Neste sábado (2/9) serão celebradas seis décadas do início da produção do modelo no Brasil, que, após ser aposentado em 2013, ganhará uma nova versão em 2020
Texto: Redação
Fotos: Divulgação/Detran.SP
Detran.SP
Velha senhora, guerreira, corujinha, jarrinha, pão de forma, kombosa e até perua. O que não faltam são apelidos carinhosos para homenagear a Kombi, que no próximo sábado, 2 de setembro, comemora 60 anos no Brasil. Os nomes são muitos, mas a paixão pelo utilitário é a mesma entre os fãs e não para de crescer. No sistema do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP) constam 387.436 veículos do modelo registrados.
O clássico da Volkswagen começou a ser produzido no país em 1957 e para a tristeza dos fãs deixou de ser fabricado em dezembro de 2013. Mas há uma boa notícia para os kombimaníacos: a montadora prevê o retorno da Kombi em 2020 em uma nova versão que promete inovar a fachada e os faróis traseiros, bem como estará disponível em modelos híbridos e elétricos, conforme anunciou o presidente da marca, Herbert Diess, ao site inglês Auto Express.
Além de preservar a história da Kombi, a reformulação e retorno do veículo trará principalmente mais segurança aos condutores. “Essa é uma boa notícia que deve ser comemorada por todos nós, pois teremos de volta uma paixão nacional totalmente reformulada e com itens de segurança que irão preservar a integridade dos motoristas e do trânsito”, considera o diretor-presidente do Detran.SP, Maxwell Vieira.
O amor pela senhora de 60 anos será celebrado no dia 2 de setembro, o Dia Nacional da Kombi, estabelecido por iniciativa do Sampa Kombi Clube de São Paulo. Idealizador da data e presidente do clube, Eduardo Gedrait conta que essa comemoração é uma homenagem para o veículo que sempre prestou serviço à sociedade. “Ela desperta uma nostalgia, principalmente para quem tem mais de 30 anos e já andou ou viu muitas delas rodando por aí”, acrescenta.
Segundo ele, a Kombi foi o primeiro veículo a ser produzido pela Volkswagen no Brasil, antes mesmo do Fusca. Para Gedrait, essa longevidade do modelo no país se deve à popularidade e versatilidade que o carro propõe. “Trata-se de um veículo sem luxo nenhum, mas eficiente e de fácil manutenção, com capacidade de carga para transportar mercadorias ou pessoas”, fala o presidente-fã, destacando o recente “boom” de Kombis que aderiram ao movimento de comida de rua, como os food trucks.
Na Balada
Seja para carregar frutas na feira ou servir de atração para animar uma balada, a Kombi continua mostrando sua versatilidade para agradar e servir a todos os gostos. Caso este do empresário Pieter Den Hartog Júnior, de 23 anos. A paixão pelo utilitário começou desde criança e se tornou realidade aos 18, quando ele comprou sua primeira Kombi modelo Stardard. “Eu quis ter uma Kombi, pois além dela servir para trabalhar e passear ela representa um lado cultural que me chama a atenção, como sua ligação com o movimento Hippie na década de 1970”, destaca.
Atualmente ele conta com dois modelos em casa. Uma das Kombis o jovem empresário usa para animar festas e baladas com o projeto “In the Kombi”. Com equipamentos de som, luzes e uma mesa adaptada para DJ, o veículo estacionado se transforma em uma balada sobre quatro rodas. “Somos convidados para festas em condomínios e até encontros de carros”, diz.
Para viajar
Prestes a completar 60 anos, a Kombi Turismo do comerciante José Ricardo de Oliveira já faz parte da história do automobilismo do Brasil. O veículo estilo corujinha nas cores cinza claro e cinza escuro esteve presente no primeiro Salão Internacional do Automóvel de São Paulo em 1960 e, no ano passado, voltou a ser exposta no evento após ser restaurada.
Antes de adquirir o veículo em 2015, Oliveira conta que o modelo pertenceu à mesma família desde 1960 quando foi comprada durante o Salão do Automóvel. “Era equipada para viagens longas, mas estava parada há muito tempo. Tive o privilégio de ser o segundo dono e levar esse legado adiante”, destaca.
Diferente das Kombis tradicionais, o modelo turismo ou dormitório possui acessórios que ofereciam conforto e praticidade aos viajantes. Nela, há mobiliário de madeira, sofá, pia, cortinas, toca discos, cadeiras, toldo e bagageiro sobre a fuselagem. “Passei um ano e meio trabalhando no restauro dela, respeitando os materiais dos móveis e as cores originais”, comenta o proprietário.
Para ele, o lançamento da nova Kombi – previsto para 2020 – deve agregar na história do utilitário e instigar as novas gerações a saberem a origem do modelo repaginado. “Fico feliz em saber que meus filhos saberão de onde veio a Kombi”, completa Oliveira.
Integrante da família
O amor pela Kombi surgiu de uma maneira inesperada na vida do autônomo Eduardo Turati. Há vinte anos ele ficou desempregado e viu na Kombi uma oportunidade de vender produtos de limpeza e fazer transportes de cargas para ganhar dinheiro. “Eu assumi a Kombi que era do meu sogro, que não poderia mais continuar com os gastos, e desde então ela nunca mais saiu da minha vida”, relata.
Em 2010, Turati comprou uma modelo zero km para ampliar seu negócio de vendas. De tanto amor pela Kombi, ele a batizou com o nome “Laurinda”, em homenagem à sua avó. “Quem me conhece sabe que eu tenho muito zelo por ela. Vivo limpando e trato como se fosse da família”, comenta.
Além de parceira de trabalho, a “Laurinda” também tem ajudado na vida pessoal de Turati. “Ela é meu ganha pão e diversão. Depois do falecimento da minha esposa, tenho participado de vários encontros de Kombis e isso me ajudou a não entrar em depressão”, diz.
Você sabia?
A produção do modelo teve início na Alemanha em 1950 e sete anos depois foram fabricadas as primeiras unidades brasileiras, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, com motor de 1.200 cm³ de cilindrada.
O modelo deixou de ser produzido devido à exigência federal, em vigor desde janeiro de 2014, de que todos os veículos fabricados desde então sejam equipados com airbag e freios ABS, itens de que a veterana não dispunha.
A última Kombi produzida em São Bernardo do Campo está no museu de veículos comerciais do Grupo Volkswagen, na cidade alemã de Hannover.
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