Lincoln Zephyr 1942: esculpido pelo vento

Modelo raro no Brasil, Lincoln Zephyr 1942 traz visual original e motorização big block de Cadillac

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Modelo raro no Brasil, Lincoln Zephyr 1942 traz visual original e motorização big block de Cadillac

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Lincoln Zephyr 1942

A Lincoln é uma das marcas que mais expressam a tradição norte-americana em carros de luxo. O modelo clicado por Hot Rods foi encontrado em Curitiba, importado pela Powertech Turbo e Aspro, e está basicamente original, a não ser pelo conjunto mecânico polêmico, vindo de um modelo da sua maior concorrente, a Cadillac.

Especializada em projetos diferenciados e modelos raros, a Powertech trouxe este veículo praticamente pronto dos Estados Unidos, como conta o funcionário da empresa Rubens Junior, de 41 anos. “O dono da empresa tem uma paixão especial por modelos coupé e nós decidimos pelo modelo da Lincoln por ser conhecido como “The Queen of the Coupés” (Rainha dos Coupés, em inglês). Depois de muito garimpar em sites especializados, encontramos dois modelos e acabamos importando os dois”, conta.

Este modelo é ainda mais especial, pois pode ter sido transformado em street rod na década de 1970, como conta Rubens. “Não temos certeza mas, por conta da maneira como o conjunto mecânico foi modificado, acreditamos que o trabalho tenha sido feito há vários anos, por isso decidimos não mexer em nada”, afirma.

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Valor histórico

Criado ainda no fim da década de 30, o Zephyr foi um projeto da Lincoln para carros com custo mais baixo do que os seus luxuosos modelos de linha. O design do modelo coupé foi concebido na forma de “gota”, estilo criado pelo Chrysler Airflow, mas que teve no Zephyr o seu modelo mais famoso. O bom coeficiente aerodinâmico do carro era um dos objetivos dos designers, que queriam criar uma carroceria que pudesse “rasgar o vento”. O nome do carro, inclusive, remete a essa ideia: Zephyr (ou Zéfiro), na mitologia grega, era uma brisa suave.

Este modelo foi também o maior precursor do padrão de design para os automóveis dos anos 40. Por ter ficado muitos anos guardado, o Lincoln adquirido pela Powertech está com a pintura um pouco desbotada e, segundo Rubens, ela permanecerá assim. “Decidimos manter para que o carro não perdesse o seu valor histórico”, afirmou o funcionário da Powertech. Todos os frisos e emblemas estão presentes e foram mantidos no seu estado original. As rodas são originais, ainda com as calotas, e foram montadas em pneus de faixa branca.

Como veio ao mundo

Por dentro, tudo foi mantido original, também seguindo a ideia da equipe da Powertech, de manter o trabalho feito nos anos 70. Até o estofamento foi mantido original, mesmo um pouco desgastado pelo uso e pelo tempo em que o carro ficou guardado. Todos os instrumentos são originais e ainda funcionam, só precisaram ser revisados.

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Motor da discórdia

A Lincoln foi criada em 1915 por Henry Leland, um dos fundadores da Cadillac, quando a empresa ainda fazia parte da Henry Ford Company. Após a venda da Cadillac para a General Motors, na Primeira Guerra Mundial, Leland deixou a empresa e formou a Lincoln Motor Company (cujo nome remetia ao seu maior herói, Abrahan Lincoln), que se ocupava de fazer motores para aeronaves, utilizando peças da Ford. Após a guerra, a fábrica da Lincoln foi modificada para produzir carros de luxo sob a batuta da Ford, vindo a se tornar – ironicamente – a maior concorrente da Cadillac.

A maior polêmica em torno deste Zephyr é que o seu motor V12 original, marca registrada do modelo, foi trocado por um V8 big block, pasmem, da Cadillac. Se hoje em dia isso não é algo que faça muita diferença, nos anos 70, quando ele teria sido modificado, e pela adaptação ter sido feita por um rodder americano, deve ter causado muita polêmica. Segundo Rubens, independentemente das marcas, a troca do motor foi uma decisão certa do antigo dono. “Apesar de o antigo propulsor ser maior, de 12 cilindros, ele era muito fraco, rendia algo em torno de 145cv. Este motor, por outro lado, tem 340cv de potência e muito mais torque”, explicou. O motivo que leva a equipe da Powertech a acreditar que a adaptação tenha sido feita nos anos 70 é que o propulsor de 429”, ou 7.0L de cilindrada, foi utilizado pela primeira vez pela Cadillac em um modelo de 1967 e a adaptação no Lincoln foi feita com todas as peças originais. “Carburação, filtro de ar e outras partes menores da construção são todas da Cadillac.

Se tivessem sido parte de uma adaptação mais moderna, utilizaria componentes mais novos, mas neste caso, o motor do Cadillac foi transplantado inteiramente para o Lincoln, por isso acreditamos que seja uma adaptação de época”, conta Rubens. O câmbio também é da GM, automático, e os freios ainda são originais, apenas foram revisados. Segundo o funcionário da Powertech, o carro é muito gostoso de dirigir e o big block tem um torque absurdo, o que torna os passeios ainda mais prazerosos. Contudo, o carro é tão valioso para a equipe, que os únicos passeios feitos com o Lincoln são para eventos de hot rods em Curitiba. Como já é de costume, a Powertech sempre traz modelos raros e projetos ambiciosos. “Nosso próximo passo será colocar o nosso Ford 1934 com mecânica V12 de Jaguar para funcionar”, comentou. Estamos ansiosos para ver!

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