Policial mineiro teve seu primeiro contato com um hot há mais de 30 anos, um Chevy 38. Modelo nunca saiu do seu coração e agora está na sua garagem

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Chevy 38

Todo apaixonado pela cultura Hot Rod tem um modelo preferido. Há aqueles que preferem os derivados do Ford 32, outros elegem as robustas picapes da década de 50, ou os esportivos da década de 40. Vertentes e estilos não faltam para quem quer entrar neste universo, é só chegar e escolher. Policial de Belo Horizonte (MG), Rogério Santos se apaixonou por um hot em um dia de trabalho, mais de trinta anos atrás.

“Eu fazia uma ronda pela BR 040 e avistei um Chevy 1938 cor laranja transitando, então mandei-o parar. Não foi para fiscalizar, mas para admirar aquela maravilha. Passei a apreciar e a sonhar com um hot, que eu gostaria que fosse um Coupé 1938”, afirmou Rogério. Essa cena aconteceu em 1976, mas apenas em 1999 Rogério conseguiu finalmente alcançar o seu sonho. “Em 1999, passei na oficina de um amigo e ele me mostrou um Chevy 38 que estava começando a fazer. Meu coração tremeu de emoção. Após algumas negociações, comprei-o praticamente desmontado”, contou.

Para deixar o Chevy como está hoje em dia, foram oito anos de trabalho intenso, e algumas dores de cabeça. “Sofri muito com mecânico, lanterneiro, pintor e eletricista, mas não estou arrependido”, afirmou Rogério. Depois de alguns anos com o carro encostado, ele decidiu restaurar uma F-100, que ficou pronta antes do Chevy e até saiu na Hot Rods, três anos atrás, ganhadora do prêmio de destaque do encontro em Águas de Lindoia, em 2006.

Saia e blusa moderno

Segundo Rogério, o estilo da pintura “saia e blusa” foi ideia dele, mas a cereja do bolo foi dada por Alex, da Alex Design. “Deixei as faixas estilizadas por conta do Alex, um design maluco, que tem um ótimo gosto”, contou Rogério. Embora hoje em dia existam muitos bons projetos com carroceria em fibra rodando, o policial é conservador quanto aos seus carros. “Meu veículo é de lata, e não abro mão de que seja assim”, afirma.

Quanto aos acessórios externos, como grade, faróis, emblema sobre o capô e frisos, são todos originais do modelo. As lanternas traseiras, originalmente quadradas no 38, deram lugar a modelos redondos no projeto de Rogério. “Não combinava com a estética do veículo, pois o carro é todo redondo”, diz. “Para melhorar a estética, mandei fundir em alumínio o retrovisor, que formou um lindo conjunto”, orgulha-se.

As rodas são italianas, da Oz, de 17”, personalizadas com calotas e escudo personalizado com a insígnia “V8”, calçadas em pneus Toyo Proxes nas medidas 225/45 na dianteira e 265/40 na traseira. Por dentro, a pintura do painel seguiu o tom da parte superior da cabine e os instrumentos originais deram lugar a modelos clássicos da VDO. A alavanca de câmbio é da marca norte-americana Gennie Shifter.

Os bancos são originais da Mercedes SLK, elétricos, com memória para até três ajustes. Eles, assim como todo o interior, foram revestidos em ouro vermelho. A coluna de direção também é da SLK, com ajuste de altura.

Coração Chrysler

Por baixo do capô, o Chevy tem um coração também americano, mas que não saiu da fábrica da General Motors. Para compor o seu projeto, Rogério decidiu usar a mecânica do Dodge Charger. O motor é um Chrysler 318”, com carburador Holley 650cfm, coletor de admissão e tampa de válvulas Edelbrock e coletor de escape com banho de cerâmica. A parte elétrica conta com bobina Mallory e módulo de ignição MSD.

A suspensão também foi herdada de uma Mercedes, modelo CLK 500, e os freios são a disco nas quatro rodas, um conjunto que prima pela dirigibilidade. Segundo Rogério, o carro é usado sempre que possível, e quando o seu filho caçula deixa.

“Ele é apaixonado pelo hot, esconde as chaves dele para que eu saia somente na sua companhia”, brinca o policial, que já tem um novo projeto saindo do forno. “Estou terminando um Ford Victoria 1931 que, garanto, ficará lindo”, comenta.

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