Corvette 1962: Lapidado pelo passado

Corvette da primeira geração reaparece com pintura exclusiva para resgatar pré-fase da era 'Stingray': requintado como um clássico original fiel às origens

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Corvette da primeira geração reaparece com pintura exclusiva para resgatar pré-fase da era ‘Stingray’: requintado como um clássico original fiel às origens

Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Ricardo Kruppa

Corvette 1962

A história do Corvette, em alusão ao nome corveta (barco pequeno e rápido) remonta 1952, quando o chefe do time de desenho da GM, Harley Earl, decidiu criar um esportivo compacto genuinamente norte-americano para rivalizar com os europeus, principalmente italianos, como Ferrari e Alfa Romeo. O resultado surgiu no ano seguinte, na forma de um roadster com carroceria de fibra de vidro, motor seis cilindros em linha de 3,9 litros e 150 cv de potência, tração traseira e câmbio automático de duas marchas. A velocidade máxima era de 170 km/h. Para quem observa a atual geração do Corvette esses são números, no mínimo, “medíocres”. Mas o fato é que o “jeito Corvette de ser” dependeu de detalhes discretos até alcançar o patamar de superesportivo.

Conhecida por C1, a primeira geração do Corvette teve início em 1953 em Flint (Michigan) e foi encerrada em 1962. As 300 unidades feitas no primeiro ano tinham carroceria branca e interior vermelho. Em dezembro daquele ano, a linha de montagem foi transferida para St. Louis (Missouri).

O norte-americano Robert “Bob” Cantwell, bombeiro aposentado e fanático por Corvette, contatou a oficina de customização Lucky Luciano Custom Paint, tradicional espaço comandado por Luciano Lacerda, 47 anos, brasileiro que reside nos Estados Unidos desde 1992, após ver um de seus trabalhos no renomado leilão Barrett Jackson: Luciano estava apresentando um premiado Ford Model A 1928. A partir desse encontro nascia a história de Bob com o modelo Corvette 1962.

“Depois desse leilão, fui até a casa do Bob fazer um orçamento para a restauração desse Corvette 62. O carro era preto e por ser de fibra apresentava muitas imperfeições e ondas. Bob queria o modelo liso, sem detalhes negativos e com uma pintura pontual, exclusiva. Então ele decidiu apostar em nossa atuação”, descreve Luciano.

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Sem ondas

Para obter o resultado esperado por Bob, a restauração foi completa, sendo que, na visão de Luciano, a parte mais trabalhosa foi fazer com que a fibra ficasse lisa, eliminando as ondulações. A carroceria do Corvette de primeira geração mantinha características pontuais para a época e, sendo assim, o trabalho de Luciano exigiu fidelidade à história da marca.

Em 1955, o engenheiro-chefe da divisão Corvette, Zora Arkus-Duntov, resolveu dar ao conversível de dois lugares a performance que seu visual esportivo sugeria. Convidou Ed Cole, responsável pelo desenvolvimento de uma nova linha de motores da GM, a instalar um V8 no modelo a partir do ano seguinte. Houve também atualizações nas linhas da carroceria, assim como dianteira atualizada, com dois pares de faróis, nova grade e para-choques. Luciano manteve exatamente a mesma receita estética original para o modelo. O diferencial viria com a pintura personalizada.

“A cor customizada por nós reuniu um mix champanhe-bege com prata metálico. Essa tonalidade ficou tão única que o Bob e seu Corvette foram convidados para expor no Barrett Jackson no ano seguinte ao término do projeto”, conta o customizador.

Evidentemente, algumas ações modernas foram necessárias para agregar o projeto de restauração. O chassi do modelo 1962 foi personalizado com a versão C4 (quarta geração) e o bloco escolhido para fixar a mecânica foi um ZZ 383 GM que rende 425 cavalos. “Nós decidimos manter ao máximo a originalidade do Corvette, então essas mudanças pontuais foram mais modernas para que o carro pudesse rodar com segurança, confiabilidade”, explica Luciano.

A transmissão definida para o roadster foi uma Tremec de cinco velocidades e há injeção eletrônica de combustível – essa ação foi pontual para melhorar o rendimento do motor com mais economia, controlar o tempo de ignição e também o comando das válvulas.

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Clássico sem ser vulgar

O interior do Corvette de Bob mantém as origens com instrumentos no painel originais, e o destaque vai para o trabalho em couro feito por Gabe Lopez, da Gabe’s Street Rods Custom Interiors, de San Bernardino (Califórnia).

Por fora, o “Vette” foi contemplado com as rodas de alumínio Boyd Coddington de 18×8 calçadas em pneus dianteiros com medidas 245x45x18 e traseiros 255x45x18. É interessante notar também que os anos de 1961 e 1962 marcaram o último modelo da primeira geração e, naquela fase, foram introduzidas quatro luzes traseiras, vistas também no modelo de Bob.

Da história do Corvette Luciano tirou proveito. Em 1961, o modelo original foi reestilizado novamente. No mesmo ano surgiu o carro-conceito Mako Shark, com linhas assinadas por Larry Shinoda, a pedido do chefe da área de desenho da GM, Bill Mitchell, que antecipava como seria a carroceria da segunda geração. Mitchell havia se encantado com as formas de um tubarão Mako que havia capturado na costa da Califórnia. Entre as várias novidades testadas no Mako Shark havia um motor supercharger com quatro carburadores, sistema de injeção direta de gasolina e um V8 com dois carburadores. O fruto desses experimentos foi um V8 feito de alumínio com carburador quádruplo de 425 cv. Exatamente a cavalaria que Luciano extraiu do modelo de Bob.

Um Corvette de fazer inveja até mesmo aos proprietários de modelos antigos Aston Martin DB4. Se Bob quiser, diretores de cinema não faltarão para formalizar pedidos de participação em filmes. O roadster é um galã que soube conquistar o papel principal.

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