Entusiasta revive memórias da F-100 do pai para um novo projeto: mecânica V8, 170 cavalos e estilo feito a mão

Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Ricardo Kruppa

Ford F-100

Há quem prefira a Chevrolet 3100 ou a sucessora C-14. Vandir Mazzoni, 57 anos, morador de Itupeva (SP), prefere Ford. Para ele a sigla F-100 possui mais “peso” no currículo e uma provável contratação só depende do sorriso do pai. “Meu pai teve uma F-100 1966 e eu queria de alguma forma também homenageá-lo. Há quatro anos tive a oportunidade de comprar o carro, optei pelo mesmo modelo. E, muito mais do que eu imaginava, meu pai ficou muito contente. Desde então, toda semana ele pergunta sobre a picape”, comenta.

Mazzoni havia encontrado duas “candidatas” praticamente originais: uma picape vermelha 1964 com pintura seminova brilhante e câmbio no assoalho. A outra, 1966, totalmente original, inclusive com câmbio três marchas na coluna, mas com direção hidráulica (que não era opcional para a época). Esse segundo modelo mantinha a cor verde do fundo wash primer, porque o antigo dono mandou remover a pintura. “Eu não tinha a menor dúvida que qualquer uma que comprasse poderia ser transformada em um hot rod. Sou fotógrafo de produtos e pintor de letreiros e pinstripes, e com minha experiência de trabalhar com Photoshop, no mesmo dia que fui ver a primeira candidata vermelha, tratei as fotos que eu fiz dela e “lixei” tirando o brilho da pintura para ver como ela ficaria fosca”, explica.

Mas digitalizar o modelo não fez Mazzoni comprá-lo. Após testar a outra “candidata”, 1966, o entusiasta não teve dúvida. “Fui com minha esposa ver essa picape em São Paulo e mesmo sem saber nada sobre mecânica não tive dúvidas em fechar a compra. Além de ter um custo 25% menor em relação a outra picape, essa tinha mais a minha cara. Era como uma tela em branco, ou melhor, verde. Decidi então que deixaria para sempre essa pintura transparente de fundo, pois se eu mandasse pintar ela seria somente mais uma”, conta.

As certezas que cercariam o projeto do modelo F-100 de Mazzoni foram baseadas em três pilares: pintura fosca com lettering, suspensão rebaixada e rodas de ferro com calotas. “A carroceria não tem nenhuma massa, não esconde nada, nem há cicatrizes de marteladas e pontos de solda. Então a primeira ação que realizei foi o lettering”, garante.

Diversas ações da restauração da picape foram realizadas pelo próprio Mazzoni, da pintura do piso da cabine, passando pela parede corta-fogo, aos para-lamas. Atuar na concepção do próprio automóvel também garantiu a ele uma nova profissão. “Comecei a fazer outros detalhes do carro, acabamento embaixo da caçamba e cabine, além de todas as pinturas feitas a mão como os letreiros das portas e todos os pinstripes. Aliás, foi com essa picape que passei a ter uma nova profissão, a de pinstriper e letrista, pois hoje esse trabalho ocupa a maior parte do meu tempo, mais do que a fotografia”.

Bem vestida

Manter a F-100 próxima ao chão não foi tarefa fácil. Mazzoni conta que levou muito tempo para realizar o encaixotamento do chassi e o rebaixamento da suspensão. “Foi a parte mais trabalhosa. Meu amigo e mecânico de Itupeva, Kleberson, desenvolveu e construiu tudo. A suspensão é coilover na frente e fourlink na traseira. Nada foi comprado pronto, tudo foi projetado, desenvolvido e construído pelo meu mecânico”, define.

A receita é original com o bloco V8 272 de 170 cavalos, carburador Holley 500ccf, ignição eletrônica e bobina MSD. O modelo ainda recebeu novos coletores e escapes (sem abafadores), e manteve os bancos originais. As rodas de ferro tala 6″, como Mazzoni queria desde o início do projeto, receberam ainda alargadores de 36 mm na traseira e quatro pneus 225 70×16. “Sempre tive paixão por picapes e se for comprar outro automóvel de preferência será outra estilo norte-americano. Não tenho nada de negociador, sou um apaixonado pelo segmento e dei a sorte em descobrir a pintura como outra paixão diante dos carros. Essa F-100 foi minha estagiária e ganhou efetivação no meu coração”, pontua.

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