Restaurador paranaense adquire modelo raro da Chevrolet e decide manter sua história preservada, com todas as marcas do tempo

Texto: Flávio Faria
Fotos: Ricardo Kruppa

Alguns modelos de carros são valiosos por si só, independentemente do seu estado de conservação. Embora alguns torçam o nariz para a ferrugem ou pinturas queimadas pelo sol, o desgaste natural de alguns carros acaba por lhes conferir ainda mais personalidade. Esse é o caso dos rat rods. Restaurador de carros antigos da cidade de Pinhais, interior do Paraná, Maximiliano Andres Alvarez sempre gostou de picapes. Seu primeiro projeto foi uma Chevrolet Brasil 1959, restaurada no estilo vintage. Adquirida há alguns anos, a Chevy Apache 1962 desta reportagem é um modelo bastante raro, sendo produzida nesta versão somente neste ano específico.

Americana de pedigree, ela teve poucas unidades exportadas para o Brasil. A opção por deixá-la no estilo rat foi tomada por impulso. “Senti no coração que não havia muito sentido restaurá-la, por isso resolvi deixar ao natural”, conta o restaurador, que não economiza os motivos por ter escolhido a Apache. “O estilo aerodinâmico do teto, a curvatura exagerada de seu para-brisa panorâmico envolvente, as portas com um corte gigantesco de 27 cm onde vem a terminação da curvatura do para-brisa, foram os detalhes que mais me chamaram a atenção, sem contar a lança estampada no capô, o conjunto de detalhes das colunas “Custom”, que valorizam ainda mais o formato da cabine, e janelas projetadas para frente, o estampado robusto do painel interior e seu imenso espaço interno. Ela tem, nada mais, nada menos, que 2m de largura”, derrete-se o proprietário pela sua “criança”.

Rusty Style

O visual externo da Apache denuncia que 48 anos já se passaram desde a sua fabricação. A ferrugem se destaca no capô, que tem no seu centro uma flecha prateada, uma referência ao nome indígena da picape. As rodas são originais, de 15”, montadas em pneus Pirelli 205/70 na dianteira e Hankook 275/70 na traseira. A pintura das rodas de ferro foi feita no mesmo tom da pintura da porta, com o nome da oficina de Max, a Angel´s Garage, referência ao nome do seu pai, Angel Alvarez, sócio na oficina. Acessórios externos são todos originais e foram mantidos da maneira como foram adquiridos.

Na placa da frente está a bandeira dos Estados Confederados, o que dá à picape um estilo “redneck”. Apesar de ser um rat, alguns de seus componentes foram importados por não estarem em condição de uso, como os aros dos faróis e piscas, bem como as suas lentes, além de espelho e calotas. Por dentro, o visual também é simples. Painel e portas foram pintados no mesmo tom das rodas. Volante e painel de instrumentos são originais. Sobre o banco está um “mexican blanket”, que dá ao carro o toque final no estilo rat. “O mexican blanket foi adquirido especialmente para a Apache por minha namorada (Mônica Cardoso, 29 anos) apaixonada pela cultura e culinária mexicanas, o que deu um realce em seu interior, principalmente com o belo rasgo no assento do motorista”, brinca o proprietário”.

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Por baixo do imenso capô da Apache está um motor de seis cilindros e 4.1l totalmente original e com visual rat, sem cromados, cabos coloridos ou pinturas. O câmbio é de quatro marchas, com acionamento na coluna de direção. A suspensão foi feita em molas espirais, modelo original da picape, que manteve também os freios a tambor. No futuro, Max pretende adaptar um propulsor Chevy de 350”, V8, além de fazer uma ou outra restauração, na parte da caçamba, mas nada que tire o brilho natural da picape.

Além disso, novos hots já estão em andamento: uma picape Chevrolet Brasil 1961, estilo vintage, com suspensão a ar, além de projetos de seus amigos, como Ford Coupé 1941, Camaro 1974, Opala 1977 e F-100 com grade de alumínio. É, amigos, o trabalho não para!

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