acompanhada do chassi e da grade dianteira. Desta forma, facilita muito a vida de quem sonha em ter um hot nostálgico, mas não teria como bancar a restauração de um modelo em lata, sempre muito custosa e demorada. Seguindo a linha dos hots da década de 1950, Fábio apostou em uma pintura com flames, que se transformam em quadriculado vermelho no painel anti-chamas. Acessórios externos, como faróis e lanternas, foram importados.

As rodas são de ferro, pintadas de vermelho e com calotas cromadas, montadas em pneus Hankook de faixa branca. Por dentro também se nota a preocupação em deixar o visual cinquentista. A tapeçaria é inteiramente de couro vermelho. O volante é modelo banjo, uma unanimidade entre os rodders. A instrumentação também recebeu

personalização especial em vermelho, para combinar com o estilo do projeto.  “Acredito que o trabalho ficou muito bom na parte visual. É preciso ter muito cuidado para não desandar. Às vezes, um pequeno detalhe feito errado pode colocar a perder anos de trabalho, então é importante ter sensibilidade”, aponta Fábio.

Lakester
Lakester

Flathead

Como não poderia deixar de ser, a motorização também seguiu o padrão dos projetos da era de ouro dos hots e das corridas nos lagos de sal dos EUA. No cofre do Lakester de Fábio está um autêntico motor V8 Ford flathead, herdado de um Mercury. Normalmente, este tipo de motor tem potência que varia entre 85cv e 100cv. Isso, para os padrões de hoje, não é muito, mas, por conta da relação peso x potência do roadster, se torna bastante interessante. Além do mais, o som do flathead é único, ainda mais quando acompanhado de escapes diretos, como é o caso deste Lakester.

O propulsor conta com cabeçotes em alumínio, coletor de admissão da Edelbrock e dois carburadores Stromberg 97. O câmbio é mecânico, de três velocidades. Fábio já tem outro projeto em vista. “Agora está faltando o Roque Santeiro, que será meu próximo projeto”, contou. Tentamos obter detalhes do proprietário, mas ele faz mistério. Qual será o carro que homenageará o protagonista da sua novela preferida? Aguardem os próximos capítulos.

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