Técnica: Pintando seu hot rod

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Pintura Hot Rods
Pintura Hot Rods

Acompanhe as etapas do processo de pintura, desde a preparação da chapa, limpeza, até a aplicação da tinta

Texto: Manoel G. M. Bandeira
Fotos: Ricardo Kruppa

Pintando seu hot rod

Pintar um carro inteiro é algo no mínimo assustador para quem não tem prática. Porém, com os materiais hoje disponíveis no mercado, não é tarefa tão difícil assim.

Para descrevermos em detalhes como um rodder pode pintar seu hot, vamos considerar duas possibilidades. A primeira seria um carro de chapas de aço, fabricado pelas grandes montadoras há muito tempo. A segunda seriam as réplicas feitas em fibra de vidro, que reproduzem carros de época. Nesta edição falaremos sobre os carros de aço. Na edição do mês que vem será a vez da fibra de vidro.

O primeiro passo é, sempre, o de remover completamente a pintura velha. Para isso temos algumas alternativas. A mais utilizada até alguns anos atrás era o jato de areia, ou micro esferas de vidro. Apesar de ser considerada uma alternativa bastante eficiente, pois retira totalmente a tinta velha, esse processo acaba agredindo muito a chapa de aço, retirando, além da tinta, qualquer proteção por tratamento químico que tenha sido feita pelo fabricante do veículo.

O jateamento também tem o inconveniente de que deve ser feito em ambiente fechado e somente por pessoa especializada. O transporte do veículo até o local do jateamento pode ser um problema, pois o ideal é que a limpeza da chapa se dê com o carro totalmente desmontado. Ficar passeando com uma carcaça em cima de um caminhão não é barato e nem agradável. Por isso esse meio de remoção de pintura vem caindo em desuso nos últimos tempos.

Pintura Hot Rods
Pintura Hot Rods

Removedor químico

A remoção da tinta por processo químico também é uma alternativa. Utilizando-se removedor líquido ou pastoso, o removedor líquido é utilizado para remoções fáceis, com camadas finas de tinta. Portanto, esse decididamente não é o nosso caso. Carros antigos geralmente têm várias pinturas sobrepostas. E ainda, na maioria das vezes, além da tinta, temos de remover também muita massa rápida e massa plástica, para as quais o removedor líquido não funciona.

Então, se você optar pela remoção química, vá direto para o removedor pastoso. Tome muito cuidado, use sempre material de segurança individual, como luvas e máscaras. O removedor pastoso é altamente tóxico. Ele é feito com solventes muito poderosos e soda cáustica, dissolvidos em uma solução de parafina. Você deve espalhar o removedor em camadas generosas sobre a tinta, esperar alguns minutos e depois remover o material com uma espátula metálica.

Para obter melhor aproveitamento do removedor é aconselhável colocar uma folha de jornal sobre o removedor, impedindo assim que o solvente evapore. Após alguns minutos retire o jornal e remova a tinta. No caso de utilizar o removedor pastoso é muito importante limpar totalmente a peça com thinner de boa qualidade após a remoção da tinta, tomando especial cuidado com os cantos e frestas. Caso fique algum resquício de removedor este certamente afetará a pintura nova mais tarde.

A terceira opção é a utilização de um disco “strip way” em uma lixadeira ou politriz, que é um disco de fibras impregnadas com grãos abrasivos. Esse disco, além de retirar tintas e massas, deixa a chapa polida, sendo, em minha opinião, a melhor opção.

É claro que você também tem a possibilidade de raspar tudo na mão, com uma faquinha bem afiada, sem removedor… Está rindo agora? Pois saiba que eu já fiz muito isso. Um dos carros que raspei inteiramente na faquinha foi um Ford 1937 sedan… Inteirinho mesmo. Melhor você não pensar nisso ou vai querer me matar.

