Plymouth Sedan 1935: Entrada para raros

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Plymouth Sedan 1935
Plymouth Sedan 1935

Quase teatral, este clássico exibe por fora papel de mocinho, mas espere até ver o que ele esconde para ter certeza: é um vilão nato

Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Ricardo Kruppa

Plymouth Sedan 1935

O surgimento do teatro coincide com os primeiros passos da humanidade. O universo das realizações humanas e sua aspiração intrínseca em transcender a sobrevivência primária, evidenciada na capacidade espiritual de criar objetos que vão além da natureza bruta, desde sempre resultou em arte dramática. Antônio Hélio Alves Nunes, 64 anos, engenheiro de Curitiba (PR), caminhou para a área de exatas, mas poderia (nesse enredo) ser diretor da peça que seu Plymouth Sedan 1935 protagoniza. “Minha primeira paixão foi em 1980, quando vi na revista Quatro Rodas uma reportagem sobre picapes antigas. Resolvi comprar e restaurar uma Ford F-100 1958 (publicada em Hot Rods #15). Após terminar a F-100 iniciei o projeto do Fiat Balilla 1932 (Hot Rods #77) e, em seguida, o projeto Pontiac 1974 (publicado em Hot Rods #55 e Hot Rods #100). Finalmente o Plymouth 1935 foi iniciado em 2006 e terminado em 2015″, conta.

Não é por falta de currículo que Antônio seria enxotado de cena. A escolha deste Plymouth foi, segundo ele, pelo estilo com teto baixo e cintura alta de fábrica, raridade, propício para se fazer um hot. Vocação não falta para o sedã ser um “ator”.

Plymouth Sedan 1935
Plymouth Sedan 1935

Quem observa o automóvel por fora vê características de “mocinho”: bem apresentado, com linhas clássicas, figurino em dia e até detalhes cromados, como manda a boa década. Por outro lado, basta levantar o capô ou ouvir o som do escapamento para ter certeza de que o Plymouth é “vilão” daqueles que fazem criança chorar. “O carro estava com mecânica inoperante e então decidi colocar mecânica moderna. Escolhi o bloco que encanta qualquer entusiasta”, opina Antônio.

A capa da fera é um bloco V8 de 318 polegadas trazido do Jeep Cherokee 1998. Essa mecânica gera 220 hp e tem ainda distância da carburação: uma injeção eletrônica Mega Squirt comanda a alimentação. O conjunto é acoplado ainda a uma caixa de câmbio automático Chrysler Dodge de três marchas e diferencial Dana 44. Para segurar a malvadeza, freios dianteiros com disco Stock Car e pinça Wilwood de 6 pistões, e freios traseiros a disco do Chevrolet Omega.

A questão do estilo na década de 1930 foi pensada de maneira silenciosa por parte das montadoras da época. Para alavancar as vendas os aperfeiçoamentos técnicos indiscutíveis tornaram os carros um pouco mais baixos e largos – o que melhorou sua estabilidade – e começaram a incorporar, na medida do possível, as “protuberâncias” como estribos, faróis, porta-malas, além de pinturas melhoradas com tintas de mais qualidade (Duco) e outros efeitos estéticos. Neste exemplar de 1935 toda a mudança passada foi mantida (mais como inspiração do que resultado).

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Diante da estética, o Plymouth ganhou rodas traseiras Chip Foose Vintage aro 20″ com pneus 275x40x20, e rodas dianteiras aro 17″ com pneus 225x55x17. É nesse quesito que reside a ambiguidade do projeto: linhas clássicas, cromados, pintura em cor sólida (escolhida pela esposa de Antônio) e a jovialidade das rodas esportivas.

Por dentro, a tapeçaria estilo vintage comanda a história juntamente com o volante tipo Banjo fabricado pela Artbillits. “Mais trabalhoso foi dar rigidez à carroceria e acertar e dar formato ao novo teto, já que o original era com “moleira”. No mais, esse é um projeto bem particular. Desconheço outro veículo deste modelo alterado para hot rod no Brasil”, sugere Antônio.

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FICHA TÉCNICA

Plymouth Sedan 1935

Mecânica

Bloco V8 de 318 polegadas, 220 hp, injeção eletrônica Mega Squirt, câmbio automático Chrysler Dodge de três marchas, diferencial Dana 44, freios dianteiros com disco Stock Car e pinça Wilwood de 6 pistões, e freios traseiros a disco do Chevrolet Omega;

Interior

Tapeçaria refeita ao estilo vintage, instrumentos originais e volante do tipo Banjo fabricado pela Artbillits;

Estética/exterior

Frisos e grade frontal cromada, cor sólida da carroceria, teto modificado e rodas Chip Foose Vintage aro 20″ com pneus 275x40x20 na traseira, e rodas dianteiras aro 17″ com pneus 225x55x17;

Quem fez?

Motor – Renato Benoni (41) 99961-0504; Estruturação do chassi – Elcio Stepanski  (41) 99904-4007; Acessórios, volante e freios – Artbillits, Adão e Agnaldo – (41) 3657-9299; Carroceria, lataria, suspensão, direção e grade dianteira – M3 Auto Parts – Jorge e Leandro – (41) 99886-9450; Pintura – Emerson – (41) 98846-0405; Estofamento – Cristo (41) 3335-3470.

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