Projeto brasileiro da Powertech tem tudo dos melhores rats norte-americanos
Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa
Ford Tudor 1929
É inegável que, apesar dos bons projetos, atualmente o Brasil ainda engatinha na cultura hot, seja pela dificuldade para aquisição de peças, carrocerias difíceis de achar, seja pelo fator econômico e altas taxas para importação de peças. Mesmo com todos esses entraves, ainda conseguimos achar modelos capazes de fazer qualquer rodder americano tirar o chapéu, como este Ford Tudor 1929 montado pela oficina Powertech, de Curitiba, bem ao estilo rat.
O carro pertence a João Alexandre de Abreu, empresário de 49 anos, proprietário da oficina. O projeto chegou à Powertech já bem adiantado, mas algumas importantes modificações foram feitas para que o carro se tornasse um legítimo rat americano, mas com aquele suingue brasileiro.
Ar de inacabado
Segundo Rubens Florentino, da Powertech, o carro chegou à oficina com apenas alguns detalhes a serem feitos. “Ele estava praticamente do jeito que está hoje, só trabalhamos na mecânica e em alguns detalhes do visual”, afirmou. O visual do Tudor está bem ao estilo rat americano. A cor da carroceria dá a ideia de que se trata apenas de uma base para a pintura. “As cores foram escolhidas para que o carro não perdesse o ar de inacabado”, explicou Rubens. Como todo bom projeto “ratão”, a traseira recebeu um pinstriping pelo rodder curitibano Aurélio Backo. Os faróis são verdadeiras relíquias do conjunto, da marca REO, uma fábrica americana fundada em 1904, que fechou as portas em 1970. Verdadeiras raridades.
As rodas raiadas são de 19”na traseira e 17” na dianteira, alargadas na própria Powertech, calçadas com pneus Firestone nas medidas 4.75 x 5” na traseira e 5,25 x 5.50 na frente. Por dentro, o visual rato se confirma com os bancos feitos sob medida e a forração em couro que eles e as portas receberam, em um material que parece envelhecido. O volante é original do Opala SS e o painel de instrumentos foi transplantado de um Ford 41 para dentro da ratoeira, mesma procedência do relógio da tampa do porta-luvas.
Cabeça-chata
Quem gosta do universo hot sabe da importância dos motores flatheads para a cultura e do valor que eles agregam a qualquer projeto. O propulsor Ford instalado no Tudor não se destaca pela potência, mas tem um valor histórico inestimável, além de um som inconfundível. Este tipo de motor foi produzido nos EUA entre os anos de 1932 e 1953 para as linhas de carros e caminhões da Ford. O modelo utilizado no rat, um 221”, ou 3.6L, produzido entre 1933 e 1934, gera originalmente 75cv de potência. Apesar da potência original não empolgar muito, segundo Rubens o carro pode alcançar velocidades de até 150km/h.
Além disso, hoje em dia o mercado americano já dispõe de peças de alta performance para motores flatheads. Lá, os preparadores conseguem tirar até 700cv deste tipo de propulsor. Tudo em nome da cultura. O coletor de admissão instalado é da Eddie Meyer Hollywood, e fornece ar para dois carburadores Stromberg 97. O coletor de escape foi feito especialmente para o conjunto, com saídas diretas para ampliar os berros do “cabeça-chata”. O câmbio é de Chevy, de três velocidades. A suspensão dianteira é original, com coil over. Na traseira, são usados amortecedores de Chevy.
Os freios são a tambor, nas quatro rodas, pré-requisito para qualquer projeto old skool. Segundo Rubens, nada mais será mexido no projeto, que ficou bem ao gosto do chefe. “Ele está gostoso de dirigir, bem melhor do que quando chegou para nós, comentou o funcionário da Powertech, que já revelou que novos projetos estão em andamento. “Estamos sempre fuçando em alguma coisa. O próximo passo agora é montar um rat rod com um motor Hemi. O projeto está bastante avançado”, adiantou ele. Sobre o futuro deste verdadeiro Brazilian Old Skool, Rubensconta que só o que falta agora é um novo dono. Sim, porque o carro atualmente está à venda. Alguém se habilita?