Uma vez a chapa isenta de resquícios de tinta velha, é melhor você aplicar em seguida um produto que a proteja contra a oxidação. Primeiramente trate de limpar bem a superfície com solução desengraxante, Depois aplique uma camada fina de wash primer. Este produto é um primer fosfatizante, em geral na coloração amarelo transparente, que vai evitar que a chapa enferruje durante o processo de construção do carro até que ele esteja pronto para receber a pintura.

Quando toda parte mecânica estiver pronta e testada, quando a parte de lanternagem estiver completa, desmonte tudo tomando cuidado para marcar bem as peças (eu neste ponto sou muito chato, gosto de marcar até o lugar de cada parafuso, pois aprendi, no tempo em que preparava motores, que a rosca do parafuso se acomoda à rosca da porca e quando trocamos um parafuso ou porca de lugar esse assentamento pode não ficar tão bom). Na chapeação, você deve sempre remover o wash primer no pedaço da chapa que estiver trabalhando.

Pintura Hot Rods
Pintura Hot Rods

Início da pintura

Finalmente chegou a hora de começar o processo de pintura propriamente dito. Para corrigir defeitos de chapeação, utilize cola plástica ou massa plástica, remova o wash primer no local em que a massa será aplicada, cuide para catalisar corretamente. Todo produto que seca por reação química deve ser catalisado corretamente, pois qualquer excesso ou falta de catalisador pode alterar suas características.

Depois de lixar a cola plástica com lixas que vão desde o grão 36 (primeiro desbaste) até o grão 220, dependendo da quantidade de material que será removida, aplique primer pu. Novamente tome especial cuidado com a catálise. Se você catalisar em excesso, o primer pode ficar quebradiço e muito duro para lixar. Se usar pouco catalisador ele ficará mole e pode empastar a lixa, em ambos os casos isso irá refletir diretamente no acabamento final. Para correções mais finas utilize massa poliéster.

Detalhe importante: a massa plástica (cola plástica) é utilizada para dar forma, preencher defeitos médios e grandes. A massa poliéster é uma massa mais fina, utilizada para pequenos defeitos, riscos de lixa etc.

Lixe a massa poliéster com lixas mais finas, de preferência chegando até o grão 220. Para um lixamento eficiente você deve começar com uma lixa mais grossa e seguir utilizando lixas cada vez mais finas, sempre “pulando” um grão. Por exemplo, se o primeiro lixamento se der com o grão 60, o segundo lixamento deve pular o grão 80 e lixar com 100, depois pula o 120 e lixa com o grão 150 e finaliza com o grão 220.

Depois disso aplique o primer pu, tomando cuidado para que ele encha bem os riscos de lixa, novamente lixe o primer pu iniciando com lixa 220, depois 280 e finalize com 360 ou 400. Se quiser um acabamento ainda melhor, sugiro que utilize ainda a lixa 600.

Para iniciar a aplicação de tinta o ideal é que o carro esteja completamente perfeito no que se refere ao primer. Antigamente, quando a pintura era feita com laca nitrocelulose (Duco), os pintores aplicavam uma demão de tinta e então eliminavam os pequenos defeitos com massa rápida. Com os materiais de hoje, isso não é necessário, é bem mais fácil e mais rápido eliminar todos os defeitos no primer e depois com a peça perfeita iniciar a aplicação da tinta.

Duas a três demãos de tinta pu são suficientes para uma pintura de alta qualidade. Procure acertar bem a regulagem da pistola. A pressão de ar deve estar entre 30 a 40 libras. Seu desafio será o de aplicar uma camada molhada de tinta sem que a mesma escorra, por isso as partes horizontais, como capôs e tetos, são mais fáceis de pintar. Como essas partes são as que mais sofrem a ação do tempo, é nelas que devemos acumular uma camada mais generosa de tinta.

Uma boa pintura depende muito do cuidado e do capricho do pintor, por isso mesmo você é um sério candidato a fazer uma boa pintura no seu carro. Vamos lá, mãos à obra.

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